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ㅤ ៚🍒ˎˊ˗ 𝐒𝐀𝐅𝐈𝐑𝐀 é umɑ gɑrotɑ sem esperɑnçɑ, com somente um objetivo. Elɑ sɑbe o que quer, e o que precisɑ fɑzer pɑrɑ consegui-lo, entretɑnto, elɑ nα̃o o fɑrά ɑté que todos em suɑ vidɑ estejɑm mortos. Elɑ nα̃o se vê como umɑ pessoɑ, e s...
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Estacionei meu Impala na frente de uma casa abandonada do outro lado da cidade. Desci do carro, fechando a porta enquanto Safira fazia o mesmo e começava a andar na frente, passando pelo portão e indo até a varanda aos pedaços da casa. A cara era enorme, tendo dois andares e sendo mais alta que a maioria das casas ao lado, porém seu semblante era assustador comparado ao bairro onde ela estava situada. A Sorokin parou na varanda, observando quase como se hipnotizada a cadeira de balanço com o material totalmente danificado. Passei por ela sem cerimônia e abri a porta da casa, a mesma fazendo um chiado assim que aberta. Um cheiro horrível e incômodo invadiu meu nariz me dando vontade de recuar e voltar para o meu carro, entretanto nós tínhamos uma missão aqui e não deixaria que um cheiro estranho nos atrapalhasse. — Credo, desmembraram alguém nessa casa? — Safira perguntou enquanto levava as mãos até o nariz. — Shiii! — silenciei. O cheiro era incômodo, porém suportável com o tempo. Safira continuou andando pela sala enquanto eu fui para os fundos, em direção a cozinha. O lugar parecia abandonado, e parecia não ter sido limpo a muito tempo, entretanto eu já estava acostumado com essa visão. Depois de todas as vezes que eu tinha vindo aqui, passei a não reparar tanto em como as coisas eram e sim o porquê de serem assim. Ouvi um barulho e em seguida vozes vindo de onde deveria ser a sala de estar juntamente a biblioteca. Corri em direção ao barulho, passando pela porta a tempo de ver Sigyn imobilizar Safira contra a estante de livros. — Ninguém te ensinou a bater antes de entrar, garota? — Sigyn se pronunciou, sua voz envelhecida tomando conta do ambiente. A mulher aproximou -se seu rosto dos cabelos de Safira e os cheirou. — Você cheira a juventude, apesar de ter algo antigo dentro de você. Mesmo escondido, consigo o sentir. — Me solte. — Ou o que? — a mulher rebateu. — Vai usar a faca de dentro de sua bota e usar contra mim? Cortará a minha garganta com ela? — Farei isso com muito prazer senão me soltar nesse exato momento. — Safira prometeu. — Eu sei disso criança. — as mãos da mulher deixaram de prender Safira contra a estante e a mesma se virou. — Eu gosto da sua coragem. Somente os corajosos sabem o que é necessário sacrificar para conseguirem conquistar algo. Você sabe o preço. A mulher se afastou de Safira, indo em direção a uma poltrona do lado de um sofá e se sentou. Sigyn era uma mulher de cabelos loiros, olhos azuis, e boca rosada. Ela costumava vestir vestidos simples, mas sua marca registrada era usar cardigans que cores escuras, para combinar com seu estilo hipster. Andei até o sofá em sua frente e me sentei. Safira estava massageando seu braço enquanto observava Sigyn com um olhar mortal, quase como se ela pudesse matá-la só olhando. Chamei sua atenção com um gesto e a Sorokin olhou em minha direção, inclinei a cabeça para o lugar ao meu lado e a mesma pegou a deixa, sentando a poucos centímetros de mim. — Nós parecemos ter um tipo de ligação. — lancei um olhar para Safira antes de continuar. — Existe algum motivo para eu estar tendo sonhos vividos com a Safira? — Além do fato de que você está claramente apaixonado por ela? Sim, há um motivo além desse. — Sigyn disse dando uma risadinha. Abri e fechei a boca duas vezes procurando palavras, quando não as achei, apenas desviei o olhar da mulher e olhei para Safira. Que estava com uma expressão impassível, como se nem tivesse ouvido o que Sigyn falou, ou talvez ela nem ligasse para isso. Eu queria xingá-la por ser sempre tão fria em certos momentos, por não ser mais a Enola que eu conhecia, mas apenas me recostei no sofá e cruzei os braços enquanto ouvia a mesma falar. — Sem jogos psicólogos. — sua voz era séria e fria como gelo. — Quem ou o que você é, e porque estão tentando me matar — Responderei uma de suas perguntas enquanto que para conseguir a outra, você terá que me dar algo em troca. — Sigyn explicou suas condições. — Fechado. — Safira respondeu. — Meu nome é Sigyn, dizem que sou uma bruxa que foi queimada e voltou... — duas covinhas se repuxaram para cima, formando um sorriso de lábios vermelhos sangue. — e é verdade? — O que, criança? — Que você é uma bruxa? Ela olhou de Safira para mim, e eu dei um sorriso enquanto me recostava no sofá. — Você já teve a sua vez de perguntar, chegou a hora da troca. — Sigyn explicou, pegando sua bolsa e tirando uma vasilha dela. — Me dê algo, se quiser respostas senhorita Sorokin. — O que você quer? — Safira perguntou. — Um segredo, algo que ninguém além de você saiba. — a mulher esclareceu. — Assim que conseguir, lhe darei as respostas. Safira parou por um momento e olhou para mim. Continuei com a mesma expressão de tédio fingido enquanto fingia observar minhas unhas. A sorokin limpou a garganta e ergueu os ombros, ajeitando sua postura e erguendo o queixo, pronta para a batalha. — Minha cor favorita é rosa. — Revelou. Sigyn soltou uma risada e balançou a cabeça, aceitando a resposta e achando graça. — Você é esperta como um lobo. — Sigyn se levantou e deu a volta na poltrona. — Continue garota, pergunte. — Existe alguém atrás de mim, ele quer me matar. — a voz de safira vacilou. — Quem é? Quem é ele? — Já ouviu falar das sombras, criança? Que nela, guardamos as nossas piores motivações, tudo que nosso subconsciente não quer que lembramos. — a mulher caminhou até a prateleira e começou a mexer em alguns livros, enquanto Safira se mostrava impaciente ao meu lado. — Nossas sombras podem ser poderosas, talvez mais do que qualquer outra coisa. Elas são nós mesmos, só que a versão que não pode ser parada por nada. — E o que isso quer dizer? — perguntei colocando a mão na coxa de safira, a calando. — Ele surgiu das sombras, não foi? — Sigyn perguntou e a Sorokin acenou com a cabeça. — Toda vez que ele tenta te matar, estão sozinhos, com exceção de ontem, certo? — Certo. — safira sussurrou. — Aiden me atrapalhou antes que eu pudesse matá-lo. — Ele não te atrapalhou criança, na verdade te salvou. Safira e eu franzimos o cenho e olhamos um para o outro antes de voltarmos a olhar para a mulher de cabelos loiros. Sigyn pegou um livro, e voltou a se sentar na poltrona, analisando a capa antes de colocar o livro aberto na mesinha de centro. O livro tinha vários desenhos e dava a impressão de ser antigo, mas mesmo assim pouco mexido durante os anos. A mulher de cabelos loiros mudou as páginas com a maior delicadeza do mundo até chegar em uma que falava sobre sombras. Existiam desenhos de três círculos próximos um do outro, com o que pareciam chamas ao redor. Eu não conseguia entender muito bem, mas Safira parecia fascinada com os desenhos, quase como se já tivesse visto antes. — O homem que está atrás de você, não é um homem e sim algo mais obscuro. — a voz de Sigyn era baixa. — Você já olhou para trás de si desde o incidente, Criança? Já viu se a sua sombra ainda está intacta desde o massacre? — M-minha sombra? — Safira franziu o cenho. — Levantem. — a mulher mandou e safira e eu obedecemos. — Olhem para sua sombra e me digam o que vêem. Solto uma risada, tirando sarro da situação enquanto viro meu rosto e vejo a minha sombra se mexer. Levanto os braços e a sombra preta faz a mesma coisa, me copiando. Estou prestes a dizer que isso é algo idiota e que não estamos aqui para falar de sombras, quando Safira mesma diz: — Nada. — ela fala baixo. — Eu não tenho uma sombra. Olho para o mesmo lugar em que a mesma está olhando, e diferentemente de mim que tenho uma sombra escura copiando todos os meus movimentos, Safira não tem nenhuma. É como se ela não estivesse aqui. — Ele é minha sombra. — Safira deduz. — Por isso ele sempre sabe onde estou e o golpe que ele está prestes a fazer... — Seu avô lhe ensinou bem, criança. — diz Sigyn. — Ele é a sombra dela? — pergunto. — Isso só pode ser palhaçada. Sombras são somente sombras, elas não têm o poder de machucar alguém. — Acha mesmo isso, Aiden? — Sigyn me pergunta. — Se acha isso tão louco assim, porque está com medo? — Eu não estou. — Ah, achei que já tinha aprendido que mentir para mim nunca acaba em um bom resultado. Nós dois continuamos a nos olhar e as palavras de quando eu era pequeno vieram à minha mente. "Não minta para mim criança, isso não é sábio." Sigyn e eu nos conhecíamos desde os meus dez anos de idade. A casa em que estamos costumava ser o lugar onde eu fugia e acabava me escondendo de minha mãe quando não podia ir para a casa de Safira. Com o tempo, Sigyn tornou-se mais uma figura materna do que minha mãe jamais dois. — Estou indo embora. — Safira avisou. Ela tirou minha mão de sua coxa e se levantou, sabendo correndo da sala em que estávamos e indo para fora da casa. Me levantei para ir atrás dela, mas Sigyn entrou em minha frente, me impedindo. — Deixe-a ir. — mandou. — Ela é corajosa, mas se continuar com essa garota acabará morto. — Não me importo. — disse tentando passar por ela. — Você não a conhece. Safira é... — E nem você a conhece. — ela apontou o dedo para porta. — A garota que conhecia chamada Enola morreu, e Safira nasceu. Seu caminho é marcado por sangue e não importa onde ela vá, todos a sua volta sairão machucados. Apenas fiquei ali parado, querendo desmenti-la, mas eu não podia. Sigyn estava certa. Eu não conhecia Safira, conhecia Enola. E minha Enola era a luz da minha vida, e não a escuridão que a Sorokin se tornou. Mesmo assim, eu sentia que ela precisava de mim. Não importava se ela era Enola Miller ou Safira Sorokin, tudo que eu queria era ficar ao seu lado, e mesmo que eu não desse o braço a torcer, também precisava dela. Passei reto por Sigyn, ignorando seu aviso enquanto saia de dentro da casa aos pedaços. Olhei em direção ao meu carro, não vendo nenhum rastro de Safira. Então ouvi alguém fungar. Olhei ao meu lado, e lá estava ela. Sozinha, como sempre esteve desde os onze anos, sentada em uma cadeira velha enquanto reprimia o choro. Ver Safira tão frágil desse jeito, fez com que eu lembrasse de quando tínhamos onze anos, e tive que machucá-la. De como, mesmo naquela época, ela ainda era o tipo de garota que odiava que a vissem chorar e preferia se esconder. Exatamente como estava fazendo agora. Me aproximei da mesma, me agachando na frente da Sorokin, fazendo ela virar a cabeça e escondendo seu provável rosto inchado. — Você não acredita nisso, acredita? — perguntei, tentando deixar o clima mais leve. — É praticamente impossível uma sombra fazer mal a alguém. — Quando eu era pequena... — começou. — Dedushka me contava histórias sobre nossas sombras, como que a noite enquanto dormíamos elas ganhavam vida própria. Eu sempre tive medo da minha, costumava sentir um calafrio gelado toda vez que a notava, talvez fosse pressentimento. — Safira... — Sabe aquele desenho com círculos próximos um do outro que acabamos de ver? — acenei com a cabeça. — Eu o desenhei. Uma noite antes do massacre. Uma noite antes de eu matar Grace. Aquilo me surpreendeu. Não o fato dela ter desenhado os círculos misteriosos em chamas, mas o fato dela achar que tinha matado Grace. Ninguém nunca soube o que houve ao certo naquele dia. Micah dizia que Safira era sua cúmplice. E ela não tentou se defender, mesmo assim as provas estavam somente contra ele, e não contra ela. Eu poderia não conhecer Safira direito, mas conhecia quem ela realmente era, e ela nunca machucaria alguém que deveria proteger. — Você não matou Grace, Safira. — Como você sabe? Por acaso estava lá? — Eu simplesmente sei. Ela enfim virou seu rosto, me observando com raiva em seu olhar enquanto eu pegava sua mão e passava o máximo de tranquilidade possível. Safira não confiava em si mesma, mas eu confiaria nela, até que ela pudesse fazer isso por si. — Eu quero ir embora. Foi somente isso que disse enquanto afastava sua mão da minha, se levantava e andava em direção ao carro. — Claro... — sussurrei colocando as mãos no bolso e