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C A P Í T U L O 16

𝆥𝆤͓AIDEN THOMPSON
ATUALMENTE, 18 ANOS

O ser humano precisa de coragem, nela encontramos a tão sonhada força que todos nós precisamos quando temos que tomar alguma decisão ou fazer alguma coisa.
Na maioria das vezes os dias são pacatos para a maioria, entretanto existem os dez por cento da sociedade que lida com problemas e adversidades o tempo todo. São aquelas pessoas que não conseguem ter um único dia só para si, porque os problemas tendem a lhe achar onde for, não importa quanto tempo ela passe escondida. E quando os problemas são difíceis, é necessário coragem para ir contra eles.
Coragem é algo valioso, bem mais do que tem ouro e pessoas a sua disposição. Um rei pode ter vários súditos dispostos a morrer em seu nome, porém se ele não tiver coragem dele mesmo morrer em nome de seu povo, significa que ele não é nada além de um homem fraco e burro, pois o mesmo povo que o colocou em seu trono, tem o poder de lhe tirar.
A minha vida toda eu tentei ser corajoso. Tentei ajudar as pessoas mas ainda sim me preservar para que não sofresse de tantos danos colaterais. Infelizmente, parece que o destino tem outro caminho para mim.
As novas marcas de açoites em meus braços e pernas doíam cada vez que eu os mexia. Meu pai certamente tinha comprado chicotes novos, para aplacar seu sadismo, e eu era a pessoa escolhida para sofrer as consequências.
Mesmo assim eu preferia que fosse eu a qualquer outra pessoa. Pelo menos assim, de certo modo, ele estaria contido até que eu tivesse realmente o poder de fazer algo.
Rebekah e eu chegamos na escola no mesmo horário de sempre, ficamos um pouco no antigo casarão onde seu pai morou durante uns anos e depois seguimos para a escola pública em que estudávamos.
Ao invés de ir direto para minha sala de aula, sendo a primeira biologia, resolvi acompanhar Bekah até a sua, entrando na aula de literatura e sentando bem ao fundo esperando ver a Sorokin entrar.
Todos já tinham chegado e a aula começado, mesmo assim, nenhum vestígio de Safira em lugar nenhum. Resolvi não prestar atenção na aula, porém no final, meio que posso ter acabado subornando o professor para que anulasse a falta da Sorokin.
Minha prima saiu da sala sendo acompanhada por algumas garotas com falsos sorrisos no rosto, todas seguiram para a próxima aula mas eu hesitei.
- O que está acontecendo? - Rebekah perguntou, mas logo soltou um suspiro. - Ela não está aqui Aiden.
- Você sabe onde ela está?
- Você também sabe. - ela disse revirando os olhos. - Safira gosta de lugares quietos no meio da multidão. Que lugar melhor para se esconder, do que o lugar onde todos vão e não prestam atenção?
- O pátio.
- Dã. - ela disse como se fosse o óbvio. - Agora vá atrás da sua garota. Aposto que vai levar um belo pé na bunda.
Rebekah se virou e entrou dentro de sua sala e sentou em uma das carteiras. Olhei mais uma vez tendo certeza de que ela estava bem e depois sai em disparada, correndo pelo corredor e descendo as escadas, passando pela enfermaria e passando por uma porta que levava ao pátio.
Assim que cheguei no lugar parei de correr e comecei a me aproximar do que eu suspeitava ser o esconderijo de Safira. Estivemos aqui juntos quando ela estava mostrando alguns movimentos de defesa pessoal para Rebekah, talvez aqui fosse o lugar que ela via como refúgio.
Conforme me aproximava, começava a ouvir vozes. Uma eu reconheceria até nos confins da terra, era de safira. A outra? De um homem, que me parecia ser bem familiar.
Me encostei no muro do pátio, evitando que eles me vissem. Coloquei a cabeça um pouco para fora e pude ver um homem usando jaleco, antes de voltar para trás do muro. Qual era o nome dele mesmo? Tommy? Tammy? Tate? Não importava. Eu não gostava dele, e não só porque ele tinha algo com safira, mas porque sentia que ele nunca seria suficiente para ela.
- Você não entende. - A voz de safira finalmente aparece.
- Eu entendo sim, você trata isso tudo como um jogo. - Tate levanta a voz. - Você nunca será feliz, porque realmente não quer ser feliz.
- Tate...
- Não. Fale comigo quando estiver pronta para responder o que eu lhe disse.
Ouvi passos, e me escondi atrás do muro enquanto o Dr. Tate Laurent passava nervoso, desatento, sem nem perceber ali. Ele foi em direção a diretoria e sumiu. Um barulho veio de trás de mim, e assim que coloquei a cabeça para fora percebi que Safira estava socando a parede. Suas mãos machucadas começaram a sangrar, mas por mais que sua expressão fosse de dor, ela não parou.
Sai de trás do muro correndo e enlacei o braço em sua cintura, afastando a mesma da parede. A Sorokin se debateu, me xingando. Ela pegou meu braço, aterrissando no chão e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, se curvou, usando o peso do seu corpo contra o meu, me levando ao chão. Ela subiu em cima de mim, o punho levantado, mas assim que percebeu quem era, hesitou.
- Que porra você tá fazendo? - perguntou.
- Eu que te pergunto isso. Que porra era aquela já parede? Você ia quebrar sua mão.
- Isso não é problema seu Aiden, se afaste de mim. - diz enquanto se levanta.
Cansado dessa palhaçada, me levanto de supetão e a empurro contra a parede, pegando a mesma de surpresa com a minha atitude.
- Você é meu problema. - digo aproximando meu rosto do seu. - Mas não vou assistir você se destruir e ficar parado como seu namoradinho faz. Eu não sou um covarde.
- Não fale dele, ou...
- Ou o que? - desafio. - Vai me bater? Vá em frente Sorokin, isso só vai mostrar que eu estou certo nesse ponto.
Ela continua olhando em meu rosto, desafio brilha em seus olhos e nos meus também. Estamos em um empasse. Ela não vai dar o braço a torcer e muito menos eu.
Estamos em um jogo de xadrez, ambos querendo ganhar o jogo. A pergunta é; estamos dispostos a fazer o necessário para ganha-lo?
Eu sim. Safira não. Ela me empurra, pega sua bolsa e sai andando pelo pátio enquanto resmunga. Passo a mão pelo cabelo, frustrado comigo mesmo, por sempre deixá-la me tirar de mim.
- Porra! - sussuro.
Algo vibra em meu bolso, pego meu celular e vejo que é um email do meu pai, na verdade está mais para um comunicado para toda a cidade.