Meu corpo descia por aquele túnel escuro como uma bala o faria. Não me importava o que viria á seguir, não me importava com o quão meu corpo estaria machucado depois, não... A única coisa o qual eu tinha em mente era matar aquela coisa.
Após a queda livre, acabei caindo em uma réplica do início da caverna. Mas agora ela era maior, havia mais espaço nela e sua entrada parecia estar sendo bloqueada por vários corpos mortos. Não parecia intransponível, mas não é como se eu tivesse qualquer interesse de fugir.
A nova caverna era mais clara que a anterior, muito mais espaçosa tanto em diâmetro quanto em altura. Este demônio parece ter total liberdade para controlar este ambiente ao seu favor.
E eu sou o azarado que sobreviveu ao seu ataque. Posso ser atingido de todas as direções e, confesso, isso torna a situação ainda mais complexa. Não sei de onde ele pode atacar, de onde pode surgir, não sei nem mesmos quais exatamente são seus poderes.
Olhei ao meu redor e não encontrei a criatura, mas bastou uma breve olhadela no teto para eu ver anexado em uma espécie de tela de braços interligados os corpos da boneca, da Succubus e de Hideo. Ambos inconscientes mas pareciam ainda vivos. Sem marcas em seus corpos, sem sangue. Era como se essa criatura fosse uma aranha e cada um dos meus amigos estavam envoltos em "casulos".
Eu sorri de alívio.
Enquanto eu observava seus corpos presos no teto, senti que algo viria a me atacar. Por puro reflexo consegui desviar de um golpe que vinha direto em minha cabeça. Em seguida mais golpes.
Fios de sangue vinham como agulhas, moldadas como lâminas perfeitas para me fatiar. Para seu azar, minha agilidade na não era mais a mesma de antes. Uma força maior do que apenas minha vontade movia meu corpo de modo o qual, mesmo que eu me ferisse, eu ainda não morreria. Não nas mãos dessa coisa!
O ar na caverna ficou denso, impregnado com a antecipação do confronto iminente. Minha respiração era pesada, mas meu coração pulsava com uma excitação quase palpável. Diante de mim, o amálgama de tormento se contorcia em uma massa disforme de carne e ossos, cada parte de seu corpo uma lembrança grotesca das vidas que havia consumido.
Eu o encarava com um sorriso sádico nos lábios, meus olhos brilhando com uma mistura de desprezo e desejo de sangue.
— Ah, olha só quem resolveu sair da bagunça de membros e pedaços humanos para um encontro particular. Ainda não se cansou de colecionar partes, ou finalmente percebeu que eu sou o prêmio mais suculento? — eu disse deixando minha criatividade diabólica conduzir minhas palavras.
O demônio emitiu um som gutural, uma mistura disforme de gemido e rosnado. Seus olhos ardiam com uma intensidade demoníaca, e eu sabia que ele estava faminto por minha carne tanto quanto eu estava ansioso para enfrentá-lo.
— Eu pensei que você era do tipo "Incompetente, traiçoeiro e covarde" mas parece que você está disposto á um combate direto, não é? — respondi já me preparando para enfrentar o demônio.
Com o fim da maior parte do meu corpo, foi-se também as correntes que me prendiam.
— Você é bem aleatório, não é?
Com um movimento rápido, invoquei a hemocinese, moldando meu sangue em uma lâmina afiada em minha mão. O líquido vermelho escuro brilhava à luz fraca da caverna, ansioso para ser liberado em uma dança mortal. Esta técnica fazia com que os ossos e músculos do meu braço fossem comprimido na exata moldura da lâmina de sangue, isto de fato era bastante doloroso mas neste momento eu conseguia aguentar. A excitação e o sangue correndo rápido em minhas veias me impedia de pensar direito.
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Despair Land - A Queda Dos Deuses
FantasySinopse: Afro é um jovem rapaz de 21 anos. Acabou de sair da casa dos pais. Estava morando sozinho em uma cidade nova há 2 anos mas, enquanto sua entrada na vida adulta e independente fora cheia de vontade e esperanças, a permanência na mesma o afas...