𝆥𝆤͓࣪࣪𝆺𝅥 SAFIRA SOROKIN ━━╍ғʟᴀsʜʙᴀᴄᴋ × 10 ᴀɴᴏs
O dia está lindo e ensolarado como sempre está nessa época. No outono, Silverwood tem potencial para ser uma das cidades mais bonitas da América. As folhas alaranjadas caindo no chão, as árvores cheia de flores e os gramados cheios de plantas crescidas. Era por isso que nessa época acontecia o tão esperado concurso de jardins.
Todos da cidade podiam participar, mas os que tomavam conta do evento eram sem dúvida os ricos, que enfeitavam a grama e mandava cortar os arbustos em formas de cachorrinhos ou pessoas. Por mais que Dedushka odiasse toda essa estravagância desnecessária, eu e Grace amávamos. Era quando tudo ficava diferente e ganhava um pouco mais de cor.
Desci do carro em que estávamos. Micah sendo o primeiro a se afastar, indo em direção ao seu clubinho de garotos populares que fingiam ser alguma coisa além de somente cruéis. Grace permaneceu ao meu lado enquanto andávamos pelos corredores, as pessoas lançando olhares em minha direção, fazendo com que eu tivesse vontade de me esconder.
"Você viu o quanto ela engordou?"
"Enola está parecendo uma baleia, o tempo no hospital deve ter lhe feito bem."
Suas vozes não eram tão baixas quanto eles achavam, e eu apertei o braço de minha irmã enquanto andávamos em direção a onde costumávamos ficar com nossos amigos. Ao menos com eles eu estaria segura.
Passei o último mês trancafiada em casa enquanto todos seguiam suas vidas. Eu tinha me machucado, e o médico disse que eu tinha sofrido com uma perda parcial de memória e sofrido uma concussão, sem falar que assim que viu os hematomas roxos e esverdeados em meus corpo, decidiu falar em particular com Dedushka e mamãe. A partir dali, não pude mais esconder tudo que acontecia entre mim e Micah de Mikhail, e ele no mínimo ficou furioso.
Mamãe saiu em defesa de Micah, como sempre enquanto Dedushka ficava no meu e cancelava suas viagens dos últimos dias. Ele queria saber como que eu suportava toda aquela situação, e eu apenas dizia que ficava mais fácil a cada dia. E era verdade. Por mais que eu odiasse as surras e as brigas, era como se elas movessem uma parte de mim. De repente o silêncio não era tão silencioso e a dor não era tão dolorida. Com o tempo eu aprendi a suportar isso, mas eu ainda queria que ele fosse embora, porém por mais que eu tentasse, parece que isso nunca iria acontecer.
Mesmo assim, eu estava feliz por estar de volta. A escola era um dos únicos lugares que Micah não poderia me incomodar. Ele estava distraído, e desde que continuasse assim, eu tinha paz. Ao menos por um curto período de tempo.
Grace e eu chegamos até o pátio e observamos as outras crianças da nossa idade brincando. Avistei aiden de longe e antes que minha irmã pudesse me parar, sai correndo em sua direção e o abracei por trás, apertando sua cintura com meus braços.
— Senti tanta a sua falta, raposa. — disse abrindo um sorriso e franzindo o cenho em seguida. — Porque não foi me visitar? Eu esperei. Dedushka disse que você estava ocupado.
Aiden levou as mãos até meu braço e esperei por ouvir sua voz doce dizer meu nome com carinho como sempre fazia, mas ao invés disso, ele segurou meus pulsos e me empurrou, me afastando dele.
— Saia de perto de mim, sua esquisita. — cuspiu as palavras.
— Lisy? — chamei-o de raposa em russo, confusa. — Por que você está dizendo isso?
— Você por acaso está surda, Miller? Saia de perto de mim, sua bastarda russa. — ele diz, fazendo seus amigos que estavam ao nosso redor darem risada.
Porque ele estava agindo assim? Aiden e eu éramos melhores amigos desde os sete anos. Fazíamos tudo juntos, como se estivessemos destinados a fazer isso para sempre. E agora ele estava simplesmente agindo como se fosse um idiota, pior, agindo como os idiotas que vivíamos reclamando.
Ele se virou, ficando de costas para mim e voltando a conversar com seus colegas enquanto dava risada. Grace tocou meu ombro e tentou me afastar dali mas não deixei.
— Lisy, me diga o que aconteceu. — pedi, me aproximando dele novamente enquanto olhava em seus olhos. — Eu fiz alguma coisa?
— Fez. — sua voz era séria. — Está me enchendo o saco. — ele deu risada e todos lhe acompanharam.
Uma lágrima caiu dos meus olhos e eu a enxuguei imediatamente, mas não rápido o suficiente para que todos não pudessem ver.
— Olhe só, a bebezinha está chorando. — disse Daisy Rilley, se aproximando. — O que foi? Seu namoradinho não lhe quer mais?
Mais risadas explodiram ao meu redor enquanto eu enxugava as lágrimas que se acumulavam em meus olhos.
— Olhe só para essas bochechas, como estão redondas. — Jocelyn Leroy apontou para minha cara.
— Está parecendo uma rolha de poço! — Aiden comentou, abrindo um sorriso.
Olhei para ele surpresa, por tê-lo ouvido falando esse tipo de coisa. Tudo bem, talvez eu tivesse engordado um pouco em casa mas Aiden sempre adorou as minhas bochechas. Ele gostava de aperta-las e de me chamar de fofa.
Mais gente se aproximou de onde estávamos e começaram a rir. Eu não conseguia fazer nada ou falar enquanto meus colegas falavam do quão coloridas minhas roupas eram, de como o meu cabelo estava amarrado e da minha voz. Eles falavam também do meu peso. Mas o que mais machucava não era que eles estivessem tirando sarro de mim, e sim que Aiden estivesse com eles nessa. Dei passos hesitantes até Aiden, ficando em sua frente observando seus olhos, que sempre foram calorosos mas que agora pareciam cubos de gelo.
— Por que você está fazendo tudo isso, Aiden? — perguntei, sentindo meu coração quebrar.
Ele permaneceu olhando para mim, sem nenhuma reação, como se minhas palavras não fossem importantes o suficientes para lhe atingir. Antes que eu pudesse dar um passo para trás e me afastar, ele agarrou meus braços, me segurando com força.
Tentei me libertar de seu agarre mas ele estava mais forte do que antes. Suas mãos estavam me machucando e eu queria lhe dizer isso, mas se tinha algo que eh tinha aprendido com meu meio irmão era que pedir ajuda não adiantava. As pessoas estavam vendo, e mesmo assim não se importavam.
— Me solte. — sussurrei, contendo as lágrimas.
— Ou o que? Vai chorar para seu avô e fazer com que ele me mande para fora da cidade? — aiden perguntou sarcasticamente. — Mas nem seu avô de verdade ele é, não é mesmo? Você é somente uma bastarda que ele achou no meio da rua.
— Me solte Aiden! — ordenei.
— Já que você está insistindo... — ele me soltou, me virei para ir embora mas antes que eu conseguisse ele me empurrou no chão, se agachando para ficar na altura dos meus olhos. — Nunca mais se aproxime de mim novamente Enola, ou vou fazer você se arrepender.
Seus amigos riram ainda mais enquanto ele se levantava e chutava terra em meu rosto.
Então eu corri. O mais longe que pude.
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Eu não consegui sair de dentro do banheiro durante as primeiras horas de aula. Fiquei escondida em uma das gabines, chorando, enquanto ouvia algumas das garotas rirem e comentarem sobre mim ocasionalmente.
Mas eu não podia ficar lá. Eu era o olho da tempestade, e como ela, eu não recuava.
Sai da cabine, surpreendendo duas garotas. Lavei minhas mãos enquanto elas tentavam ocultar seus sorrisos, e sai de cabeça erguida, mas suas risadas assim que virei as costas fizeram minha confiança se abalar.
