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Enzo Martins

Acordei com a campainha tocando. Abri os olhos lentamente e vi que eu dormi agarrado na Cecília.

Resmunguei e me apertei mais nela, na esperança da campainha parar de tocar.

A Cecília acordou com a cara amassada e me olhou confusa, se sentando na cama.

— Não vai atender? - Perguntou com voz de sono.

— Não. - Falei fechando os olhos — Já já para de tocar.

— Não vai nem olhar quem é? - Perguntou e eu bufei puxando meu celular do carregador.

Abri as câmeras aqui de casa e selecionei a que ficava do lado da campainha.

— Que chique. - Ela disse se referindo ao aplicativo das câmeras — Não acredito que são eles, cara.

— Puta que pariu, eu vou matar o Felipe. - Falei puto olhando as horas no meu relógio — Que porra esse maluco tá fazendo aqui 9 horas da manhã num sábado?

— Só atendendo pra saber. - A Cecília disse dando de ombros e eu neguei — É sério que você não vai atender?

— Eu não, ele vai ficar pro lado de fora. - Respondi simples e ela me olhou feio — Qual foi? Se eu for lá acabo batendo nele. É melhor ficar aqui quieto pra evitar estresse.

— Ai, Enzo. - Ela resmungou levantando da cama vestindo uma roupa minha.

— Onde você vai? - Perguntei vendo ela abrindo a porta do quarto.

— Tirar o Felipe do lado de fora, ué. - Respondeu — Porque se for por você, ele fica lá pra sempre.

Levantei puto e vesti uma roupa pra receber essa porra que eu chamo de amigo.

Desci as escadas e me deparei com o Felipe me olhando debochado.

— Bom dia, bela adormecida. - Ele ironizou — Achei que não ia acordar.

— Bela adormecida vai virar você quando eu te fazer dormir pra sempre. - Respondi irritado — O que tu quer?

— Responde as visitas direito, cara. - Cecília me corrigiu e eu revirei os olhos.

— Por isso que eu gosto da loira. - Ele disse bagunçando o cabelo dela — Sempre do meu lado.

— Bom dia pra você também, Enzo. - A Amanda falou me fazendo notar a presença dela.

— Porra, Amanda. Como tu deixa esse sem noção acordar a gente uma hora dessa? - Perguntei com cara de tédio e ela arqueou uma das sobrancelhas.

— A ideia foi minha. - Ela respondeu e eu ri negando com a cabeça.

— Não sei qual dos dois é pior, puta que pariu. - Falei desacreditado e os três riram da minha cara.

— Eu trouxe pão, porra. - O Felipe falou levantando uma sacola.

— Ótimo, vou enfiar no teu c... - Fui interrompido pela Cecília.

— Vem gente, deixa o mal humorado sozinho. - Falou chamando todo mundo pra cozinha e eu apenas segui eles.

O Felipe foi diretamente nos lugares que tinham as coisas de fazer o café.

— Como você sabe onde fica cada coisa na cozinha do Enzo? - A Amanda perguntou pro Felipe se sentando na mesa junto com a Cecília.

— Porque eu já cozinhei aqui mais do que o próprio Enzo que mora aqui. - Ele respondeu colocando a água pra ferver.

— A Cecília tá com cara de quem deu horrores. - A Amanda falou encarando a Cecília e ela riu — Sabia.

— Ainda bem que deu mesmo. - Falei sorrindo de canto me juntando com elas na mesa.

— É claro que deu, porra. Tá até com a roupa do Enzo. - O Felipe falou lá do outro lado da cozinha e a Cecília deu dedo pra ele.

— Obrigada, amigos. Ontem depois da nossa conversa no grupo comi o melhor lanche da minha vida. - A Amanda falou e a Cecília gargalhou.

— Tu me paga, loira feia. - Felipe veio apontando pra Cecília, que gargalhou ainda mais — Eu pronto pra ir de soneca mas tive que esperar 45 minutos pro lanche da Amanda chegar. Pode estornar o valor no meu pix.

— Vou nada. Você que se vire. - A Cecília respondeu ele — Tá achando que é assim? Não pagar nem um ifood pra menina? Minha amiga não é qualquer uma não.

— Isso amiga, coloca moral nesse aí. - A Amanda incentivou a Cecília.

— O que eu falei pra você antes da gente ir lá pra casa, Amanda? - O Felipe perguntou com os olhos estreitos.

— Eita, que o maluco ficou bravo. Chamou de Amanda, não de Amandinha. - Falei colocando lenha na fogueira e a Cecília me beliscou por debaixo da mesa.

— Não me lembro. - Ela respondeu a pergunta do Felipe fazendo uma cara de sonsa.

— Deu alzheimer, né? - Ele perguntou irônico cruzando os braços e a Amanda segurou o riso — Ontem eu perguntei antes da gente ir lá pra casa se ela queria comer e adivinhem?

— Ela disse que não tava com fome. - A Cecília completou e o Felipe assentiu — Típico da Amanda.

— Olha lá, Felipe. - Amanda apontou — A água do café fervendo e tu aqui batendo papo.

— Tá gastando meu gás, filho da puta. - Joguei alguma coisa que tava na mesa nele.

— Parece piada, o Enzo morando em um casarão desse se importando com o gás. - A Amanda falou rindo e a Cecília negou.

— Ele tá nem aí pra nada não, pô. - Felipe disse enquanto terminava o café — Todo filhinho de papai, só se faz de mão de vaca.

— Falou o filhinho de mamãe. - Debochei dele.

— Todo mundo aqui é filhinho de papai. - A Cecília falou como se fosse óbvio.

— Pelo menos somos inteligentes. - Felipe falou dando de ombros — Não é qualquer um que passa na USP.

— Depois que eu te conheci tive a certeza de que qualquer um passa na USP. - Falei sincero e as meninas gargalharam da cara de indignado do Felipe.

— O brilho do Felipe sumindo. - A Amanda falou se contorcendo de rir.

— O Enzo é o pior inimigo do Felipe. - Cecília disse gargalhando — Nunca vi tanto esculacho.

— Esse maluco me ama, isso sim. - Ele falou colocando a garrafa de café na mesa — Não vive sem mim não, pô.

— Vai nessa. - Respondi levantando pra pegar mais algumas coisas pra colocar na mesa.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora