Tia Dahlia

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Nem sabíamos quem deveríamos procurar quando saímos do avião em Los Angeles, mas a tia Dahlia aparentemente nos conhecia.

Eu me perguntava como isso era


possível.

Quando eu olhava para ela por muito tempo, ela parecia uma versão mais velha e mais feliz da minha mãe. Uma versão que não fumava.

Ela veio direto até nós e deu primeiro um abraço em Bosten. Em seguida, me abraçou também.

Então, justo como eu esperava e temia, ela me afastou com o braço e disse:

- E o que se passa com você aqui?

Exatamente como Emily diria se fosse oitenta anos mais velha e nunca tivesse me visto antes.

Dahlia, sem nem um pouco de timidez ou reservas, levantou meu gorro e me virou para poder ver - não, para examinar - o lado direito da minha cabeça.

Me senti empalidecendo de vez.

Acho que Dahlia era provavelmente o tipo de mulher que já tinha tomado muitos banhos com rapazes em sua vida.

Vi Bosten ficando tenso e com uma atitude defensiva. Nenhum de nós estava realmente feliz de estar ali.

Ao que corri as mãos para o gorro para puxá-lo para baixo, Dahlia disse: -

Você lutou com um urso cinzento ou coisa assim?

Ela sorriu para mim e acariciou com os dedos o lado da minha cabeça, como se não tivesse nada de errado em fazer aquilo.

Por fim, recuei um pouco do alcance da tia Dahlia.

- Eu nasci assim...

Sentime sujo e envergonhado. Feio.

Puxei o gorro tão para baixo quanto pude, de modo que ele cobrisse inteiramente minha orelha.

- Eu nunca soube disso - ela disse, com uma voz cheia de alegria e espanto.

Olhei para o meu irmão.Já estava com raiva o suficiente para voltar para Washington a pé, e queria voltar naquele minuto.

- Ele não gosta que as pessoas o toquem - Bosten disse.

Tia Dahlia pareceu magoada.

- Peço desculpas, Stark. Foi rude da minha parte. Você consegue ouvir bem?

Ela voltou sua cabeça para meu lado normal. Eu queria morrer.

- Eu ouço direito - disse. - Aliás, as pessoas me chamam de Palito.

-Ah.

Queria que ela soubesse sem sombra de dúvidas que eu não planejava deixar as coisas mais fáceis para ela depois daquele cumprimento que ela tinha me dado.

Queria muito estar lá em Point No Point, na casa de Emily.

Tia Dahlia pôs a mão no meu ombro, em um gesto tranquilizador.

- Há muita coisa que eu não sei.

- Todos nós somos muito bons em guardar segredos -eu disse.

Ela foi dirigindo s eu Dodge Dart 1968 para o norte, em direção à sua casa na praia.

Tanto Bosten quanto eu queríamos ir ao banco de trás, mas Dahlia disse que aquilo era muito esquisito e nos fez sentar na frente, ao lado dela.

Fiquei no meio, então sabia que não


seria capaz de ouvir o Bosten muito bem.

De qualquer modo, eu tinha a sensação de que ele não estava muito disposto a conversar.

Minha metade silenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora