Enzo Martins
Entramos na sala de cinema e foi o maior trabalho achar os nossos lugares por causa do escuro.
— Puta que pariu, viado. Liga a lanterna aí se não eu vou cair. - O Felipe disse realmente quase caindo dos degraus da escada do cinema.
— Você só dá trabalho, cara. - A Cecília resmungou ligando a lanterna pra ele.
— Vai logo, Felipe. - A Amanda falou baixo apontando — E anda logo porque tem muita gente atrás da gente aqui querendo subir também.
Esperamos o Felipe subir as escadas igual criança e conseguimos achar nossos lugares lá no fundão.
— Destroca as sacolas, a moça me deu a sacola de vocês. - O Felipe falou e a gente destrocou as sacolas dos lanches.
Peguei o meu lanche e entreguei o da Cecília pra ela, que teve um pouco de dificuldade de conseguir achar um lugar pra colocar o lanche por causa da pipoca.
Já tinha se passado uns dez minutos e nada do filme começar, só passando os trailers.
— Essa porra não vai começar não? - Perguntei já puto e ouvi a gargalhada da Amanda do lado da Cecília.
— Caralho, já to terminando meu lanche e esse filme de vocês não começam. - Felipe reclamou e eu olhei pra ele, vendo que realmente já tava no final do hambúrguer dele.
— Vocês dois são muito sem paciência, credo. - Amanda brigou com a gente e eu neguei com a cabeça.
— Olha aí, tá começando. - A Cecília falou e eu olhei pro telão.
O filme começou e parecia ser maneiro, não vou negar.
Já tinha se passado uns vinte minutos de filme e todo mundo já tinha terminado de lanchar, menos a Cecília que ainda precisava matar a pipoca dela.
— Loira. - Felipe sussurrou chamando a Ceci — Dá um pouco de pipoca aí.
— Real, amiga. - A Amanda concordou com ele — To na vontade dessa tua pipoca.
— Engraçado que na hora que eu quis vocês me julgaram e agora tão me pedindo. - Cecília reclamou passando a pipoca pra eles, que sorriram falso pra ela me fazendo rir.
Ela deitou a cabeça no meu ombro e eu deitei a minha por cima, sentindo o perfume do cabelo dela.
Tínhamos gargalhado de várias cenas do filme, realmente era muito bom.
O Felipe, que foi quem mais julgou essa ida no cinema do início ao fim, foi o que mais riu.
Vi meu celular vibrando com alguma notificação e era a Cecília me mencionando em um story.
A Amanda cutucou a Cecília entregando a pipoca de volta e ela colocou no colo, desencostando a cabeça do meu ombro pra voltar a comer.
Apesar do filme ser bom, tava me batendo um puta sono pela quantidade de horas que eu dormi.
Resolvi encostar a cabeça no ombro da Cecília, que começou a fazer carinho no meu rosto com a mão disponível, enquanto comia a pipoca com a mão ocupada.
Moleque, eu não vi mais nada. Simplesmente acordei com a Cecília batendo de leve na minha perna, me chamando.
— Acabou o filme. - Ela me falou, quando abri os olhos.
— Já, amor? - Perguntei totalmente sonolento me espreguiçando, fechando os olhos novamente.
— Já. - Respondeu sorrindo e eu não entendi o porquê.
— Tu roncou que só a porra, o cinema todo ficou reclamando. - Felipe veio me perturbar depois de levantarmos pra ir embora.
— Deixa de mentir, velho. - A Amanda respondeu — Tu dormiu logo depois do Enzo e quer ficar tirando ele.
— Maluco também tá com a maior cara de sono e acha que vou botar fé no que ele tá falando. - Respondi descendo as escadas junto com eles.
Saímos do cinema e fomos pagar o estacionamento do shopping.
Depois de pagar, fomos atrás do carro pra meter o pé.
— Pilham uma festinha? - O Felipe perguntou bocejando logo em seguida.— Cala a boca, cara. - Já cortei ele de início antes que arrastasse a gente pra algum lugar.
— To querendo só uma caminha agora. - Cecília respondeu encostada no vidro mexendo no celular.
— Se eu não aparecer lá em casa, meu pai manda a equipe dele atrás de mim. - A Amanda falou e eu ri.
— Teu pai é policial, né? - Perguntei e a Amanda assentiu — Acho maneiro a profissão.
— Eu detesto só pelo fato dele me julgar por eu querer ser advogada. - Ela falou e eu fiz careta pensando no quanto isso deve dar briga entre os dois.
— Aquela casa vira uma guerra quando eles entram nesse assunto. - A Cecília falou e passamos a escutar um ronco do nada.
— O Felipe dormiu? - Perguntei e a Amanda concordou gargalhando — Nem fudendo, ele tava chamando a gente agora há pouco pra festa.
— Ele foi de neneca. - Cecília falou zuando gravando ele e eu ri.
Passamos o resto do caminho tendo que suportar o ronco do Felipe.
Assim que chegamos aqui em casa, pedi pra ninguém acordar ele.
Desci do carro devagar e abri de uma vez a porta que o Felipe tava encostado, fazendo ele cair no chão.
— Porra, vai se fuder caralho. - Felipe falou muito puto depois de ter acordado no susto — Mas que merda vocês tem na cabeça?
Não conseguimos responder nada, apenas rir da queda dele.
A Cecília foi correndo pra dentro lá de casa, falando que ia mijar nas calças de tanto rir.
O Felipe entrou pisando alto, indo pegar a chave do carro dele pra levar a Amanda embora.
Ela aproveitou que os dois estavam lá dentro e começou a vasculhar a bolsa.
— Aqui. - Me entregou rápido o anel que ela tinha pegado com a Cecília lá na festa — Me manda os modelos pra eu te ajudar a escolher o mais bonito.
— Beleza. - Falei escondendo o anel no meu bolso com medo da Cecília aparecer — Valeu, Amandinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquela Pessoa
Teen FictionEm um dia comum no estacionamento da faculdade, um acidente inusitado une os caminhos de duas pessoas que, até então, eram completos estranhos. O impacto do encontro vai muito além dos carros amassados: suas vidas começam a se entrelaçar de maneira...