Cecilia Albuquerque
Acordei com uma dor de cabeça infernal. Aquela praga do meu primo me paga.
Fui pegar meu celular do meu lado mas não achei, me fazendo abrir os olhos e estranhar totalmente onde eu tava.
Olhei ao meu redor e alguns flashbacks da noite passada vieram na minha cabeça.
— Acorda, porra. - Falei baixinho sacudindo o Matheus, que também estranhou onde tava.
— Onde a gente tá? - Perguntou sentando no chão.
Sim, tínhamos dormido no chão.
— Eu sei lá, me diz você. - Falei passando a mão pelo meu cabelo.
— Caralho, mané. Lembro de nada. - Falou com a cabeça quase saindo fumaça de tanto pensar.
— Eu só lembro da gente enchendo a cara ontem, não quero nem ver minha fatura do cartão. - Falei enquanto levantava — Vai ficar aí mesmo?
— Chata. - Matheus resmungou levantando — Vamo sair daqui logo.
Saímos do quarto onde estávamos, caminhando pelo apartamento e vendo algumas pessoas deitadas no chão dormindo também.
— Isso daqui tá mais pra hospício. - Matheus falou baixinho abrindo uma porta — Vem, vamos sair daqui logo.
Saímos daquele apartamento e apertamos o elevador.
— Você nunca veio pra cá antes? - Perguntei e o Matheus negou com a cabeça.
O elevador parou no nosso andar e abriu, fazendo a gente dar de cara com um rapaz.
— Uai, já vão? - O garoto perguntou com algumas sacolas cheirando a pão.
— Você conhece ele? - Perguntei pro Matheus.
— É meu parceiro, porra. - Respondeu dando um abraço no menino.
— Vocês não lembram de nada? - O rapaz perguntou segurando o riso.
— Não. - Falei respirando fundo prestes a perguntar algo que me arrependeria dependendo da resposta — Fizemos alguma merda ontem?
— Não, cara. Vocês não fizeram nada, só ficaram muito bebados com a galera. - Respondeu me fazendo respirar aliviada.
— E de quem é o apê que a gente acordou dormindo no chão? - Matheus perguntou.
— Do joão, irmão da minha namorada. - O amigo do meu primo respondeu — Vocês não vão nem tomar café?
— Não, irmão. Temos que ir já. Meus tios vão me matar por não ter levado a princesinha deles pra casa ontem. - Matheus falou apontando pra mim, me fazendo rir sabendo que é verdade.
— Então boa sorte aí. Se cuidem. - Falou se despedindo da gente.
Apertei o botão do elevador novamente e dessa vez realmente entramos.
— Pelo menos eu não fiz nenhuma merda. - Falei encostando a cabeça no espelho do elevador — Se não, já me mandava agora pra São Paulo.
— Deixa de drama, Cecilia. Fazer merda e viver andam juntos. - Falou me beliscando e eu desci o tapa nele.
— Cara, que coisa louca. Nunca bebi e esqueci dos acontecimentos. - Falei refletindo — Será que sabotaram nossa bebida?
— Nada, pô. To acostumado com isso já. - Falou saindo do elevador — Provavelmente tu nunca deve ter bebido igual ontem.
— Isso com certeza. - Afirmei.
— Agora não lembro onde deixei o carro. - Falou coçando a nuca olhando aquele monte de carros na nossa frente.
— Mas que caralho, em. - Falei irritada por tudo estar errado — Coloca o alarme pra apitar.
Ele fez isso, fazendo com que o alarme dele apitasse pouca coisa longe de onde nós estávamos.
Entramos no carro e o Matheus foi o caminho todo pensando na bronca que levaria dos meus pais.
Também passou parte do caminho falando na Amanda. Sim, os dois já ficaram.
Pra nossa surpresa, meus pais nem falaram muito.
Dizendo eles que já estavam acostumados com o sem juízo do meu primo. A cara do Matheus ouvindo isso foi impagável.
Passei o dia em família aproveitando cada minuto, já que daqui a pouco vou embarcar.
[...]
Falando em embarcar, acabamos de chegar no Aeroporto. To nada pronta pra voltar pra SP, mas vamos né.
Mas antes, passei no Starbucks do Aeroporto porque não sou boba. E ainda fiz o Matheus pagar pra mim.
Fiz a cabeça dele dizendo que o próprio me fez estourar o cartão ontem no rolêzinho que era pra ser "light".
— Tchau, mamis. - Falei abraçando ela forte — Que possamos nos ver mais vezes logo, viu.
— Tchau, minha princesa. - Retribuiu o abraço apertado — Vamos nos ver mais sim. Eu te amo demais, filha.
— Te amo mais. - Dei um beijo nela.
— Eu fico sem abraço? É isso mesmo? - Meu pai perguntou fazendo o drama dele.
— Claro que não, né. - Puxei ele pro nosso abraço — Tchau, pai.
— Tchau, meu amor. - Beijou minha cabeça — Vai com Deus. Chegando lá manda uma mensagem pra sabermos que chegou bem.
— Mando sim, pode deixar. - Concordei.
— Eu te amo, minha filha. - Passou a mão pelo meu rosto — Até breve.
Confesso que cismei um pouco com esse "até breve" dele.
Normalmente ele não se despede assim, depois com certeza vou ficar pensando sobre isso.
— Engraçado que de mim todo mundo esquece né? - O Matheus falou nos fazendo lembrar que ele tava lá também — Jae, família. To acostumado a ser o excluído mesmo.
— Começa não. - Puxei ele pra um abraço — Tchau, pedacinho de confusão.
— Me respeita, Cecília. - Brigou comigo — Para de me chamar assim.
— Mentindo ela não tá. - Meu pai falou.
— E é lógico que o senhor ia contra mim. - Matheus falou de um jeito muito engraçado me fazendo rir.
Depois de quase perder o vôo demorando pra me despedir, que é sempre a parte mais difícil, finalmente embarquei.
A maior parte do vôo eu fui dormindo, tava acabada de sono.
Já a outra parte fui pensativa, sentindo um leve friozinho na barriga ao pensar que chegando em SP teria coisas pendentes pra resolver.
Só sei que to voltando bem mais leve pra casa, eu precisava muito mais do que imaginava desse tempo em família.
Será que no próximo cap teremos reencontro desses dois????
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Aquela Pessoa
Teen FictionEm um dia comum no estacionamento da faculdade, um acidente inusitado une os caminhos de duas pessoas que, até então, eram completos estranhos. O impacto do encontro vai muito além dos carros amassados: suas vidas começam a se entrelaçar de maneira...