Capítulo Oito

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Se há um mês atrás alguém me dissesse que muito em breve eu estaria na piscina da casa de Max em Mônaco deitada em uma boia enquanto ele se apoiava com os braços na beirada dela, eu não acreditaria e ainda diria que a pessoa estaria completamente maluca de imaginar algo assim. Mas era o que realmente estava acontecendo no momento. Aquilo me fazia pensar o quanto a vida mudava de uma hora para outra e eu precisava nadar junto da maré, para não ficar para trás nesse mundo e me afogar.

O sol estava esquentando tanto o meu corpo que eu conseguia sentir que a marca do biquíni já estava queimando a minha pele. Eu não costumava pegar tanto sol, então deveria me proteger ou acabaria ficando com uma insolação.

Max levantou a cabeça para me olhar ao sentir a boia se mexer e tentei me distrair o máximo para não focar meus olhos em seus olhos claros brilhantes pelo dia ou abaixar um pouco mais a visão para os seus lábios fechados e seu maxilar travado.

Cinco anos sem vê-lo pessoalmente fizeram realmente bem para minha visão sobre ele. Max estava bem mais alto e embora seu rosto não tenha mudado tanto, ele agora tinha a aparência de um homem completo. Sua pele ainda era muito clara e suas costas tinham se alargado, mas é claro que eu não estava reparando nesses detalhes desde que ele chegou só de bermuda na piscina há meia hora atrás.

Desci da boia e molhei meu corpo com a água que entrou em contato com minha pele, refrescando-me imediatamente. Se minha mãe estivesse ali no momento, com certeza ficaria louca de me ver fazendo aquilo sem molhar os pulsos ou o rosto antes.

— Ludovica! — Max chamou a mulher de meia idade que passava pelo local no momento, ela ao ouvir ele chamando, girou os calcanhares e voltou para a beira da piscina. Ele nadou até ela. — Pode trazer as cervejas para a cervejeira daqui de fora?

— Claro — ela sorriu e passou o olhar para mim. — Você quer alguma coisa em especial? Posso fazer um mix de frutas para se hidratar.

Ergui minhas sobrancelhas, deixando transparecer a minha "pobreza" em ver que realmente haviam pessoas que eram tratadas como príncipes e princesas por aí. Ninguém nunca faria um mix de frutas e me entregaria na piscina dessa forma. Quando comecei a estudar em Houston que aprendi de fato a me virar e percebi que a vida não era como em Mônaco, onde as pessoas eram ricas e herdeiras e não precisavam fazer absolutamente nada. De certa forma, longe de casa eu aprendi a dar mais valor a pequenas coisas que antigamente eu ganhava fácil dos meus pais e a enxergar que nem todo mundo tinha a metade das coisas que eu tinha, por isso qualquer ato exagerado de tratamento — como o de Rossi perguntando sobre até a música do carro ou de Ludovica querendo me trazer frutas na piscina — eu negava e me prontificava a fazer sozinha.

— Não precisa, muito obrigada — sorri para ela de forma carinhosa.

Ludovica sorriu de volta para mim e seguiu seu caminho para dentro de casa. Max se virou para mim e esticou seus braços na borda da piscina.

— Você não precisa ficar com vergonha de aceitar.

Não era vergonha.

— Eu só não quero ser tratada como uma princesa, mesmo que seja algo muito tentador. Acho isso extremamente diferente do que eu vejo fora daqui. Só em Mônaco as pessoas vivem em uma realidade paralela.

— Uau — ele riu. — Tenho que aprender um pouco disso com você.

Sorri para ele e voltei a me deitar na boia para tomar um pouco mais de sol.

Um tempo depois eu estava de olhos fechados quando ouvi a voz de Ludovica e a movimentação na água, então abri os olhos observando de relance Max saindo da piscina para pegar as cervejas da mão dela e ele mesmo guardar na cervejeira. Bom, acho que eu já tinha o influenciado de certa forma.

Fechei os olhos antes dele perceber que eu o observava.

[...]

— Tem algo que eu quero te mostrar — o piloto disse quando terminamos de almoçar sentados ao redor da mesa da sala de jantar.

O almoço tinha sido ótimo.

Ele se levantou e eu o acompanhei, mas antes juntei nossos pratos e levei em direção da cozinha até encontrar Ludovica que insistiu para ela levar. Depois de um certo tempo insistindo, eu ganhei a batalha e levei tudo até a pia para só então seguir Max pelo corredor para o segundo andar.

Como eu tinha saído a noite da casa dele naquele dia que desmaiei, quase não tive tempo para ver quão grande tudo ali era. As inúmeras portas do corredor me deixavam imaginando o que havia em cada cômodo.

Adentramos um lugar pela porta de vidro e observei uma enorme sala de troféus. Provavelmente se ele continuasse daquele jeito que eu vi em Mônaco e na Espanha, ele teria que aumentar aquela sala muito em breve.

Passei pelos troféus mais recentes até chegar no último, o da Catalunha. Ele estava brilhando e eu conseguia ver meu reflexo nele.

— O que você quer me mostrar? — perguntei.

Max pegou o troféu da Espanha em suas mãos e o girou. Imediatamente, senti toda a emoção percorrer o meu corpo e os meus olhos marejaram quando li o que estava escrito atrás dele.

"Para Scarlett e Alexsander Marchese"

— O que é isso?

— Seu troféu — ele esticou-o para mim. — É um presente, eu mandei escrever assim que ganhei.

Abri minha boca, mas não falei nada e nem me mexi. Ele ia mesmo me dar algo que era importante para ele?

— Não sou tão ruim igual você imaginava. Eu também tenho meu lado bom — Max sorriu.

Peguei o troféu nas minhas mãos e observei-o melhor. Aquilo era muito importante para mim e eu não sabia como agradecer da melhor forma por ele ter feito esse gesto.

— Obrigada, Max. De verdade.

Ele assentiu.

— Não foi nada.

Eu queria vencer aquela barreira de distância entre nós e abraçá-lo como uma forma mais carinhosa de agradecimento, mas sentia que iria desmoronar de vez se fizesse aquilo. Ele estava sendo bom de uma maneira que me fez sentir falta de não ter falado com ele durante todos esses anos. Eu não queria ficar vulnerável novamente e enlouquecer minha mente igual fiz quando era adolescente. Eu não sabia ainda qual era a dele.

— Você e o Leclerc se resolveram? — perguntei enquanto descia os degraus de volta para o primeiro andar agarrada com o troféu nos braços.

— Não tivemos tempo de conversarmos sobre isso, mas em breve nós voltaremos a nos falar. Eu e Leclerc sempre fomos assim e você sabe disso.

Eu sabia perfeitamente. A relação deles ficava entre o amor e o ódio desde que se entendiam por gente. Eles brigavam e faziam as pazes com tanta frequência que aquilo era só mais um gesto de mostrar que se importavam um com o outro e não deixavam de expressar suas opiniões verdadeiras quando algo não sabia como o esperado.

Deixei o meu troféu sobre o sofá da sala de estar e observei as chaves dos carros jogadas dentro de um pote na mesa de centro retangular.

— Você ainda dirige? — o piloto me perguntou ao notar que eu olhava para as chaves.

— Não dirijo mais desde a morte de Alex.

— Não sente vontade de voltar?

Parando para pensar melhor, eu sentia falta. Gostava de acelerar durante a noite nas estradas vazias e sentir o vento sob meus cabelos enquanto eu pisava fundo no acelerador. Infelizmente, ainda tinha um certo trauma sobre aquilo.

— Sinto, muita vontade — admiti em voz alta mais para mim do que para ele.

Me and the Devil | Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora