PARA A SURPRESA DE Regulus, Lilian não retornara ao quarto sozinha.
Sirius, seu irmão mais velho, estava ao lado de sua melhor amiga que trazia em seus braços o pequeno Edward. Já seu irmão mais velho e a criada carregavam seu café da manhã.
— Sirius?— começou ele, confuso pela presença repentina. —, O que faz aqui, aconteceu alguma coisa?
— Bem... sim. — ele deposita a bandeja sobre a cama, sentando-se ao lado do irmão mais novo. — Precisamos falar.
A criada faz um rápido gesto de cortesia para os três ali presentes, e fecha a porta.
— Diga, o que há de errado?
— Nosso pai, ele marcou seu casamento para o mês que vem que vem.
— Céus... de verdade? — a voz de Lily soou surpresa, sem que ela mesma notasse. Ela sorriu.
— Sim. — Sirius diz, mas logo franze o cenho. — O que há de errado, meu irmão? Não está feliz?
— Estou feliz sim, mas foi... Bastante repentino, não acha?
— Bom, acredito que haja um bom motivo para isso.
— Mas por que tão rápido? — sussurrou Regulus, não sabia por que estava tão surpreendido. Sabia que isso era de esperar-se; tinha estado eventualmente comprometido durante anos.
E havia dito a Lily, em mais de uma ocasião, que a temporada para ele era realmente sem sentido nenhum, porque para que incomodar-se com o gasto, se ia casar se com Loveth, afinal?
Mas agora... repentinamente não queria fazê-lo. Pelo menos não, tão cedo. Não queria se tornar um marido, não de uma hora para outra, sem ter feito nada no intermédio. Não estava desejando ter aventuras – nem sequer queria uma aventura – em realidade, não era desse tipo de pessoa.
Não estava pedindo muito, só uns meses de liberdade, de sorrisos. De dançar sem descanso, virando tão rápido que as chamas das velas parecessem serpentes de luz.
Possivelmente era prática. Possivelmente era “o velho Regulus”, como muitas vezes o tinha chamado a melhor amiga. Mas gostava de dançar. E queria fazê-lo. Agora. Antes que envelhecesse. Antes de converter-se a marido de Pandora.— Honestamente, eu não sei. — disse Sirius, baixando o olhar para ele com....
Isso era pesar?
Por que sentiria pesar?
— Acredito que seja por algum acontecido com a senhorita Loveth. — disse Lily. Orion parece estar desejoso de fazê-lo. Regulus simplesmente o olhou com fixidez, perguntando-se por que não podia deixar de pensar em dançar, não podia deixar de imaginar-se, usando seu melhor traje, mágico e radiante, nos braços de...
— Oh! — ele arregalou os olhos, levando a mão na boca, como se isso pudesse fazer seus pensamentos sossegar, de algum modo.
— O que aconteceu? — Lilian o pergunta, alarmada.
— Nada — disse ele, negando com a cabeça. Seus sonhos não tinham rosto. Não podiam ter. E por isso disse com maior firmeza, outra vez: — Nada. Absolutamente.
Seu irmão se inclinou para examinar seu rosto, Sirius costumava dizer que nada escapara dos exigentes olhos de um Black de Black Manor. Ele suspirou, levantando-se da cama e indo até a janela, ele olhou para baixo, sorrindo ao ver as flores sendo podadas.
— É encantadora, não acha? — murmurou Sirius. Regulus assentiu com a cabeça. Sirius sempre tinha se encantado com as flores. As flores silvestres em particular. Eram diferentes nesse aspecto, compreendeu.
Ele sempre tinha preferido a ordem de uma cama belamente arrumada, cada flor em seu lugar, cada pauta cuidadosa e conservada.
Mas agora...
Baixou o olhar para a pequena flor, pequena e delicada, crescendo insolentemente onde não pertencia.
E decidiu que gostava das silvestres, também.
— Sei que teria preferido esperar uma temporada — disse Sirius apologeticamente. — Mas em realidade, é tão terrível? Realmente alguma vez quis uma, não é?
Regulus engoliu em seco.
— Não — disse, porque sabia que isso era o que ele queria ouvir, e não queria que se sentisse pior do que já se sentia. E além disso ele nunca tinha pensado de uma maneira ou outra em uma temporada em Londres. Pelo menos, não, até agora.
— Alegre-se, Reg. — disse Lily, enquanto lhe tocava ligeiramente o rosto — Senhorita Loveth não deve ser tão ruim. Não deve preocupar-se por ter que te casar com ela.
— Eu sei — disse Regulus suavemente.
— Ela não lhe fará nenhum mal — acrescentou Sirius, e sorriu, com esse tipo de sorriso ligeiramente falso. Do tipo que queria ser tranquilizador, mas que de algum modo não o era.
— Não pensei que ele o faria — disse Regulus.
— Lily, — Sirius se virou para a ruiva. — Poderia nos dar um momento?
Lilian assentiu, saindo do quarto e fechando a porta.
O silêncio naquele quarto fazia os pensamentos de Regulus gritarem. Alguns colegas da universidade sempre lhe haviam dito que tinha muita sorte por ter seu futuro já estabelecido, e com tão elevado resultado. Era o filho de um conde e o irmão mais novo de um conde. E estava destinado a se casar com a filha de um.
Não tinha nada de que queixar-se.
Nada.
Mas se sentia vazio.
Não era precisamente uma má sensação. Mas estava desconcertado.
Sentia-se afundado. Sentia-se à deriva.
Não se sentia como ele mesmo. E isso era o pior de tudo.
— Não está surpreendido, não é, Regulus? — perguntou Sirius. — Sabia que isto ia acontecer. Sabíamos.
Ele assentiu.
— Não acontece nada — disse ele, tratando de não soar tão normal. — É somente que não pensei que passaria tão rápido.
Claro — disse Sirius. — Isso é uma surpresa. Quando se acostumar à ideia, irá se sentir muito melhor. Inclusive, normal. Além de tudo, sempre tinha sabido que seria o marido de Loveth.
Regulus se sentiu concordando.
— Lily pode ajudá-lo. Vocês são grudados como cola.
Regulus sorriu, porque era verdade. Havia sido dessa forma desde crianças, sempre juntos. Não existiam um sem o outro.
— É claro.
— Você deveria sair um pouco, vá olhar as árvores, sentir o sol em seu rosto. — Sirius disse, carinhoso. — Você está surpreso, e precisa de alguns momentos sozinho para reorganizar seus pensamentos. Se sentirá melhor.
— Mas não me sinto mal. — disse Regulus rapidamente. — Não há necessidade de me sentir melhor.
— Claro que não. — Sirius caminhara até a porta. — Está apenas surpreendido.
— Exatamente.
Exatamente. Em realidade, estava encantado, sério. Tinha esperado por este momento durante anos. Não seria agradável ter tudo organizado? Gostava da ordem. Gostava de estar organizado.
Só era a surpresa. Isso era tudo. Era como quando a gente via um amigo em um lugar inesperado e quase nem o reconhecia. Não tinha esperado esse anuncio nesse momento.
E essa era a única razão pela qual se sentia tão estranho.
De verdade.
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More Than Friends, starchaser
FanficAo contrário de algumas pessoas, James Fleamont Potter sempre acreditou no amor. Não podia ser diferente: sua mãe ainda continuava amando Fleamont mesmo depois da morte de seu marido e seus melhores amigos também já se encontravam casados e felizes...