Cap. 25 - Oxytocin

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Desde que era pequena, Enid sempre recebeu uma falsa sensação de liberdade quando o assunto era ir para a igreja.

A mãe dela dizia que a escolha era dela de ir ou não, mas então, quando Enid ficava doente, ela dizia: "vamos pegar o remédio, assim você fica bem até a hora do culto".

Ou quando a loira estava em semanas de provas, ela dizia para Enid estudar
bastante durante a semana, porque no domingo tinha culto.

Era sempre uma imposição explícita sem deixar que Enid respondesse. Sem deixar que dissesse que ela não estava bem para ir, que ela precisava estudar, que ela simplesmente não queria ir.

Naquele domingo, pela manhã, Enid pensou em todas as desculpas possíveis para não sair da cama e esperar por Wednesday, mas assim que a mãe abriu a porta para chamar por ela, depois de uma noite silenciosa sem trocar uma palavra com a filha, Enid não disse o que estava planejando.

- Eu não vou hoje. -Ela disse. Sem desculpas, sem mentiras.

Esther se aproximou, colocando a mão na testa da filha e franzindo o cenho.

- Por quê não vai? Vamos, coloque a roupa.

- Eu não quero ir. -Ela respondeu.

Ela usou um tom de voz que deixasse claro que ela não queria ir, e que ela não iria. E nada que a mãe dissesse faria com que ela se levantasse para ir trocar de roupa.

Esther entendeu, assentindo e saindo do quarto.

Enid teve a certeza que tinha instaurado uma guerra dentro da própria casa no momento em que a mãe saiu do seu quarto. Ela ouviu portas batendo, gritos, acusações.

A mãe dizia: "a culpa é sua!". A voz tão alta que Enid podia ter certeza que todos os vizinhos estavam escutando. Murray, mesmo sendo sempre calado, gritava de volta, perguntando quantas vezes mais ele teria que se desculpar por seu erro.

Ele dizia que não era santo, que já estava colhendo as consequências de seu pecado. Esther respondia que se ele pensasse, não teria feito o que fez.

Minutos depois, a loira adivinhou que eles estavam atrasados para o culto,
pois a briga simplesmente acabou e eles saíram. Enid ficou deitada na cama, o rosto contra o travesseiro enquanto chorava.

Ela já havia deixado a janela destrancada, sabendo que Wednesday apareceria a qualquer momento. Por isso, ela não se assustou quando ouviu o som das árvores, e a janela abrindo.

A Addams não disse nada, ela foi até a namorada, se deitando ao seu lado e
fazendo um carinho em seu rosto.

- Está tudo bem, venha aqui... -A morena puxou Enid para o seu colo, fazendo com que a namorada se deitasse em seu ombro.

- Eu estou fazendo tudo errado. -Ela não precisou explicar.

Enid, de alguma forma, se sentia culpada pela briga, por tudo o que estava acontecendo. Eles não faziam sentido.

No fundo, ela sabia que a culpa não era dela. Mas sentimentos assim eram difíceis de explicar e de controlar. Eles não faziam sentido.

- Não é sua culpa... -Wednesday repetiu, e repetiria quantas vezes fosse necessário, até que Enid acreditasse.

- Eles brigaram... Gritaram, e falaram várias coisas. Eu não... Eu não quero ficar aqui. -Ela podia fugir mais uma vez, mas ela nem mesmo sabia se teriam essa última semana no internato.

As irmās ainda não entraram em contato. E estava uma bagunça por lá
também.

- Eu sei, bebê. Eu sei. -Wednesday deu um beijo na cabeça da namorada, deixando que ela chorasse em seu colo.

No one's in the room - WENCLAIR Onde histórias criam vida. Descubra agora