04: her smell🏁

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LEWIS HAMILTON POINT OF VIEW

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LEWIS HAMILTON POINT OF VIEW

Quando a vi naquela camiseta branca da Mercedes, com uma calça preta larga o meu coração se contorcia.

Roscoe estava agitado com a garota, ela provavelmente pensou que eu não a reconheceria de costas, por isso se manteve naquela posição. Mas a verdade é que eu conheceria o seu cheiro em cada canto do mundo. A mistura do perfume com o shampoo forte de morango me fazia lembrar das noites abraçados.

Mas aquela não era mais a nossa realidade, por culpa dela. Não podia dizer que sentia ódio dela, talvez sentisse raiva. Mas sabia que uma hora eu iria tirar a sua roupa e iriamos nos tornar apenas um só.

Eu me odiava por ter pensamentos impuros com a minha ex que me deixara e estar namorando uma pessoa incrível como Shakira. Talvez odiar Marianna fosse mais fácil que ama-la.

Desde sempre ela era assim, se você andasse demasiado rápido, ou se desse um passo em falso ela fugiria de você como uma gazela foge do predador.

Neste momento eu só não sabia quem era o predador, talvez nos fôssemos as pesas e o predador fossem as circunstâncias da vida.

Ou talvez fosse melhor acreditar nisso.

— Você está me escutando? — Bono gritava do outro lado do rádio.

Não, não estava.

— Diga. — Resmunguei.

— Você precisa acelerar Hamilton, se continuar assim vai se juntar à sua ex. — O homem resmungou.

— Vai se foder.

As memórias atingiam o meu coração, e deus, como aquilo doía.
Marianna era a culpada de toda a minha dor, de todos meus meus pensamentos sombrios sobre a morte. Por mais que não quisesse admitir, ela não passava de uma egoísta.

Me lembrando das conversas com a minha terapeuta, ela costumava dizer que a garota era egoísta e não suportava a pressão que estava submetida. E que um dia iria fugir.

O meu coração fez faísca, eu só senti o ódio atingir o meu coração e acelerei como nunca tinha feito, desta vez usava a força e o ódio a meu favor.

— Cuidado Lewis, a condução pesada não é a melhor opção. — Bono resmungou do outro lado.

Depois de algum tempo regressei à garagem. Toto parecia escutar algo que Marianna contava gesticulando com as mãos. Estava nervosa.

— Gostei de ver Hamilton, mas cuidado. Tudo o que menos precisamos é um piloto lesionado nos treinos livres. — Toto alertou.

— Preciso de falar com Alice. — A garota fugiu novamente.

— An não, antes de ir preciso de dar uma palavra aos dois. — Toto disse fazendo a garota resmungar e virar o corpo em direção a Toto.

— Fala. — Pedi limpando a garganta.

— Eu sei que aconteceu muitas coisas com ambos nos últimos tempos, mas peço que deixem esses assuntos para fora do ambiente de trabalho porque a tensão que está no ar é enorme. — Toto disse rígido.

— Certo. Já posso ir? — A garota perguntou e quando o homem lhe deu permissão ela saiu disparada.

— Lewis, preciso que a ajude. — Toto disse baixo, olhando em volta.

— Porque eu deveria? Afinal, a escolha foi dela ir embora! — Cruzei os braços.

— Precisamos dela, e de alguém que ajude. Você é a única pessoa que a pode incentivar ela a comer. No mínimo.

— Desculpa Toto, eu preciso de ser profissional. E para isso, eu preciso me concentrar nos meus problemas. Marianna há muito que não é minha companheira, e certamente, não sou eu que a tenho que ajudar nos seus "problemas alimentares" — Fiz aspas com as mãos.

— Sabe quanto ela está pesando? — Perguntou, levantando uma sobrancelha. Acenei negativamente com a cabeça. — 40 Kilos. Ela está anoréxica Lewis. Você pode sentir ódio, raiva, tudo o que quiser.
Mas ela pertence à equipe e se ela fugiu é porque não estava tudo bem.

— Eu sinto muito, mas não consigo ajudar. — Virei costas.

Eu fiquei assustado, não posso mentir. Mas eu não podia ajudar, eu não conseguia olhar para ela. Porque eu sabia que se o fizesse eu iria me arrastar de volta para ela, e eu não era mais o homem que ela conheceu.
Eu não queria me envolver mais.

— Lewis, você viu o Charles? — Alice perguntou.

— Não, porquê?

— Assuntos pessoais, se é que me entende. — Disse me fazendo gargalhar.

— Você não tem vergonha não? Tá grávida e tá colocando mais sementinhas? — Perguntei fazendo a garota gargalhar.

— Deixa de ser babaca. — Me deu um tapa no ombro e logo depois saiu andando e logo segui o meu caminho até aos vestuário.

Estava passando pelo vestuário individuais, quando escutei alguém vomitar. Olhei para a placa que dizia Marianna Shumacher.

Será que está tudo bem?
Eu não queria lá entrar, mas de alguma maneira aquele negócio da anorexia me assustou.
Engoli todos os meus demônios que falavam mais alto, e entrei pela porta. A garota estava sentada no chão vomitando.

Entrei em silêncio, segurei o seu cabelo e ela continuou vomitando. Quando parou encostou o corpo à parede atrás e limpou as lágrimas que saíam.

Reparei nos seus braços que eram extremamente finos, as suas coxas que antes eram carnudas pareciam consumidas. Aquele corpo que costumava conhecer havia se tornado num caminho desconhecido.

— Desculpa por me ver assim. — A garota disse minutos depois.

Não consegui abrir a boca, e tinha a certeza que ela havia lutado para dizer aquilo.

A encarei por alguns segundos, sentindo o seu cheiro perto depois de anos, e logo depois saí fechando a porta.

Naquele lugar haviam ficado perguntas, algumas sem respostas. Havia ficado a confusão, cuja podia ter sido evitada.
Talvez fosse um pecado para os meus demônios, mas eu me questionava se poderia a ajudar.

Eu só não sabia que aquilo me tiraria noites de sono.

Escrever essa história tem sido uma terapia para mim, tô colocando tanta dedicação nela como nunca coloquei em outra

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Escrever essa história tem sido uma terapia para mim, tô colocando tanta dedicação nela como nunca coloquei em outra.

MARATONA
(2/3)

Xoxo

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