"O problema das pessoas é tratarem figuras religiosas como o próprio Deus"
"Eles ficam endeusando pastores e padres e no fim ficam chorando quando
eles fazem alguma merda""Seu pai não é melhor do que ninguém porque é pastor"
Fazia alguns minutos que a conversa que teve com Sarah não saia de sua mente. Enid queria conversar com Wednesday sobre o que viu no celular de Murray, mas estava tão tanta vergonha de que a namorada soubesse que o pai, o maior religioso da cidade, era também o maior hipócrita de todos.
Enid queria poder falar com Sarah naquele momento, ela sentiu que ela era a única que poderia lhe ajudar naquele momento, que diria a verdade sem medo do que a verdade poderia causar em si.
Ela precisava disso, precisava da verdade. Porque uma parte dela ainda estava imersa na ideia de que o pai era um homem bom. Ela não conseguia ver ele como um traidor, que enganava a mãe. Ela apenas o via como Murray, o pastor que todos amavam.
Enid precisava que alguém lhe desse um tapa na cara e lhe mostrasse a verdade.
— Esse é o último... As irmās fizeram uma bagunça. —Esther riu baixo fazendo uma massagem nos músculos tensos. — Você consegue terminar? Eu posso te ajudar a secar as louças.
— Não, eu estou bem. Pode ir descansar, eu posso terminar isso. —Enid respondeu dando um pequeno sorriso para a mãe.
Esther deixou um beijo no topo da cabeça da filha, saindo da cozinha depois de aceitar a proposta. Ainda faltava uma montanha de louças para levar, já que as irmãs tinham deixado suas coisas ali e a mãe devolveria amanhã no culto.
Mas a loira queria ficar sozinha.
Ela não se importou em lavar toda a louça e secar sozinha, com calma, sem pressa, pensando em tudo o que estava acontecendo na sua vida ultimamente.
Tinha o internato, e o fato de que o pastor estava saindo com uma das meninas.
Então, em casa, ela descobriu que o pai estava traindo a mãe.
Tudo estava uma bagunça, mas pelo menos... Ela tinha Wednesday.
Wednesday fazia com que seu mundo bagunçado e escuro tivesse um pouco de luz. A Addams era como a luz que ela encontrava no fim do túnel.
Ela se separou da morena naquele dia mesmo, e já estava com saudades. Como isso era possível?
— No que está pensando para estar sorrindo tanto? —Seu corpo deixou de ficar relaxado e ficou tenso ao ouvir a voz do pai. —Pode deixar que eu te ajudo.
Murray se aproximou, colocando os pratos no armário, onde Enid não conseguia alcançar.
A garota se afastou do pai, seu sorriso sumindo e sua expressão ficando mais
séria.Mesmo que ela tentasse, ela não conseguiria disfarçar o que sentia no momento por ele.
— Enid... —Murray deu passos lentos até a filha que se afastou, se recusando a se aproximar muito dele.
Do próprio pai.
Murray não era burro, e apenas esse ato da filha fez com que ele percebesse o que estava acontecendo ali.
Ela viu.
— Não é o que parece, eu juro...
Foi uma péssima primeira frase para dizer depois que sua filha descobriu que ele tinha um caso.
Ele sabia disso, mas não sabia mais o que dizer.
— É isso mesmo que você vai me dizer? O que vem depois? Vai dizer que eu vi errado e que eu estou ficando maluca? —Ela não tinha medo dele.
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No one's in the room - WENCLAIR
FantasyEnid sempre soube o que esperava por ela assim que ela completasse seus dezoito anos. Seus pais a enviariam para um retiro religioso e assim ela passaria meses no lugar para alimentar sua vida espiritual. Nid só recebeu uma regra quando estava arrum...