Setembro de 2017
— Mãe, onde ele está? — perguntei atordoada. Embora estivesse me sentindo mal, minha prioridade no momento era encontrar a única pessoa que se importava realmente comigo, ou pelo menos eu achava que se importava até então.
Minha mãe abaixou a cabeça e a balançou em negação, então percebi que ele não estava do lado de fora do quarto de hospital me esperando. Ele não tinha ido me ver mesmo eu mandando mensagem para ele minutos antes de apagar e só acordar ali, com uma agulha espetada no meu braço.
— Ele tinha uma corrida hoje — ela disse. — Mas não se sinta triste, ele não conseguiria faltar para vir te ver, mas tenho certeza que virá amanhã.
E com isso eu esperei, todos os dias durante uma semana em que fiquei internada me recuperando do susto que dei para minha mãe ao cair do segundo andar e quebrar um braço e fraturar uma costela.
Aguardei durante horas a porta ser aberta e eu ver Max vir de encontro a mim, mas isso não aconteceu. Ele não apareceu e nem me mandou nenhuma mensagem.
Quando tive alta e fiquei de repouso em casa, também não tive sinal dele. Meu irmão disse que ele estava ocupado demais com as corridas para tirar um tempo e ir me ver, mas e a promessa que ele tinha me feito há uns meses atrás de que eu era mais importante do que seu trabalho?
Eu nunca soube de verdade do motivo pelo qual ele não me mandou uma mensagem sequer.
Demoramos a voltar a nos falar e somente na estreia do meu irmão que ele veio até mim no paddock pedindo perdão pelo sumiço. Como eu ainda era uma adolescente tola que queria continuar sendo pelo menos amiga dele, aceitei suas desculpas.
Então aconteceu mais uma vez.
E outra vez.
Max entrava e saía da minha vida quando bem entendia e não me dava satisfações, não falava comigo, algumas vezes fingia até não me conhecer durante minhas caminhadas no pit lane. Ele foi se tornando um colega e mesmo que eu ainda o considerasse importante para mim, parecia que não era recíproco.
Quando o acidente com o Alex aconteceu, eu resolvi cortar aquele ioiô com ele de uma vez por todas.
Atualmente
Meu celular não parava de chegar notificações no meu Instagram com tantos novos seguidores, a maioria em sua quantidade mulheres. Provavelmente as novas fãs fofoqueiras de Fórmula 1 estavam curiosas para saber mais sobre mim e meu irmão desde que me viram na transmissão da televisão da corrida. Acontecia com todos eles que sofriam acidentes como os de Alexsander.
Virei a tela do meu celular de cabeça para baixo e continuei almoçando mesmo sem estar com muita fome no momento.
De repente, todo o assunto do acidente veio à tona novamente nas redes sociais. Alguns jornais online faziam matéria sobre o futuro brilhante interrompido do meu irmão, algumas publicações no Instagram relatavam os cinco anos sem Alexsander e até mesmo jornalistas já tinham entrado em contato com meus pais querendo entrevistas. O dia estava sendo conturbado para nós três.
— Temos um grande problema — meu pai disse ao aparecer na cozinha, fazendo minha mãe e eu levantarmos o olhar para ele. Sua expressão não era das melhores, então deduzi que ele estava prestes a soltar uma bomba diante de nós. — Toda essa história da Scar ter aparecido na televisão chamou a atenção para o acidente novamente e o Verstappen está começando a ter problemas com isso. A Red Bull acabou de entrar em contato comigo me oferecendo um bom dinheiro para ir a público dizer que ele não teve nada a ver com o acidente.
Bati o garfo no prato, indignada com aquilo. Quão sujo eles eram para fazer aquilo? Esperavam mesmo nos ganhar com dinheiro para limpar o nome de uma pessoa que realmente causou o acidente?
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Me and the Devil | Max Verstappen
FanfictionScarlett teve sua vida marcada pelo trágico acidente que tirou a vida de seu irmão, um talentoso piloto de Fórmula 1, durante uma corrida anos atrás. Anos depois, ainda assombrada pelo passado e alimentando seu ódio pelo causador do acidente, Max V...