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"Cansei de chorar
Feridas que não se fecham
não se curam"
-Pitty
Miguel
Nunca pensei que concordaria com aquelas palavras de Angel. Nunca pensei que poderia viver uma vida onde cometer crimes e agir como um lunático não seria mais o meu ideal, como foi durante toda a minha infância e adolescência. Cheguei a um ponto onde as coisas se bagunçaram tanto. Não há mais volta.
Meu pai havia questionado se era dessa vida que eu precisava. Na verdade, ele afirmou que não e agora entendo. Há algo ainda mais poderoso que me faz sentir vontade de viver, o nome desse algo é a minha Angel. Por isso eu a entendi completamente quando ela disse que não queria mais aquilo. Eu queria qualquer coisa, portanto que fosse ao seu lado.
É isso...
No dia seguinte a isso, um carro veio nos buscar. Eu já sabia que Marcus havia o mandado, por isso não desconfiei. Fomos até a mansão dele, onde as coisas pareciam bastante diferentes, não pela decoração ou móveis, mas sim porque tudo parecia um ambiente familiar ao invés daquele puteiro que encontrei quando participava das loucuras que ele fazia até o ano passado.
Eu encontrei com o resto do nosso grupo em uma sala de jogos. Ficaram animados com a minha presença, do jeito deles, é claro. Ficamos jogando conversa fora, e enquanto isso, Angel conversava com Marcus no andar de cima. Eu não sei o que eles falaram, mas quando voltaram, Angel disse que eu e ela precisávamos conversar com todos ali.
Perguntamos o que todos queriam fazer. Estávamos de volta como um grupo, não podíamos tomar decisões individuais e deixar o outro de lado. E eu Angel já tínhamos um plano, só precisávamos saber se eles estavam dentro com a gente.
Nenhum deles parecia disposto a voltar a viver uma vida como a deles anteriormente. Nós o tiramos de uma vida merda. Eles não têm a escolha que eu tive de poder voltar para a casa onde cresceram. E não sei se os acontecimentos anteriores foram o suficiente para o crime deixar de ser atraente para eles.
Eles ficaram em silêncio quando contamos o que estávamos pretendendo. Por alguns minutos, fiquei encarando cada um deles, esperando por suas respostas. Foi quando Marcus interferiu em seus pensamentos, dizendo que eles podiam ficar com ele se quisessem. Marcus é tipo um chefão do crime, com contatos e um poder que eu nunca poderia alcançar. E sei que a proposta dele deixou os garotos curiosos.
— Mas nós não queremos deixar eles... — Caleb murmurou com um olhar triste para o chão.
Samuel que costuma provocá-lo a cada palavra que Caleb dá, dessa vez ficou em silêncio, tão desanimado quanto ele.
