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Enzo Martins

Caralho, nem acredito que eu finalmente tomei coragem de beijar a Cecília.

    Agora sim, pô. Aconteceu como tinha que acontecer, sem álcool no meio.

    Com esse beijo eu pude ter certeza do quanto eu quero essa garota, puta que pariu. Que beijo bom da porra.

    Depois de uns minutos, ela encerrou o beijo com selinhos e eu colei as nossas testas dando mais um selinho nela.

— Agora sim, tá pago. - Falei sussurrando e ela gargalhou.

— Tava demorando, né. Muito frouxo você. - Ela falou irônica passando o nariz pelo meu e eu olhei incrédulo pra ela, que riu da minha cara.

— Frouxo o caralho, aquele dia no quarto do Felipe ele atrapalhou, pô. - Falei posturado - Moleque não sabe fazer nada, só atrapalhar.

— E no feriado lá no cu de Judas? - Ela disse se referindo ao buraco que o Felipe meteu a gente recentemente.

— Aquele dia não achei certo deixar rolar sendo que tu tava bebinha. - Falei apertando o nariz dela, que fez careta — Imagina se rolasse e no outro dia tu esquecesse, me deixando com cara de tacho.

— Ia ser engraçado, vai. - Ela falou rindo imaginando a situação.

— Engraçado pra você né. - Falei erguendo uma das sobrancelhas e ela concordou com a cabeça.



                                         [...]



— Bom, vou lá. - Ela disse fazendo bico. — Preciso ir pra uma palestra ainda. - Se jogou no banco e eu ri.

— Palestra sábado, sei... Tá querendo fugir de mim, isso sim. - Falei implicando com ela.

— Por que eu iria fugir se eu passaria o dia todinho aqui contigo? - Ela disse se aproximando com um sorrisinho.

— É? - Perguntei me aproximando também, olhando pra boca dela.

— É. - Ela concordou fazendo o mesmo e eu beijei ela de novo.

     Depois que a Cecília desceu do carro, esperei ela entrar no prédio e fui direto pra casa passar um tempo com a minha irmã.

    Quando cheguei lá, nem minha irmã e nem meu pai estavam. Só a Flávia, que cuida da casa e da Lara.

— Flávia, meu pai chegou com a Lara depois que eu levei ela na apresentação? - Perguntei.

— Não. Desde que vocês saíram, eles não voltaram. - Ela respondeu.

Já que a Lara não tava, resolvi ir pra casa do Felipe. Hoje eu não tava querendo ficar em casa sozinho de jeito nenhum.




                                          [...]




— E aí, parceiro. - Fiz um toque com ele entrando na casa.

— Já tá com saudades de mim, pô? - Ele perguntou vindo atrás de mim depois de fechar a porta.

— De tu não, da tua piscina talvez. - Falei na lata e ele cruzou os braços.

— É né... Só sirvo pra isso mesmo. - Ele falou fazendo drama e eu ignorei.

Curtimos uma piscina, um sonzinho... essas coisas maneiras. Só que eu percebi que o bicho tava meio pra baixo.

— O que tu tem, Felipe? - Perguntei logo, sem enrolação.

— Eu? Nada, por quê? - Mentiu.

— Tá aí todo pra baixo, tu não é assim. - Falei desconfiado.

— Ah, é aquele lance com a Amanda. Me deixou assim, pô. E agora eu não sei o que fazer porque normalmente eu não to nem aí. - Desabafou.

— Porra, cara. Mas o jeito que tu tá agindo, não ajuda também, né. - Fui sincero — Ao invés de tu ir lá e conversar com a mina, tu pega e fica emburrado igual criança.

— É porque eu não sei o que fazer, cara. - Ele falou passando o mão no rosto — Eu sempre to fodase pras meninas que eu pego e achei que dessa vez não seria diferente.

— Você tem que ter certeza do que tu quer antes de resolver as coisas. Não adianta nada tu ir conversar com a Amanda e cobrar algo que tu não queira cumprir. - Aconselhei.

— Tá. Chega de falar de mim, bora falar de tu. - Ele disse mudando de assunto — Como vai as coisas com a Cecília?

— Hoje a gente ficou. - Falei normal enquanto bebia um gole da minha cerveja.

— E tu vem me falar isso só agora, filho da puta? - Ele perguntou desacreditado.

— Sim, ué. - Respondi simples.

— Conta as coisas direito, parceiro. - Falou me dando um tapa na cabeça — Mania feia de falar as coisas pela metade.

Quando eu ia contar como foi, o André chegou me interrompendo.

— Bora sair hoje, rapaziada? - O André perguntou mexendo no celular.

— Hoje eu não to muito afim não, mano. - Felipe respondeu deitando na espreguiçadeira.

— Caralho moleque, vocês precisam me arranjar essa amiga de vocês. Macetava muito essa gostosa. - O filho da puta falou mostrando a foto que a Cecília tinha acabado de postar.

Eu coloquei minha garrafa no chão e levantei fervendo de ódio assim que esse otario abriu a boca pra falar merda.

O Felipe levantou entendendo que eu tava puto e mandou o irmão dele vazar, que saiu sem entender nada.

— Calma, porra. Você sabe que o André é assim mesmo, pô. Ele nem sabe que você e a Cecília ficaram. - Ele falou colocando a mão no meu ombro.

— Tu vai mesmo defender teu irmão só por ele ser teu irmão? - Perguntei puto — Isso é mais questão de respeito do que qualquer outra coisa. Vai ficar deixando esse babaca falar assim da Cecília, que é tua amiga também, porra? - Saí de lá deixando o Felipe sozinho.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora