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Capítulo 81
Angel
Eu não consigo acreditar.
Minha mente dá tantas voltas que por uns segundos penso que minhas pernas desabarão em encontro ao chão. Todo o meu corpo treme, minhas mãos principalmente, como se todas as forças tivessem deixado o meu corpo.
Tento olhar para ele. Tento absorver cada detalhe do seu ser. Tento deixar que sua imagem se prenda na minha mente como se eu tivesse o prendendo com um martelo, mas essa tarefa se torna difícil à medida que lágrimas borram a minha visão.
Não sei em qual exato momento saíram da sala e nos deixaram sozinhos, talvez eu tenha ficado o encarando por tanto tempo que sentiram essa necessidade. E eu não podia estar mais grata. Passei tanto tempo me fazendo de forte, não queria que eles conhecessem o meu lado mais frágil, aquele que só aparecia para Miguel. Não queria que percebessem a dor que eu estava escondendo dia após dia, a enorme ferida mal cicatrizada em meu coração, que agora eu deixava se derramar.
E eu me deixei derramar.
Talvez isso seja apenas uma alucinação. Não seria a primeira vez que ele invade os meus sonhos e me faz acordar infeliz ao perceber que nada daquilo tinha sido real. Mas agora... encarando seus um metro e oitenta e cinco de altura, seus cabelos exatamente como antes da explosão, seus olhos escuros me encarando como se me ver fosse tão inacreditável quanto é vê-lo, ele me parece tão real.
Um soluço escapa pela minha garganta, e eu dobro o meu corpo, não aguentando a dor feroz e quase letal concentrada em meu peito.
— V-Você... — Gaguejo tentando erguer a minha mão em sua direção, mesmo que estejamos há mais de três metros de distância. — Você é real? Está mesmo aqui?
Minha voz sai sôfrega e eu percebo quando sua expressão se contorce em dor. Parece estar com dificuldade de respirar e de se expressar, mas me encara como se o peso do mundo tivesse saído de seus ombros, uma mistura de saudade e alívio.
— Sou eu, meu amor.
Balanço a cabeça para os lados, em negação.
Isso não pode ser verdade. Miguel foi condenado a cumprir 4 anos naquela maldita prisão. Ele não poderia estar verdadeiramente aqui. Tenho certeza que esse é só mais um sonho e vou acordar na minha cama, encarando o teto, apática, tentando não deixar a dor não me consumir. Eu sei que não é real.
Mas, se não é mesmo real, por que dói tanto?
Uma corrente de lágrimas escorrem pelos meus olhos e eu me sinto desabar no chão, meus joelhos doendo pelo impacto.
— Sou eu... — Sua voz sai como um sussurro.
Outro soluço escapa pela minha garganta e sinto quando ele se ajoelha na minha frente. Parece receoso, mas toca o meu rosto, afastando algumas mexas do meu cabelo, me encarando preocupado.