pegando as chaves do carro. ๋ ✧ ̟ ੭ ๋ മ ۪𖦹̸ ‣ Depois de deixar Safira em sua vasta propriedade em Verenmon, dirigi por algumas horas antes de voltar para casa. Já era fim de tarde e o sol estava se pondo enquanto eu estacionava meu carro na garagem. Olhei ao redor, notando o carro de meu pai ali também. Soltei um suspiro e me preparei mentalmente para o que estava por vir. Meu pai raramente estava em casa, e quando estava as coisas nunca tinham a tendência de acabar bem. Minhas cicatrizes mais recentes ainda doíam, somente de lembrar de nossa última discussão. Criei coragem e saí do carro, entrando dentro da casa e me dirigindo até a cozinha para comer algo. Assim que abri a geladeira, ouvi a voz de Rebekah me chamar e seus passos logo em seguida. — Finalmente você voltou. — ela disse com um tom animado. — Tenho uma surpresa para você! — Por favor me diga que meus pais estão mortos e que finalmente estamos livres deles. — brinquei enquanto procurava algo para comer, quando Bekah não respondeu ou deu risada, olhei em sua direção, vendo seu semblante triste e pensativo. — Desculpe. Eu não queria que lembrasse de seus pais. — Tudo bem. — ela disse suavizando seu tom e dando um micro sorriso. — Foi engraçado. — Bom, o que tem para me contar? — Feche os olhos e conte até três — Mandou e eu obedeci, fechando meus olhos. — Um... — comecei a contagem. — dois...três! — Abra os olhos! Assim que abri meus olhos dei de cara com uma bola de pelo preta de olhos verdes me encarando. Dei um passo para trás quando o gato tentou me arranhar. Rebekah o afastou de meu rosto e o segurou em seu colo. — Não sombra, não seja um garoto mal. — Sombra? — perguntei surpreso. — Sim. — ela deu uma de suas risadas fofas. — Ele gosta de me seguir pela casa, ele é a minha segunda sombra. Legal não acha? — Depende, a quanto tempo está escondendo ele em casa? — Eu não... — ela começou a mentir, mas parou. — Há umas duas semanas? — Duas semanas, Rebekah?! — Ele estava machucado, eu cuidei dele durante esse tempo e acabei me apegando... — ela fez beicinho. — Por favor Aiden, me ajude com Tio Jack e Tia Charlotte. Eu mesma cuidarei dele. — Sabe que Charlotte odeia animais. — Ela odeia qualquer coisa que não eleve seu status. Soltei uma leve risada e Rebekah beijou o bichano na testa, que em seguida miou. Minha prima merecia ter algo que a fizesse feliz. Rebekah não era a mesma desde a morte de seus pais junto com a do seu namorado. Se o gato a fizesse voltar a ser a mesma, então ele ficaria. Não importava o que meus pais diriam. — Fique com ele. — eu disse, dando um sorriso. — Mas você está me devendo uma. — Te amo. — Ela me deu um beijo da bochecha e começou a andar em direção a porta, mas antes se virou e disse. — Não esquenta Aiden, eu te pago arranjando um encontro com a Safira. Eu sou team Safiden! — Que nome horrível! E eu não preciso de um encontro com ela. — Sim, sim, claro. — Bekah resmungou enquanto saia. Acabei de beber o resto do meu suco, não conseguindo evitar de sorrir. Se bem que um encontro não seria nada mal, certo? Andei em direção a sala e subi as escadas, passei pelo enorme corredor, tentando passar despercebido quando notei a porta do quarto arco-íris aberta, mas não deu muito certo. — Aiden? — meu pai me chamou. — Sim? — respondi, o corpo ficando rígido automaticamente. — Por que Rebekah está com um gato? — Eu disse a ela que poderia ficar. — Eu não me lembro de você dar as ordens aqui...você se lembra? — Não senhor. — respondi, minhas mãos tremendo. — Entre filho, acho que precisamos conversar. — ele disse, abrindo ainda mais a porta para que eu entrasse. Olhei para dentro da sala. Nenhuma janela. Sofás de couro na cor marrom e com pouca iluminação. Eu não queria entrar, sabia exatamente o que iria acontecer se eu entrasse, e se não, tudo seria muito pior. Mas se não fosse comigo, seria com Rebekah, e ela já tinha coisas demais para lidar nesse momento. Dei um passo rígido em sua direção, entrando dentro do quarto enquanto meu pai dava um sorriso e fechava a porta atrás de si. Deus, eu preferia estar morto.