Lopes o advogado e a dançarina

Cap 19

LOPES
O ADVOGADO E A DANÇARINA
CAPÍTULO 19

No domingo, quando Alice me disse que ele estava ouvindo nossa conversa na corrida fiquei tensa. Não posso me entregar totalmente a essa paixão, esse homem está me cercando por todos os lados.

Na segunda-feira recebi mais uma orquídea linda e um cartão com a mesma frase: "Você é espetacular!".

Nunca ninguém me tratou assim com tanto carinho e veneração.

Quando cheguei na academia achei estranho ele não aparecer na aula de forró, ele nem tem ideia do efeito que a ausência dele me causou. Estava tão desconcentrada que a turma percebeu e perguntou se eu queria parar a aula. Mas, mesmo assim dei continuidade, não acho correto misturar vida profissional com sentimental.
Com o passar dos dias e a ausência dos presentes diários que ele me enviava não resisti e fui conversar com Alice no escritório da academia.

Estava aflita com a falta de notícias. Ela ligou pro escritório mas lá ninguém sabia dizer o que estava acontecendo, a secretária disse que ele não falou onde estava e nem quando voltava.

Pedi pra Alice ligar pro Cícero e colocar o telefone no viva-voz.

Quando Cícero disse que não estava sabendo de nada sobre o paradeiro do Lopes e que ele nem foi ao aniversário de casamento dos pais, o desespero tomou conta de mim e me abri pro Cícero com toda a minha sinceridade.

Quando ele me disse pra fazer uma mala e que um homem iria me levar até Lopes, meu corpo tremeu de paixão e medo. Não sei como ele vai reagir diante dos meus sentimentos e do meu voto de castidade, mas se ele realmente está tão apaixonado assim acredito que podemos chegar à uma solução.

Fui pra casa, coloquei umas roupas na minha mochila e deixei um bilhete avisando que iria viajar e qualquer coisa era só me ligarem que eu explicaria tudo..

Em menos de uma hora já estava na academia pronta pra viajar.

Às 13:00 horas, o homem que Cícero falou chegou procurando por Alice. Ela me apresentou a ele e me disse que iria me levar até Lopes e Alice me tranquilizou. Henrique me disse pra ficar tranquila que ele me levaria até onde Lopes estava e que só iria parar pra abastecer pra não demorarmos muito pra chegar onde ele estava, pois o Cícero disse que ele estava muito preocupado com o estado emocional do Lopes e fiquei super aflita com o que ouvi. Me sinto culpada por ter sido tão bruta com ele. Deveria ter conversado com Lopes e falado tudo que eu estava sentindo, fui muito covarde, acabei brincando com os sentimentos dele. Eu fiz com Lopes o que eu tanto criticava nele e em todos os outros homens.

Ao longo da viagem pude conhecer um pouco mais sobre Lopes, Cícero e Alice através das histórias que Henrique me contou sobre eles. Conheci um Lopes que nunca imaginei. Me surpreendi com a história da amizade entre os três.
Chegamos na cidade de Serra Talhada por volta das 19:40 e seguimos por uma estrada até a zona rural da cidade. Às 20:00 horas pegamos uma estrada de terra e seguimos pra uma fazenda, passamos pela porteira e fomos recebidos por Cícero, que estava acompanhado de uma mulher linda que ele me apresentou como esposa dele e do casal de filhos, ele dispensou Henrique e assumiu o volante, me conduzindo por uma estradinha dentro da fazenda até um chalé.

No caminho ele me pediu para não brincar com os sentimentos do Lopes. Me disse que de fato sofreu muito para conseguir conquistar o amor da esposa e que sabe muito bem o que é sofrer por um amor não correspondido. Não tive coragem de falar nada, apenas fiquei ouvindo calada.

Chegamos perto de um chalé muito bonito e pude perceber que havia um homem em frente ao chalé de camisa branca e braços cruzados olhando as estrelas.

Cícero segurou nas minhas mãos e me desejou boa sorte.

Desci do carro e segui em silêncio, com minha mochila nas costas e o coração acelerado pela adrenalina que fervia em minhas veias.

Me aproximei dele e o chamei.

__ Lopes, você pode ouvir o que eu tenho pra lhe falar?