Andei pelo corredor praticamente vazio, a procura de Grace, para dizer que não estava me sentindo bem e que pediria para voltar mais cedo para casa.
Entretanto o que eu ouvi fez com que eu não o fizesse.
Vozes altas estavam vindo do corredor, e eu caminhei em direção a elas. Tendo um vislumbre de Micah com minha amiga Cassandra. Ele a estava encurralando contra a parede. Pressionando seu corpo no dela, enquanto tudo que ela poderia fazer era ficar parada.
O comportamento de Micah estava estranho, perigoso. Estranhei. Ele só mostrava essa versão em casa, quando estávamos longe de minha mãe. Para o resto? Ele era o garoto de ouro.
Cassandra o empurrou com força, fazendo com que ele desse um passo para trás, antes de avançar novamente e colocar as mãos em seu pescoço. Enforcando a mesma.
— Micah! — chamei seu nome, soltando minha bolsa e indo em sua direção, tentando faze-lo solta-la. — Solte Cass. Agora!
— Ou o que, irmãzinha? — ele se virou para mim. — lembre-se, sou mais velho e mais forte.
Ele estava certo.
Micah era mais velho, e mais forte. Mais eu tinha mais habilidades e era mais rápida.
Me afastei o suficiente para lhe dar um chute nas costelas, e assim que ele largou Cass e veio em minha direção, lhe dei um soco giratório, seguido de um cruzado, deixando o mesmo atordoado.
Fui até Cassandra e lhe ajudei a levantar. Seu pescoço estava vermelho, e a mesma respirava fundo. Olhos cheios d'água, enquanto ela olhava para mim assustada.
— Escute, vai ficar tudo bem, certo? — disse, tentando lhe tranquilizar.
— Ele...ele... — ela começou a gaguejar, entrando em pânico.
— Ele não vai mais te machucar.
— Tem certeza, Ennie? — a voz de micah veio atrás de mim, e antes que eu pudesse lhe afastar, o mesmo empurrou Cassandra. Fazendo com que ela rolasse pelas escadas, até parar no final. — Ops...
Ele deu um passo em sua direção, começando a descer as escadas. Talvez para machuca-la mais, mas eu não iria permitir.
Empurrei o mesmo em direção a parede e coloquei minhas mãos em volta de seu pescoço, asfixiando o mesmo.
Existe algo de poderoso em seu a vida de alguém em suas mãos. A sensação lhe permite se sentir como deus. Sentir a pulsação de suas veias contra suas mãos, e saber que, se for da sua vontade, você pode simplesmente acabar com tudo.
Eu poderia acabar com isso.
Aqui e agora.
Mas isso me igualaria a Micah, e se tornar o problema nunca é uma solução.
Micah parecia ter visto a minha hesitação, porque nesse momento, ele tentou gritar, me surpreendendo. Em poucos minutos professores chegaram. Um deles me segurou pela cintura e me afastou de meu meio irmão.
Não importava que eu estava me debatendo, querendo liberdade, ou quantas vezes eu dissesse que era Micah que tinha feito tudo aquilo. O que eles virão provou o contrário.
Eles não estavam interessados na verdade, apenas no que fosse mais fácil de acreditar.
E como Cassandra tinha morrido por conta da queda, existia somente a palavra de Micah contra a minha.
Micah.
A vítima.
Nunca o agressor.
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⤿❜☾︎⋆໋𝕸𝗬 𝕾𝗛𝗔𝗗𝗢𝗪ᵎ・῾ (+18)
Romance° ㅤ ៚🍒ˎˊ˗ 𝐒𝐀𝐅𝐈𝐑𝐀 é umɑ gɑrotɑ sem esperɑnçɑ, com somente um objetivo. Elɑ sɑbe o que quer, e o que precisɑ fɑzer pɑrɑ consegui-lo, entretɑnto, elɑ nα̃o o fɑrά ɑté que todos em suɑ vidɑ estejɑm mortos. Elɑ nα̃o se vê como umɑ pessoɑ, e s...