Capítulo 14: Creating ties

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Acordei daquele pesadelo sentindo um calafrio percorrer a minha espinha subindo como uma onde choque elétrico do cóccix até minha vértebra cervical e enfim encontrando minha nuca. A minha pele ficou arrepiada e os pelos se eriçaram.

Acordei suando frio mesmo com o clima extremamente quente ao meu redor.

Saltei da cama em um impulso enquanto gritava o nome do meu irmão. Quase como se uma versão fantasmagórica dele estivesse em minha frente e eu pudesse puxá-lo de volta a terra dos vivos, expulsando-o do convívio com os deuses.

Assim que notei que ele não estava alí, realmente em minha frente, meus olhos se encheram de lágrimas. Lembrar dele doía, sempre doía. Naquela tarde doeu mais do que em todas as outras.

Aceitando minha realidade, olhei ao meu redor em busca de algum sinal do que eu deveria fazer á seguir. Vi ao meu lado, caído em sono como se estivesse morto aquele humano que outrora havia me oferecido ajuda. Ele estava nu, deitado de bruços e inerte, embora fosse possível notar que ele ainda respirava.

Em um lapso de memória, procurei por minha espada para me defender. Assim que toquei em seu cabo, lembrei-me do porquê eu não precisaria usá-la.

Em minhas últimas lembranças ainda há os rostos daqueles orcs-balds me encarando. Vi quando me pegaram, vi quando quase mataram o humano e vi também alguns flashs de memória onde aquele humano enfrentava sozinho os orcs como se fosse ele um animal muito mais perigoso. Lembro do humano me levando em seus braços. Mas por quê? - pensei. Uma das suas mãos estava imbuida em magia arcana branca, aquela que representava o início da vida e da luz e sua outra mão estava coberta de magia negra - a mesma cor que representava a magia arcana da morte e do nascimento das trevas. Seria ele um mago? Não, não poderia. O último mago morreu á 20 anos.

Minha bolsa ainda estava comigo, minha espada e meu arco também. O humano estava dormindo em minha frente.

Nunca inimigo algum facilitou tanto sua morte para mim como este humano. Isso só pode significar duas coisas: ele é um assassino imbecil ou realmente estava dizendo a verdade.

Olhando para ele alí, dormindo com sua guarda tão baixa e quase que despreocupado eu cheguei á uma conclusão. Ele era um meio termo, estava entre imbecil e dizer a verdade.

Comecei á examinar meu corpo e incrivelmente eu estava me sentindo muito bem, fora a minha cabeça que ainda doía pela queda. Minha pele havia corado, quase como se eu já não tivesse mais anemia. Meus machucados não doíam mais e até mesmo minha mana estava completa. O que houve enquanto eu dormia? - eu me perguntei em pensamento.

Minhas roupas estavam intactas, minhas partes femininas se quer foram tocadas. Ele também não é um abusador - concluí.

Eu me coloquei de pé. Demorei alguns minutos ponderando entre fugir daquele lugar que mais parecia uma caverna e permanecer alí. Para ambas as opções eu me perguntava um "porquê eu devo fazer isto?".

Era muito mais seguro para mim abandonar aquele humano alí. Sobrevivi até hoje sozinha, ter companhia poderia dificultar em muito a minha vida que já não é das mais fáceis. No entanto... Aquele humano arriscou sua vida por mim. Ninguém mais além dele cometeria tamanha tolice.

Eu o devo minha vida. Temos um acordo, mas além deste acordo, eu continuo devendo á ele minha vida. Ele tem minha palavra e meu apoio.

Pensar que de repente eu estou em débito com alguém me fez sorrir. Sorri olhando para a chuva torrencial que caía na entrada da caverna, pensando em como a vida pode ser engraçada.

- Bellator deve sua vida á você, humano - eu disse enquanto arremessava uma pequena pedra na cabeça daquele ser tolo e frágil dormindo como se estivesse em um castelo de verão.

Despair Land - A Queda Dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora