Capítulo Quinze

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Não conseguia imaginar a proporção que minha viagem a Mônaco havia tomado durante o mês de férias que passei lá. Só quando voltei à faculdade em Houston é que percebi o que havia acontecido. As pessoas olhavam para mim como se eu fosse outra pessoa durante minhas caminhadas pelos corredores e cochichavam umas com as outras. Eu tinha certeza que era tudo por causa da minha aparição repentina na corrida de Mônaco e pelas fotos que estavam por todos os sites sobre o evento onde cheguei bem ao lado do Max.

Encontrar Abigail entre todas as outras pessoas naquele corredor lotado antes de ir para a aula foi como um alívio. Ela era minha vizinha de apartamento e fazia o mesmo curso que eu. Além do mais, ela estava sendo meu pilar para evitar os olhares estranhos que me cercavam a cada passo que eu dava.

— O que você vai fazer quando sair do restaurante hoje? — ela me perguntou, agarrando meu braço com uma mão para firmá-lo.

Meus planos envolviam dormir ou assistir a um filme, mas se ela tivesse uma ideia melhor, eu certamente aceitaria com prazer.

— Não vou fazer nada — encolhi os ombros, caminhando até o fim do corredor para poder entrar na sala de aula.

— Podemos nos encontrar na escada e você pode me contar sobre o que aconteceu em Mônaco. Tudo isso com um bom vinho — ela sorriu empolgadíssima, eu sabia que em algum momento ela iria querer saber detalhes de como fui parar em um lugar com celebridades e um piloto ao meu lado.

Mesmo que Abigail não fosse exatamente uma melhor amiga, foi ela quem me acolheu há cinco anos, quando me mudei para Houston e comecei a faculdade. Ela era uma pessoa incrível e fizemos amizade quando descobrimos que morávamos lado a lado no mesmo prédio. Eu sabia que ela não contaria a ninguém o que eu dissesse a ela, então decidi aceitar seu convite para nos encontrarmos na escada de incêndio do prédio para beber e fofocar.

— Com licença — uma menina ruiva nos fez parar de caminhar. Ela tinha seu celular em mãos. — Você pode tirar uma foto comigo? — perguntou sem rodeios para mim. Ergui minhas sobrancelhas.

Virei minha cabeça para Abigail, que fez uma careta e sorriu. Olhei para a ruiva na minha frente e encolhi os ombros antes de concordar.

O problema era que eu mal sabia o que viria depois disso.

Mais pessoas se aproximaram para tirar foto como se tivessem perdido a vergonha de pedir e mesmo não sendo nada famosa, aceitei sem entender direito o que estava acontecendo. Isso me atrasou para a aula.

À tarde, em meu emprego de meio período em um restaurante caro no centro da cidade, também não conseguia chegar ao trabalho sem que me vissem e, consequentemente, meu celular vibrava no bolso com novas notificações de seguidores e das pessoas que postaram a foto comigo e me marcaram.

Eu ainda não tinha decidido se isso seria bom ou ruim.

[...]

Cheguei em casa por volta das oito e meia da noite e me joguei no sofá, cansada de tudo que havia acontecido naquele dia. Tirei o celular do bolso da calça e abri meu Instagram, observando toda aquela movimentação na minha rede social, mas teve algo que me chamou ainda mais a atenção.

Max tinha me seguido.

Entrei em seu perfil e observei a foto postada recentemente, ele tinha ganhado no Canadá, bom, o que não era uma tão novidade assim.

Desde o dia em que saí de sua casa, trocamos poucas mensagens de texto e o disse que não estava bravo com o seu pai, embora estivesse. Ele não precisava se preocupar com isso. Não nos falamos depois do meio da semana, porque eu comecei a fazer as malas para voltar para os Estados Unidos e ele começou a treinar duro para a corrida do fim de semana. Senti sua falta, mas não tive coragem de mandar mensagem. Então a única coisa que fiz foi segui-lo de volta.

Caminhei até meu banheiro e comecei a tirar a roupa para tomar um banho e me encontrar com Abigail para conversar como prometido e combinado anteriormente.

A essa altura, eu estava desistindo de contar a ela sobre meu súbito envolvimento com Max. Na verdade o que aconteceu foi repentino e eu não sabia se iria para frente ou não e, embora uma parte de mim quisesse que fosse para frente, outra parte me fez pensar que não deveria entrar neste mundo novamente. Eu não suportaria ver nada acontecer com ele.

Alguns minutos depois, de banho tomado e já vestida, peguei minha taça e saí pela janela do meu quarto para a escada de incêndio no mesmo minuto em que vi Abigail sair.

— Então — ela disse, se sentando em um dos degraus ao meu lado. — Me conte tudo, sem exceções.

E contei, desde o dia que o vi na pista no aniversário da morte do meu irmão até o dia em que o pai dele chegou e acabou com todo o clima. Abigail estava sem palavras.

— Quer dizer que você apostou corrida com Max Verstappen e Charles Leclerc? — ela perguntou, estatelada. De tudo que eu disse ela só tinha absorvido essa parte?

— Bom — soltei um sorriso sem graça. — Falando dessa forma parece que não foi uma boa ideia fazer isso. E eu não apostei corrida.

— Você é incrível! — ela me abraçou de lado meio desajeitada. — Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginaria você fazendo isso.

Nem eu.

— Vocês estão conversando agora?

Balancei a cabeça negando, embora eu quisesse estar falando com ele. Max tinha vencido a corrida e eu nem tive coragem de parabenizá-lo.

— Então vamos falar agora?

Ergui uma sobrancelha para ela, desistindo até mesmo de levar a taça com o vinho até a boca.

— Amiga, é o Max Verstappen, atual bicampeão de Fórmula Um, se você deixar essa oportunidade escapar, nunca mais terá outra. Agora anda — ela fez um sinal com as mãos. — Me passa o seu celular.

Hesitante, entreguei meu celular para ela. Talvez Abi fosse a coragem que faltava para que eu pudesse mandar mensagem para ele.

Ela ficou digitando algum tempo, então entregou o meu celular novamente.

E lá estava a mensagem enviada para ele.


Me and the Devil | Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora