Aélis - Alerta Perigo! - Parte 2 (CRIMINOSOS EM SÉRIE)

Capítulo 17

CONTEÚDO A SER REVISADO

Capítulo 17

Aélis

Meus joelhos estão doendo quando eu resolvo finalmente sair da minha deplorável situação. Eu não faço ideia de quanto tempo fiquei aqui, deixando meus pensamentos divagarem e meus sentimentos serem colocados para fora, me agarrando ao fio de esperança de que a qualquer momento eu fosse acordar desse pesadelo e que tudo voltaria a ser como antes.

Mas isso não aconteceu.

A brisa fria da amanhã acaricia a minha pele quando eu me levanto. Meus olhos estão pesados e meu corpo doendo, implorando por descanso, mas ainda assim eu consigo me erguer.

Quando eu me viro para entrar em casa após uma última olhada em direção a cova de Tobias, sou pega de surpresa pela cena na minha frente.

Miguel está sentado no chão ao lado da porta, encostado na parede. Seus olhos estão fechados e ele parece estar num sono profundo. Provavelmente passou a madrugada me fazendo companhia silenciosamente, e eu nem sei descrever como me sinto grata por isso.

Caminho até ele, mantendo seu casaco contra o meu corpo, percebendo que o mesmo pode ter sofrido com o frio por minha causa. Eu toco o seu ombro, fazendo um leve movimento e com bastante dificuldade ele consegue abrir os olhos. Miguel olha para mim com o cenho franzido, parecendo levemente confuso com os acontecimentos até que cai na real. Ele olha para o lugar em que eu estava ajoelhada, bem na frente do pequeno mural que fizemos em homenagem a Tobias e então suspira, passando as mãos pelos cabelos em um gesto exasperado.

— Vamos... — É tudo o que eu consigo dizer.

Seguro a sua mão, e seu olhar preocupado transmite um apoio silencioso. A exaustão dos últimos momentos me dominava, e Miguel percebeu que eu precisava descansar.

Guiados pelo silêncio, fomos até o andar de cima. Eu congelo na porta do meu quarto, lembrando de quando entrei aqui pela primeira vez e de como Tobias havia amado. Ele estava impressionado com a vista e marcando território quando eu cheguei e me impressionei com a beleza do quarto. Naquele momento só estávamos tendo um momento descontraído, mas agora quando eu lembro, só quero voltar no tempo e consertar tudo.

Vou até a parede de vidro e fecho as cortinas, sentindo-me inundada por emoções que não consigo lidar, entre elas a raiva. Raiva da claridade e raiva dessa vista imunda que nunca deveria ter ficado entre mim e ele.

Miguel me observa em silêncio, paciente, esperando pelo momento certo para interromper o silêncio.

Esse momento não é agora!

Nos sentamos lado a lado na cama. Eu tento me forçar a não pensar tanto em Tobias e no meu sentimento de culpa, mas é inevitável. Eu queria tanto me encolher na cama, me esquentar e chorar copiosamente, mas sinto que já não tenho mais lágrimas para tal ato. Nem sei se mereço esse alívio.