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Cecília Albuquerque

— Cecília? - Amanda acordou e me viu deitada do lado dela mexendo no celular.

— Oi, amiga. - Bloqueei o celular e dei atenção pra ela.

— O que você tá fazendo aqui? - Disse coçando o olho.

— Eu to na minha casa, ué. - Respondi simples e ela tirou a mão dos olhos na hora.

— Tá. - Tentou raciocinar alguma coisa — Então o que eu to fazendo aqui?

— Você ficou bêbad... - Fui interrompida.

— Essa parte eu sei. - Ela disse sentando na cama — E depois disso?

— Depois que a gente saiu do Mc, os meninos foram deixar você na sua casa e eu lembrei que o Gui não tava lá pra aliviar a sua barra. — Falei me referindo ao Guilherme não estar em casa por ter dado perdido com a Jade.

— É... Você fez bem. - Ela disse pensando por uns segundos — Vou mandar mensagem esculhambando o Guilherme até a última geração da nossa família.

— Lá vai a ciumenta. - Impliquei com ela rindo — Vou lá fazer um café pra nós.

— Faz aquela panqueca americana pra mim? - Pediu fazendo biquinho e eu joguei um travesseiro nela.

— Faço, cretina. Mas não demora humilhando o Guilherme não, vem logo. - Respondi e ela concordou sorrindo.

Quando eu tava terminando de preparar o café, a Amanda sentou na mesa.

— Cheguei na hora certa, em. - Falou quando me viu levando o café pra mesa — Que saudade que eu tava das suas panquecas.

— Fiz um monte, então trate de comer tudo. - Falei e ela colocou as panquecas todas no prato dela — Ô sem educação, eu tava brincando.

Ela me olhou debochada e devolveu metade das panquecas.

— Sabe o que eu tava lembrando? - Ela disse enquanto comia.

— Diga. - Falei tomando um gole do meu café.

— Lembrei dos meninos com ciúmes da gente ontem.

— Eu já tava começando a me estressar com isso. - Fui sincera — O Enzo ultimamente vem sentindo muito ciúmes.

— Ah, mas isso é bom. - Ela disse pensando — Quer dizer que ele realmente gosta de ti.

— É... - Falei sorrindo de canto — Ele meio que admitiu isso ontem.

— O quê? - Ela gritou e eu gargalhei do grito — Pode contar tudo com os mínimos detalhes, Cecília.

Expliquei pra ela o que aconteceu ontem entre eu o Enzo e a menina surtou.

— Cara, ele disse que é louco por você. - Ela falou empolgada — Ele disse que é louco por você, Ceci.

— Simm. - Eu disse rindo da reação dela.

— Tava meio que na cara que ele gostava mesmo de você, né. Só você, tonta, que não percebia. - Acabou comigo enquanto comia a última panqueca dela.

— Eu desconfiava que ele gostava de mim mas queria ouvir da boca dele. - Admiti.

— E eu não preciso nem perguntar se esse sentimento é recíproco porque já sei que sim. - Ela falou me olhando e eu revirei os olhos — Quando eu vou viver isso também?

— Não vem se fazer de sonsa não, que o Felipe ontem cuidou de você todo preocupado. - Retruquei.

— Eu não lembro muito por estar absurdamente bêbada. - Falou fazendo bico.

— Pois ele cuidou de você com o maior carinho. - Reafirmei — Tá na cara que ele te quer.

— É... Mas não basta só isso, amiga. Eu quero ouvir da boca dele. - Ela disse.

— Atitudes dizem mais do que palavras, Amandinha. - Falei enquanto recolhia as coisas do café da mesa.

— Ai, eu não sei. - Disse em tom dramático se jogando em cima da mesa e eu ri.

— Deixa de drama, Amanda. Só deixar tudo rolar naturalmente. - Falei e ela concordou — Fiz suas panquecas, agora nada mais justo do que você lavar as louças.

Ela foi lavar as louças, reclamando mas foi.

Ficamos um tempinho juntas e depois fui deixar ela em casa.

Ela me obrigou a entrar junto com ela e eu fui.

— Tem casa não? - Guilherme perguntou pra ela assim que nos viu.

— Não tenho a chave, tava com você. - Ela respondeu debochada e ele revirou os olhos — Não adianta revirar os olhos não, Guilherme. O que você fez comigo foi uma puta falta de consideração.

— O que eu fiz com você, Amanda? - Ele perguntou respirando fundo.

— Sumiu sem me falar nada. - Ela respondeu.

— Eu não sou criança, cara. Sou teu irmão mais velho. - Ele disse em um tom autoritário.

— Mas eu ainda sim me preocupo com você. - Ela respondeu e os dois ficaram em silêncio — E nem foi só isso, você me deixou trancada pro lado de fora.

— Tu tem a Cecília. - Ele disse apontando pra mim.

— Que sorte a minha, né? - Ela falou agarrando no meu braço — Ela foi mais irmã pra mim ontem do que você.

Ela saiu me puxando e eu chocada com toda essa confusão que eu acabei de presenciar.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora