Enzo Martins
Acordei no horário de sempre. Tomei um banho, vesti uma roupa quente porque tá um frio do caralho aqui em SP e passei muito perfume.
Desci pra preparar o meu café e o da minha irmã.
— Aqui, princesa. - Entreguei o leite com nescau e as bolachinhas que ela gosta.
— Brigada, irmão - Ela respondeu toda felizinha com aquele sorriso dela.
— Come devagar, Lara. - Falei quando vi o quão rápido ela tava comendo.
— É porque quero ir falar com o papai. - Disse toda animada.
— O papai ainda não chegou da viagem, Lara. - Respondi respirando fundo sabendo que ela vai ficar triste.
— Mas hoje não é terça? Papai disse que voltava na terça. - Falou enquanto os olhos enchiam de lágrimas e puta merda... como isso partia meu coração.
— Sim, ele falou. Mas parece que teve um imprevisto e ele só vai conseguir chegar no fim da semana. - Falei enquanto fazia carinho na bochecha dela, limpando a lágrima.
Isso me mata de raiva. Meu pai sabe o quanto a minha irmã quer ter ele por perto e parece que mesmo sabendo não se importa.
Eu já passei por tudo que ela tá passando e sei exatamente o que ela tá sentindo. A Lara tem cinco anos e é óbvio que não entende a ausência do nosso pai ainda.
Ele é um cirurgião dentista muito renomado, viaja o mundo dando aulas e palestras. Foi por ele que eu escolhi cursar Odontologia.
Mas quando eu tiver minha família, jamais vou fazer metade das coisas que ele faz com a gente. Mesmo seguindo o "caminho" dele, como muitos dizem.
A Lara foi com a Flávia, quem cuida dela e da casa, se ajeitar pra podermos ir.
— Coloca o cinto, Lara. - Falei olhando pelo retrovisor ela na cadeirinha sem o cinto.
— Não quero. Não quero colocar o cinto e não quero ir pra escola. - Falou cruzando os braços fazendo birra.
Respirei fundo passando a mão pelo rosto. Eu sabia o que tava acontecendo, até porque ela sempre vai animada pra escola sem nem contestar.
— Olha, princesa. - Me virei pra ela — Se você for obediente como sempre, na hora de te buscar prometo passar no Mcdonald's. - Ela desfez o bico e foi abrindo um sorriso.
— De verdade? - Eu assenti — Porque o papai me promete as coisas e nunca cumpre. - Disse abaixando a cabeça.
— Eu não sou o papai. Algum dia já te prometi algo e não cumpri? - Perguntei convicto da resposta que ela me daria.
— Não. - Deu o sorrisão dela.
— Então. - Pisquei pra ela — Agora coloca esse cinto porque eu não posso me atrasar igual ontem, beleza? - Ergui uma mão pra ela bater.
— Beleza. - Bateu na minha mão.
Ontem eu me atrasei pra faculdade porque a Lara fez manha pra ficar na cama e eu deixei ela dormir por mais um tempinho.
Deixei a Lara na escola e arranquei em direção a USP.
Assim que estacionei, agradeci por nenhuma loira bater no meu carro hoje.
Aproveitei pra ver meu celular, que tinha apitado enquanto eu tava dirigindo.
Felipe viado 🦌
Felipe viado 🦌: E aí irmão 7h12
Felipe viado 🦌: Como o exemplo que sou, já cheguei na faculdade
Felipe viado 🦌: To na lanchonete, encosta aqui
Você: Blz 7h18
Você: Acabei de chegarBloquei meu celular e desci do carro, indo encontrar esse corno na lanchonete.
Cecília Albuquerque
Graças aos trinta alarmes, consegui acordar no horário. Amém???
Já fui pro meu banho matinal, vesti um moletom, calcei meu tênis e passei perfume.
Arrumei meu café e só voltei pro quarto pra escovar os dentes.
Quando eu tava entrando no elevador, percebi que tava sem a minha bolsa. É claro que eu ia dar algum fora, virou hábito.
Assim que peguei minha bolsa, corri pra aproveitar o elevador que ainda tava parado no meu andar.
Entrei no carro e verifiquei se tava tudo certo, pra poder ir pra faculdade tranquila sem deixar nada pra trás.
Consegui estacionar o carro direitinho, sem bater em ninguém, e fui encontrar a Amanda.
— Agora sim. - Eu disse abraçando a Amanda — Consegui não me atrasar hoje, já considero um progresso.
— Puta merda, Cecília. Tu é cheirosa demais, como pode? - Perguntou indignada e eu ri.
— Nada de novidade por aqui. - Pisquei pra ela.
— Vamos ali na lanchonete, não tomei café. - Amanda disse me puxando.
— Enquanto você fica na fila, vou pegar uma mesa pra gente. - Avisei a Amanda e fui pegar uma mesa pra guardar lugar.
[...]
— Cecília, ajuda aqui se não vai cair. - Ela veio com duas bandejas.
— Uai minha filha, trouxe um mantimento pra levar pra base? Vai alimentar um exército? - Perguntei ajudando ela a colocar as coisas na mesa.
— A outra bandeja não é minha. - Respondeu rindo — É porque a fila tava muito grande e eu acabei fazendo amizade. Aí chamei ele pra sentar com a gente. - Explicou apontando pras bandejas.
— Amigo de longa data esse seu. - Falei zuando — Fico até insegura com todos esses anos de amizade de vocês. - brinquei com o fato dela ter feito amizade com o menino em questão de minutos.
— Vai se fuder, Cecília. - Disse rindo negando com a cabeça — Muito gente boa, cê vai gostar. - Falou e eu assenti, esperando esse tal amigo novo dela chegar.
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Aquela Pessoa
Teen Fiction"Todo mundo tem uma pessoa, aquela pessoa Que te faz esquecer todas as outras".