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Cecília Albuquerque

    Depois de nós quatro encher a cara dentro do carro até às 21h, resolvemos ir pra um hotelzinho fazenda perto do lugar que o Felipe nos arrastou.

— Gente, alguém viu meu sapato? - A Amanda perguntou no banco de trás com a lanterna ligada.

— Seu pato? Tá loucona? - O Felipe perguntou sem entender e ajudando a procurar o tal "pato".

— Ela perguntou do cadarço, seu tapado. - Falei batendo na cabeça dele, que me deu dedo.

— Porra maluco, o que eu fiz pra merecer vocês três nesse estado? Na moral. - O Enzo perguntou negando com a cabeça.

— A gente tá de boa, pô. Bebe mais aí porque tu continua chato pra caralho. - Felipe respondeu colocando a garrafa de vodka na frente do Enzo.

— Deixa de ser burro, ele tá dirigindo. - Falei tomando a garrafa da mão do Felipe e virando o resto que tinha na boca.

— Até agora não encontrei os meus sapatos. - A Amanda disse com voz de choro.




[...]




    Tava todo mundo muito bebado. Quem tava menos pior era o Enzo por estar dirigindo.

    Assim que a gente chegou no hotel, fomos ver com a recepcionista os valores e tal.

Foi quase uma facada o preço. Mas como a gente tava no meio do nada, resolvemos ficar por ali mesmo e tentar economizar pegando só dois quartos.

— Tchau, rapaziada. - Felipe falou com um sorrisão no rosto envolvendo os braços em volta da cintura da Amanda e eu revirei os olhos.

— Não me troca por esse aí, amiga. - Eu disse fazendo drama — Achei que você fosse dormir comigo, Amanda.

— Esse aí o caralho, respeita o homem. - O Felipe respondeu tentando manter a postura mas acabou desequilibrando e quase caindo com a Amanda.

— Depois tu vem me dizer que tá de boa. - O Enzo disse rindo da quase queda dos dois.

— Meu Deus, Felipe. - Amanda falou tentando se equilibrar — Eu não te perdoaria se você caísse e me levasse junto. Já não basta ter trazido a gente pro meio do nada onde nem internet pega nesse muquifo.

— Muito deprimente estar nesse buraco e ainda aturar vocês dois nesse, pô. - O Enzo disse negando com a cabeça.

— Tá falando isso mas também tá igual nós, parceiro. - Felipe implicou o Enzo.

— Vamo então, Cecília. Antes que eu bata nesse maluco. - O Enzo disse colocando a mão nas minhas costas. Eu me despedi da Amanda e dei dedo pro Felipe.

    Eu realmente tinha achado que a Amanda ia dormir comigo e o Felipe com o Enzo. Mas obviamente não contestei nada.

    Eu e o Enzo entramos no quarto. Corri em direção à cama e me joguei.

— Camaaaaa. - Falei abraçando um travesseiro.

— Não vai nem tomar banho, Cecília? - O Enzo perguntou cruzando os braços e me olhando sério.

— Eu não. Não tenho condições pra isso. - Respondi fechando os olhos.

— Eca, muito fedorenta mesmo. - Ele disse tirando o tênis.

— Eca nada. - Falei sentando na cama e jogando o travesseiro nele — Eu sou a pessoa mais cheirosa do mundo.

— Papo reto, pior que é mesmo. - Ele falou pegando o travesseiro que joguei no chão e eu dei um sorrisinho pela resposta dele — Vou tomar banho, vê se não morre.

— Eu to bebada, não to louca. - Falei deitando de novo e ele riu indo em direção ao banheiro.

    Depois de uns minutos abri os olhos quando escutei o Enzo saindo do banheiro.

    Ele tava sem camisa e de samba canção. Puta que pariu, que homem gostoso é esse... O que ele tá fazendo comigo, meu pai?

— Tu ainda tá deitada na mesma posição, Cecília? Nem tirou o tênis, cara. - Ele disse enquanto guardava as coisas que usou no banho.

— Não tenho forças pra isso. - Falei rolando pro lado.

— Dá aqui o pé. - Ele falou vindo até mim e tirou meu tênis.

— Obrigada. - Agradeci sorrindo igual criança e ele riu negando com a cabeça.

    Levantei com muito esforço e tirei minha puffer, colocando em uma mesinha que tinha ali no quarto.

Quando eu fui voltar pra cama dei uma desequilibrada e o Enzo conseguiu me segurar por estar perto de mim naquele exato momento.

O perfume dele, que por sinal era uma delícia de tão cheiroso, invadiu todo o meu olfato.

    Ficamos nos olhando por uns minutos. Ver ele só de samba canção e me segurando, ainda mais no estado que eu tava, só aumentou a minha vontade de beijar ele.

Quando eu fui aproximar nossos rostos ele desviou e me soltou com cuidado.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora