Cecília Albuquerque
Tínhamos passado o dia todo na praia com minha família, agora beirava 21h e o Matheus me enfiou em uma festa.
O pedacinho de confusão levou meus pais em casa contra a vontade deles, já que se traumatizaram com o Matheus dirigindo.
Aproveitei e fiz ele esperar eu me arrumar pra podermos vir pra onde estamos.
— Porra prima, vamos lançar aquela fotinha. - Disse abrindo a câmera e pedindo pra primeira pessoa que passou na nossa frente tirar uma foto.
— Caralho, mané. Eu sou lindo demais. - Matheus falou todo apaixonado vendo a foto e eu revirei os olhos.— Não se empolga, Matheus. Tá nítido que a foto só ficou boa porque eu to nela. - Falei jogando meu cabelo pra trás e ele fez a famosa cara de bunda dele.
— E aí, Matheus. - Uns meninos chegaram cumprimentando ele e não tiraram o olho de mim nem por um minuto.
— E aí, o que? - Falou puto — Veio falar comigo ou comer minha prima com os olhos?
— Calma aí, parceiro. - O menino que tinha ido falar com ele primeiro tentou falar alguma coisa lá e eu nem dei ouvidos.
Deixei eles discutindo sozinhos e fui atrás de mais bebida porque a minha já tinha acabado.
— Tá bebendo mais que opala, Cecília. - Matheus falou brotando do nada me assustando e sentando ao meu lado na bancada onde ficava as bebidas e bar man — Nem precisei perguntar onde tu tava, já imaginei que te encontraria aqui.
— Imaginou nada, cala a boca. - Falei pegando meu drink e agradecendo o bar man — Aposto que veio aqui beber uma cerveja com seus amigões ali e me viu sem querer. - Enchi o saco dele.
— Arrombados esses moleques. - Falou franzindo a testa totalmente indignado — Não falavam comigo fazia mó cota e agora querem bancar de parceiros pra tirar uma lasquinha tua.
— Podem querer tirar lasquinha o quanto quiser, jamais conseguirão. - Falei piscando pra ele, que riu.
— Caralho, em. Tá toda marrentona, mané. - Falou fazendo cara de surpreso — Metendo marra sem dó.
— Marrenta não, apenas inacessível. - Falei tomando meu drink.
— E quem foi que te tornou inacessível que eu não to sabendo? - Perguntou me olhando desconfiado — Porra, conta mais nada pra mim.
— Para de drama, idiota. - Falei dando um tapinha no ombro dele — Ninguém me deixou inacessível, é apenas uma nova personalidade só.
— Cecília, eu te conheço como a palma da minha mão e sei quando tu mente. - Falou me olhando com os olhos estreitos — Quem é o cara?
— Um menino da minha faculdade. - Respondi rápido virando meu drink todo.
— Eu quero saber essa história todinha, Cecília. - Tá achando que agora é gente pra não me contar mais as coisas?
Contei do meu rolo com o Enzo por cima e ainda comentei sobre a nossa briga recente.
— Deixa eu ver uma foto desse Enzo pra poder formular uma opinião. - Pediu e eu ri entregando meu celular pra ele com o Insta do Enzo aberto.
— Tá explicado o grande porquê de tu ter se tornado inacessível, porra. - Disse futricando os destaques do Enzo — O moleque é bonitão, tem a minha aprovação.
— E eu lá preciso da sua aprovação pra alguma coisa, garoto. — Falei enchendo o saco — Pézinhos no chão tá, se coloca no seu quadrado.
— É por isso que eu já to contra você nessa briga de vocês. - Falou me olhando debochado — Enzo já tem meu voto, to do lado dele.
— Tá achando que é BBB pra ter votos, meu filho? - Perguntei rindo e ele riu também — E não vem falar que tá do lado dele não, porque até hoje eu não sei o que eu fiz pra esse menino ficar estranho comigo do nada.
— Alguma coisa tu aprontou, Cecília. - Matheus foi sincero — Ninguém fica estranho do nada.
— To te falando que eu não fiz nada, cara. - Falei revoltada — Esse menino é doido.
— E tu é ainda mais doida por ele, pelo o que eu to vendo. - Disse me perturbando — Tem que pegar o exemplo do primo, porra. Pegar e não se apegar.
— Falando nisso, por que você terminou seu namoro? - Perguntei curiosa tendo esquecido de perguntar mais cedo — Ela terminou contigo por não te aguentar?
— Claro que não, né. O sonho de qualquer mulher é me ter do lado. - Falou confiante e eu gargalhei dessa marmota.
— Cara, eu sou obrigada a ouvir cada coisa. - Falei limpando a lágrima que caiu de tanto rir — Nem todo homem, mas sempre um homem.
— Para de k.o, maluca. — Falou fazendo careta — Acontece que a louca vinha com ciúmes obsessivo pro meu lado e eu não aturei, pô.
— Já dizia o set dos casados, relacionamento sem ciúmes e sem briga é um relacionamento sem mulher. - Falei me lembrando da música.
— Que tipo de mulher é você que fala mal de mulher? - Perguntou enchendo a porra do saco pra variar.
— Virou militante de twitter ou feminista, Matheus? - Falei beliscando ele.
— Ai, estranha. - Falou passando a mão pelo lugar que eu belisquei — Bora pedir mais um drink e aproveitar a night, que hoje eu só saio daqui carregado.
— Pois vai ficar aqui sozinho, que eu não vou carregar ninguém. Já to dizendo logo pra depois não falar que eu não avisei. - Repreendi ele.
— Relaxa, priminha. Confia em mim que é sucesso. - Falou chamando o garçom.
— A última pessoa que eu confiaria nesse mundo é em você, Matheus. - Insultei ele, pra variar.
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Aquela Pessoa
Teen FictionEm um dia comum no estacionamento da faculdade, um acidente inusitado une os caminhos de duas pessoas que, até então, eram completos estranhos. O impacto do encontro vai muito além dos carros amassados: suas vidas começam a se entrelaçar de maneira...