Capítulo Dezessete

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Ergui a mão para bater na porta do quarto do hotel que Rossi me indicou e embora eu soubesse que Max já estava sabendo que eu tinha chegado, senti um calafrio me percorrer por inteira. Não nos vimos mais depois do domingo em que praticamente saí correndo da casa dele e nem sabia se isso tinha sido bom ou ruim para ele.

Antes de bater, ela foi aberta e encontrei Max ali. Ele parecia tão sem jeito quanto eu ao me ver ali com a mão levantada como uma idiota que nunca tinha se encontrado com ninguém em um hotel.

— O meu plano era te esperar na porta — ele sorriu sem jeito e se afastou para o lado. — Entra.

Sorri de volta para ele e entrei no quarto, observando como era grande e luxuoso. Ouvi a porta ser fechada atrás de mim e me virei para Max.

Queria perguntar se ele estava bem, se estávamos bem, mas o que aconteceu me fez ter certeza de que sim, nada havia mudado entre nós e nem mesmo o pai dele havia feito a cabeça dele contra mim. Antes que eu pudesse fazer qualquer uma dessas perguntas, Max estendeu a mão e segurou meu rosto, pressionando nossos lábios em um beijo intenso e cheio de saudade. Levei alguns segundos para raciocinar sobre o que estava acontecendo e quando percebi, passei minhas mãos em volta de seu pescoço e o trouxe para mais perto de mim.

Deuses, eu tinha sentido muita falta dele. Como Max tinha esse poder sobre mim? Há anos que não consigo sentir nada por nenhum outro homem, mas com ele sinto que estou nas nuvens.

Como sempre nossos corpos não pareciam tão próximos, ele me puxou ainda mais para perto, deslizando as mãos pela minha bunda, apertando com um pouco mais de força enquanto seus lábios ainda dançavam com os meus.

— Senti sua falta — ele disse quando nos separamos, mas ainda continuamos perto um do outro.

— Mas nem respondeu a minha mensagem — dei alguns passos para trás e cruzei os meus braços.

— Eu quis te fazer uma surpresa.

Ele ficou sério. Max sério não era algo que eu gostava de ver.

— Preciso conversar com você uma coisa muito importante hoje.

Ótimo, mais um para me irritar. Já não bastava Tyler com aquela fala de duplo sentido dele no bar e agora Verstappen queria conversar algo importante comigo. Ótimo.

— Devo me sentar? — perguntei brincando, mas ele assentiu e eu senti meu coração se acelerar.

Me sentei na beirada da cama de casal e ele puxou uma cadeira para se sentar na minha frente. Aquilo estava realmente começando a me assustar. O que era tão importante assim?

— No domingo a noite antes de ir para o Canadá eu fui na sua casa e você tinha saído com o Leclerc. Sua mãe me perguntou algo que meu pai também me disse e eu não consegui parar de pensar nisso e acho que você deveria saber.

Ergui minhas sobrancelhas. Então todos sabiam de algo que eu não sabia?

— Fala logo Max.

— O que aconteceu com o seu irmão não foi um acidente de trabalho.

Virei minha cabeça para o lado. Se não tinha sido, então tinha sido o quê?

— Foi suicídio. Um dia antes da corrida, o Alexsander veio até mim dizendo que não estava se sentindo bem ultimamente, mas que não queria decepcionar os pais e nem você, mas eu não entendi o que ele queria dizer com aquilo. No dia da corrida, na hora daquela disputa na curva, foi quando eu percebi. Ele estava fazendo de propósito, afinal todo mundo sabia que o Alex não forçava curvas como aquela. Quando eu fui ver se ele estava bem na hora que ele bateu, ele tirou o capacete ainda dentro do carro e falou uma coisa que eu nunca mais esqueci.

— Max, não sei se posso continuar ouvindo — o interrompi, nesse momento as lágrimas rolavam pelo meu rosto descontroladamente.

Ele segurou minhas mãos, passando os polegares sobre minha pele.

Alex tinha se suicidado? Como eu nunca soube disso? Eu deveria saber, eu era a melhor amiga dele, eu era a irmã e a princesa dele. Como ele escondeu de mim que estava mal?

Ficamos um pouco em silêncio.

— O que ele te falou?

— Ah, Scarlett — ele soltou minhas mãos e passou-as pelo rosto, levando-as à cabeça e bagunçando o cabelo em seguida. — O Alex pediu para que você nunca descobrisse sobre isso. Ele disse que você ia ficar chateada se soubesse que ele te abandonou no meio da vida. Foi quando eu pensei em você. Sabe, eu olhei para o telão perto de nós e você estava lá no pit lane, devastada. Eu prometi para ele naquele momento que você não iria saber e eu assumiria a culpa. Eu preferiria que você ficasse com raiva de mim a vida inteira do que dele.

Eu não conseguia acreditar. Max escolheu mentir para mim para que eu não sentisse raiva do meu irmão. O que aquilo significava?

— Os meus pais sabem disso? — perguntei e ele assentiu. — O Charles também?

Ele encolheu os ombros.

— Eu não sei.

— Por que você mentiu para mim? — aumentei o tom de voz. — Durante todos esses anos eu fiquei com raiva de você atoa? Por que você escolheu essa opção de assumir o risco se era só me contar que meu irmão se suicidou?

— Porque você amava ele! Ele era tudo para você. Vocês dois cresceram juntos, todos sabiam como eram almas gêmeas. E bom, eu já estava sendo um idiota com você, achei que era melhor você me odiar do que odiar o seu irmão por ter tirado a própria vida tão novo.

Observei seus olhos marejar. Eu nunca tinha visto Max chorando antes.

— Só não fica com raiva agora.

Balancei minha cabeça, como eu poderia estar com raiva? Max ficou esses anos inteiros sendo ignorado por mim por causa de algo que ele prometeu para o meu irmão.

— Está tudo bem — falei, me surpreendendo com a calma que me invadiu no momento. — Eu ainda me lembro do sonho que meu irmão me disse que nem tudo era como eu pensava. Talvez ele estivesse querendo que eu descobrisse a verdade.

— Obrigada por me contar a verdade — forcei um sorriso para ele. — Mas acho que preciso ficar sozinha agora.

— Tem certeza que não quer dormir aqui hoje?

— Prefiro ir para minha casa — e então tive uma brilhante ideia, ficar sozinha não resolveria em nada. — Mas você poderia ir para minha casa comigo se quiser.

Os olhos dele se iluminaram.

— Não sei quanto tempo você planeja ficar aqui, mas seria bom passar o fim de semana com você no meu apartamento. A não ser que seja simples de mais para uma pessoa como você.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Do que está falando? Vamos logo fazer o checkout desse hotel — ele riu e eu sorri. Max era incrível.


Me and the Devil | Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora