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Enzo Martins

Hoje é o dia da apresentação da Lara, que por sinal tá toda animada.

Desci pra tomar café com ela e reparei que o carro do meu pai não tava em casa, me fazendo respirar fundo.

Não deixei que isso transparecesse pra não acabar com a alegria da minha irmã. Mas, to desconfiando que meu pai vai furar com a gente, como sempre.

A Flávia foi arrumar a Lara enquanto eu fui pro meu quarto tomar banho e me ajeitar.

Assim que fiquei pronto fui atrás da Lara, que já estava pronta assistindo desenho.

Coloquei ela na cadeirinha e arranquei em direção ao prédio da Cecília.

     Estacionei assim que eu cheguei e mandei mensagem pra ela avisando.

     Uns minutos depois vejo ela se aproximando e destravei o carro pra ela entrar.

    Em questão de segundos o perfume dela marcou presença no carro todo.

— Ceciiiiiiii. - A Lara gritou toda feliz fazendo a gente gargalhar.

— Oi, minha princesaaa. - Ela falou enchendo a Lara de beijos — Nossa, mas você tá muito linda.

— Você também, Ceci. - A Lara respondeu com aquele sorriso fofo dela.

— Agora você vai parar de me encher o saco, né? Trouxe a Cecília aqui pra você. - Reclamei por ela sempre me atormentar falando da Cecília.

— Não é Cecília, é Ceciiiii. - Brigou comigo fazendo a Cecília rir e eu levantei as mãos como forma de rendição — Senta aqui do meu ladinho, Ceci. - Ela pediu fazendo biquinho de criança pidona e a Cecília foi.

     Liguei o carro partindo pra escola da Lara. O caminho foi super tranquilo, tirando o fato das duas conversando contra mim.

    Assim que chegamos na escola da Lara fomos em direção ao auditório.

    A Lara foi sentar nas primeiras poltronas com os colegas e eu fui com a Cecília sentar mais em cima, onde estava a família dos alunos.





                                         [...]





    Comecei a ficar agoniado porque já beirava às 11h e meu pai não tinha chegado.

— O que foi? - Cecília perguntou percebendo a minha agonia.

— Meu pai ainda não chegou. - Eu disse balançando a perna mas ela segurou, me fazendo parar.

— Tenta ligar pra ele, vai ver foi o trânsito ou algo do tipo. - Ela disse tentando me acalmar e eu dei risada.

— Foi assim minha vida toda, Cecília. - Falei mais calmo — Essa minha agonia é pelo fato dele ter que apresentar quando chamarem minha irmã, só isso. - Falei pensando na Lara frustrada quando ele não aparecer.

— Se ele não chegar a tempo, você vai lá e apresenta ué - Ela disse como se fosse óbvio.

— Não tem jeito, pô. Eu ainda to na faculdade. Você sabe que eu não exerço a profissão, só o meu pai. - Respondi respirando fundo.

— E quem vai ligar pra isso, Enzo? É melhor você ir mesmo assim do que chegar a vez da sua irmã e ninguém aparecer lá na frente. - Ela falou como se essa minha preocupação fosse fácil de resolver e é isso que eu gosto nela, pô.

— Vou ligar pro meu pai só pra desencargo de consciência. - Falei e ela assentiu — Caixa postal. - Bufei jogando o celular na minha perna.

— Você tem jaleco no teu carro? - Ela perguntou e eu assenti — Estão vamos lá buscar. - Ela disse levantando e eu fiz o mesmo.

    Fui o percurso todo ligando pro meu pai, mas só dava caixa postal.

    Peguei o meu jaleco e voltamos pros nossos assentos no auditório.

    Começou as apresentações e ainda não tinham chamado a Lara.

— Calma. - A Cecília falou pegando na minha mão ao ver que eu ligava e mandava mensagem pro meu pai sem parar  — Você vai dar conta, Enzo. - Ela falou olhando nos meu olhos, me passando uma confiança absurda.

— Obrigado. - Falei colocando minha outra mão por cima da dela, sem cortar o contato visual.

    Bem na hora chamaram a Lara e família, me fazendo levantar e colocar o jaleco.

Subi no palco junto com a Lara, que me olhou como se já entendesse que nosso pai não veio.

    Incrível como a Lara é tão pequena e já entende tanta coisa.

Me apresentei pra todos os colegas e pais como cirurgião dentista, sem falar que eu ainda era estudante.

    Falei sobre o meu curso de um jeito maneiro, pra todas as crianças compreenderem, e todo mundo aplaudiu quando eu terminei.

A Lara terminou de me abraçar forte, voltando pro lugar dela com um sorrisão no rosto. E isso pra mim foi o suficiente.

    Faria de tudo pra ver aquele sorriso no rosto dela quantas vezes fosse preciso.

Voltei pra minha poltrona e a Cecília me olhou sorrindo toda orgulhosa.

— Viu? Eu falei que você ia dar conta. - Ela falou toda feliz e convencida.

— Graças a você, né. - Falei sorrindo de canto.

— Graças a mim nada. - Negou — Eu só falei o que você precisava ouvir. O resto foi contigo. - Ela disse dando de ombros me fazendo rir.



VOCÊS NÃO ESTÃO PREPARADOOOOS PRO PRÓXIMO CAPÍTULO. 👀

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