O carro estacionou em frente ao lugar e na mesma hora Enid sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ali não era como San José.
San José era um lugar grande que mais parecia uma escola quando olhada de fora. Tinha um campo verde bonito na frente e uma fonte de água que dava ao lugar um aspecto antigo, mas bem cuidado.
Ali, parecia mais uma clínica, um hospital. A loira nunca esteve em um lugar onde eles faziam conversão antes, mas ela não imaginou que seria assim.
Ela pensou que fosse uma igreja, ou outro internato.
Enid esperou no carro enquanto Mark falava com seus pais no celular. Ele até mudava o tom de voz para falar com eles, usando algo mais sério e formal.
Mark conseguiu convencer os pais de Enid a deixar que ele fosse com ela até o lugar onde receberia a conversão. Ela estava com medo, não, ela estava apavorada. Mas foi bom que a última pessoa que viu foi Mark e não os pais que ela nem olhava na cara desde que eles avisaram o que ela faria no ano, ao invés de ir para a faculdade.
Assim que terminou de contar como havia sido a viagem, Mark desligou.
Mas ele não pediu para Enid sair do carro nem nada.
— Mark? —Enid chamou sua atenção pensando que por um breve momento.
Mark tinha sumido em algum lugar dentro de sua mente.
— Eu vou dizer o que você vai fazer —Ele começou, olhando para Enid com um olhar diferente, determinado.
— Você vai ir lá, dizer seu nome. Eles não vão poder te fazer assinar nada, porque outra pessoa precisa fazer isso por você. Então, você vai dizer que não sabia, mas que vai correr e chamar a pessoa que te trouxe. Sei lá, diga que eu sou da sua igreja, que sou um amigo da família, não importa. Depois que você passar pelo portão de novo... —Ele parou por um tempo. — Você vai saber o que fazer.
Mark não foi vago em suas instruções, mas também não foi muito direto.
Por que ela precisava fazer isso tudo?
— Por quê? -
—, Eu não quero problemas com o seus pais, e eles precisam acreditar que você pelo menos chegou até aqui em segurança e que eu não estive envolvido.
Enid sentia o coração acelerado. Ela estava entendendo certo? Não, não podia. Mark estava falando coisas estranhas, mas não podia ser isso.
— É tarde demais pra mim. —Mark apoiou a cabeça no banco suspirando.
— Eu tenho trinta e três anos, não consigo imaginar minha vida fora da cidade, longe dos meus pais preconceituosos, também não tenho dinheiro para me mudar. Eu dediquei a vida inteira para a igreja, mas não é tarde demais para você. Só vá Enid, viva a sua vida do jeito que quer e seja você mesma, por mim...
Ele não esperou que ela respondesse, ou se despedisse e saiu do carro carregando apenas uma mala.
O que era estranho, já que as outras malas estavam no porta-malas.
Quando entrou no lugar, Enid notou que era ainda pior lá dentro, todos a olhavam como se ela fosse uma criminosa e havia uma quantidade absurda de seguranças ali.
Ela entrou na fila e quando chegou lá na frente, a mulher lhe olhou com cara de poucos amigos.
— Quem é seu responsável? Ele precisa assinar por você. —Ela olhou por cima do vidro.
Enid não era uma boa atriz, e por isso gaguejou um pouco na resposta, mas ela conseguiu dizer o que Mark lhe disse para dizer, e antes que eles pudessem perceber sua mentira, ela se afastou, evitando olhar todos nos olhos.
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No one's in the room - WENCLAIR
FantasyEnid sempre soube o que esperava por ela assim que ela completasse seus dezoito anos. Seus pais a enviariam para um retiro religioso e assim ela passaria meses no lugar para alimentar sua vida espiritual. Nid só recebeu uma regra quando estava arrum...