Capítulo 58

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Capítulo 58

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Angel



Passo 2. É a vez de Miguel enfrentar seus demônios. Por algum motivo, seus demônios o levaram de volta para casa.

Com o carro preto e vidro fumacê que Marcus nos deu, voltamos para Montreal com certo receio que pudéssemos ser descobertos. Mas até agora nada, nenhum alarme. Marcus avisou que ligaria caso descobrisse que alguém descobriu sobre nós. Confio nele.

Miguel para o carro em frente a propriedade dos seus pais. A sensação que tenho em meu peito é de familiaridade. Nós começamos nosso verdadeiro relacionamento aqui. Lembro de ter voltado daquela festa com ele, de como eu admiti pela primeira vez o meu desejo sombrio de me vingar dos meus próprios pais. Lembro da nossa química sem explicação. Era tudo tão louco. E ainda assim, não era tão intenso quanto hoje. Naquela época Miguel não me amava tanto quanto agora, ou pelo menos, fingia muito bem.

Ele era um mimado quando voltou para casa. Lembro como me deixava irritada, como foi um pervertido ao elogiar a minha bunda e como tentou me fazer sentir inferior. Tudo isso parece ter acontecido há um século atrás.

O que significa que nós dois amadurecemos. Gosto disso, de quem somos agora. Porque mesmo que estejamos quebrados, temos forças suficientes para entender como nos curar.

Os portões de ferro da casa se abrem, como se já soubessem da nossa presença e estivessem esse tempo todo à espera de Miguel. Quando eu olho para ele, sentado ao meu lado no banco do motorista, percebo as veias saltando em seu braço e seu maxilar tensionado. Ele parece mais perturbado que o normal, e me faz questionar o que tanto o deixa inseguro sobre seus familiares.

Isso não é de agora. Lembro que uma vez ele disse que se sentia desconfortável, mesmo os amando, de se envolver muito sentimentalmente com sua própria família.

Acho que hoje irei descobrir o motivo disso.

Ele dirige para dentro da propriedade, seguindo pelo caminho de pedras, rodeando a fonte e parando o carro exatamente em frente a casa. Ele solta um suspiro e então olha para mim.

— Vai querer entrar? — Seus olhos pidões revelam que ele quer que eu diga sim.

E eu não poderia negar. Além do mais, há ainda outra coisa que preciso aprender a deixar para trás. As memórias da minha tia ainda estão nesse lugar, posso senti-las a cada direção que eu olhe, também ouço a risada de Andrew e o abraço acolhedor de Georgia. São lembranças demais para que eu ignore. Por isso, sorrio e seguro a sua mão, assentindo.

Saimos do carro. Nenhum funcionário ou segurança veio nos interceptar até agora. Será que eles já sabem que Miguel está aqui, por isso estavam à nossa espera? Subimos os degraus da frente da casa e Miguel abre a porta, me trazendo com ele para dentro da casa.

Aélis - Alerta Perigo! - Parte 2 (CRIMINOSOS EM SÉRIE)Onde histórias criam vida. Descubra agora