Prólogo.

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>A fanfic não é de minha autoria, a obra original pertence à Okaytamys.

(!) Aviso: A história pode conter temas sensíveis como homofobia/transfobia.

***

Enid Sinclair olhou para a última peça de roupa em cima da cama, dobrando com cuidado e colocando na mala junto das outras.

No fim, foram preciso três malas para carregar todas as suas coisas. Era muito? Sim. Mas ela ficaria três meses no retiro religioso e precisava levar tudo o que seria necessário.

A loira não sabia ao certo o que pensar sobre aquilo. A vida toda seus pais ditaram o que era melhor para ela, o que ela deveria fazer, ou deixar de fazer. Por isso, ela achava que ir para aquele lugar era o melhor para ela.

Pois seus pais disseram que seria bom passar esses meses ao lado de garotas que compartilham da mesma fé que ela.

— Está levando sua Bíblia? —A senhora Esther perguntou, separando a mala da filha e colocando todas no canto do quarto.

— Sim, mamãe. — Nid respondeu.

Foi a primeira coisa que colocou na mala.

— Eu ouvi dizer que a filha dos Addams também estará lá, já que ela fez dezoito no mês passado. Já sabe, não é? —Esther não precisou dizer, pois Enid já sabia.

Os pais nunca se deram bem com os Addams. E isso fez com que Enid não tivesse uma boa relação com os filhos dos vizinhos.

Wednesday, quem estudou com ela a vida toda e mesmo assim não trocaram um "Olá", e Pugsley, quem se mudou há alguns anos.

Eles pareciam legais, de alguma forma. Mas Nid não se atrevería a não cumprir as regras dos pais.

— Já se passaram anos, Esther. Nossa filha está indo até ela para interagir com as pessoas — a voz do pai de Enid soou.

Murray se apoiava na porta, os braços cruzados e uma feição divertida enquanto falava com a esposa.

Os Sinclair's eram uma família notável na pequena cidade onde moravam.

Esther Sinclair tinha cabelos ondulados e pretos mechas grisalhas. O nariz estava sempre arrebitado. Esther era uma mulher alta e magra, que arrancava olhares por onde passava com seus vestidos floridos ou saias longas.

Ela e Murray começaram a namorar quando ainda era adolescente. Murray, com sua barba mal feita e os cabelos ruivos, chamou sua atenção na época da escola.

Os dois se casaram anos depois, e o resultado do casamento foi Enid. A garota era uma perfeita junção dos dois.

— Ela pode interagir com todas as garotas, menos com a filha dos Addams. Você sabe que aquelas pessoas não prestam — Esther continuou olhando agora para o marido que acabou desistindo da conversa.

Esther se levantou, indo em direção as malas da filha.

— Me ajude, vamos levar para o quarto. Já está quase na hora da viagem. — a
mais velha disse ao olhar para o marido.

Murray olhou para filha uma última vez, sorrindo fraco e indo até a mulher.

A viagem foi longa e entediante, Enid ouviu música, leu a bíblia, leu um livro, viu um episódio de sua série favorita, e o tempo não parecia passar nunca. Eles subiram montes, passaram por estradas de terra, viram fazendas e a viagem não parecia acabar nunca. A loira queria poder dormir, mas a ansiedade não deixava.

Ela fechou os olhos respirando calmamente e se concentrando na música que ouvia.

Quando menos esperava, sentiu as mãos do pai balançando seu corpo.

Enid levantou a cabeça de pressa, olhando para a janela. Chegou, ela finalmente chegou.

Podia reconhecer o lugar das fotos que viu pela internet.

O internato para meninas de San José era um lugar grande. Por fora tinha um longo jardim, com árvores e uma fonte de pedra. Enid ainda não tinha entrado, mas pelas fotos, o lugar parecia ser ainda maior do lado de dentro. Tinha uma igreja não tão pequena, biblioteca, piscina.

Tudo para que as garotas se sentissem bem, pudessem interagir, ao mesmo tempo que cuidam do seu interior, do seu esperitual.

A garota se sentiu ansiosa assim que viu as diversas meninas passando pelo carro.

Nunca foi tão boa em conseguir amigos na época da escola. Era filha do pastor da igreja que todos iam no bairro. As pessoas pareciam ter algum medo dela, ou tratá-la como um figura sagrada.

Enid respirou fundo algumas vezes, pegando a mala que estava em seu colo
e abrindo a porta do carro.

— Hey, espere um minuto - Murray segurou a mão da filha, entrelaçando seus dedos aos dela. — Sei que sua mãe falou aquilo sobre os Addams por sua proteção, mas não vejo problema em você ser no mínimo educada com a Wednesday. Não se prive por causa da gente, faça amigas, converse, e seja feliz! — Enid deixou que um sorriso sincero escapasse, abraçando o pai.

Ela, com toda a certeza sentiria falta dele.

— Quer ajuda com as malas? Eu posso levá-las até o seu quarto. —Rnid negou rápido.

— Eu posso fazer isso. Só abra a porta de trás para mim. —Murray tentou insistir, mas Enid estava decidida a subir sozinha, então, ele acabou desistindo, acompanhando a filha até a entrada.

— Aproveite, e ligue sempre que puder. Até daqui a duas semanas. —o mais velho beijou a bochecha da filha fazendo um carinho nos seus cabelos.

— Até. Eu te amo! —Enid disse por último, entrando no grande lugar que mais parecia um castelo.

A loira foi até duas mulheres que estavam no lugar, dando seu nome e pegando o número de seu quarto. Ela agradeceu, andando até lá enquanto rolava suas duas malas no chão, a outra estando no seu ombro.

De novo, ela não quis ajuda, rejeitando a ajuda que as mulheres a ofereciam. Enid, lá no fundo, queria mostrar que ela poderia fazer aquilo, que ela podia se virar sozinha.

Quando chegou no quarto, ela jogou as malas no chão, se deitando na primeira cama que viu.

— Vamos, Enid. Não vai ser difícil. Você só precisa de uma amiga. —Só uma. Ela não queria passar três meses sozinha, como foi no período da escola.

Deveria mentir sobre ser filha do pastor? Não, Enid não mentia. Ela não sabia como.

— Oh! Oi, eu não percebi que já tinha chegado. Eu escolhi essa cama, mas você pode ficar com ela. —Era sua colega de quarto.

Enid botou seu melhor sorriso no rosto, se levantando para cumprimentar a
menina que passaria os próximos três meses ao seu lado.

Seu sorriso logo se desfez quando ela viu quem estava a sua frente.

Sua vizinha, a filha das pessoas que seus pais odiavam, a menina que Enid sempre quis ter uma amizade, mas nunca pôde.

— Sou Wednesday, sua colega de quarto. E você é Enid, certo? —Wed apertou sua mão.

Como ela pode estar tão calma diante de tudo aquilo, e por que Enid se sentiu tão bem ao vê-la sorrindo e sendo educada com ela daquela forma? A loira não sabia o que fazer.

Ela queria correr e pedir para trocar de quarto, mas ela também queria abraçar Wednesday e dizer que estava feliz por ter uma colega de quarto conhecida. As coisas já não começaram bem. O que abaixou todas as suas expectativas para os próximos meses.

(.....)

No one's in the room - WENCLAIR Onde histórias criam vida. Descubra agora