44 - Todos saberão o que você fez.

149 9 96
                                    

- Lua on -

Minha cabeça dói, tenho que fazer um grande esforço pra abrir os olhos e quando abro, não vejo nada, tudo está embaçado.

Eu levanto a cabeça lentamente e olho ao redor, não vejo ninguém comigo e meus olhos ainda estão tentando enxergar. Não identifico o local de imediato, mas aqui tem um cheiro ruim, como se algo estivesse podre.

Sinto alguma coisa me puxar para cima e Sebastian me olha com a boca e as roupas cheias de sangue, as presas aparente agora, as veias dos olhos quase saltando para fora.

"—Depois que eu matar você, levarei sua cabeça como prêmio e todos saberão o que você fez."

Ele mostra suas presas.

Abro os olhos em um susto e estou na enfermaria, Theo segura minha mão e tem o braço abraçando Sophie que dorme sobre seu peito, Ana está sentada em uma cadeira do outro lado.

Me surpreende madame Pomfrey ter permitido isso, mas ao notar a figura alta que aparece sobre meus olhos eu entendo o porque.

—Quando você nasceu, você não chorou. A parteira teve que te jogar para cima, só então um grito foi ouvido, mas isso foi tudo que saiu da sua boca. —Meu pai dizia se sentando próximo aos meus pés.

Ele tirou sua capa e pôs sobre Theo e Sophie, fez o mesmo com um lençol que tinha próximo, mas colocando em Ana.

—Quando você ia crescendo, você nunca chorava, nem quando caia ou se cortava, Theo sempre dizia que as feridas demoravam a sarar quando você chora, e você acreditava fielmente nisso. —Ele continuou olhando para Theo e depois para mim.

—Theo sabia exatamente para onde eu iria se eu chorasse, portanto ele não me deixava fazer, mesmo eu indo parar lá de qualquer forma. —Eu dizia e meu pai olhou para as mãos agora, sei que ele se culpa.

—Quando ela te trancou lá a primeira vez...—Ele parou, procurando uma forma de continuar. —Você chorou tanto que quando saiu quase não tinha voz, e eu fiquei lá do outro lado apenas ouvindo você chorar. —Ele me olhava com lágrimas nos olhos.

—Está tudo bem, Papai. Eu sei que ninguém poderia impedi-la, eu não culpo você. —Não sei se digo isso para me reconfortar ou reconfortar ele.

—Fiz uma promessa uma vez, que te manteria a salva de todos os perigos do mundo lá fora, mas o perigo sempre esteve dentro da minha própria casa. —Ele dizia desabotoando a manga da blusa social que usava.

—Eu já superei aquilo, não sou mais uma criança que ela pode jogar onde quiser. —Eu dizia engolindo o nó que se formava na minha garganta.

—Foi isso que eu ganhei quando tentei impedi-la, foi uma luta justa, mas eu jamais machucaria uma mulher, mesmo que ela merecesse. —Ele me mostra uma cicatriz que vai do pulso até o ombro, quase chegando ao pescoço.

—Eu não sabia, sinto muito. —Eu digo e ele sorri.

—Não sinta, não me arrependo de nenhum feitiço que lancei nela aquele dia, inclusive acho que ela merecia mais. —Nós dois sorrimos.

—Talvez um dia ela tenha o que merece. —Eu disse baixando os olhos.

—Quando eu vi três minis pessoas entrando na sua frente quando Delilah tentou te machucar, eu soube que esses três te seguiriam para onde você fosse, mesmo que isso os levassem a morte. —Ele dizia olhando para Theo e Sophie e depois para Ana.

Uma vez eles presenciaram os abusos que Delilah fazia, e então se colocaram na minha frente para me defender.

—Por isso os Rosier mandaram Sophie para o castelo bruxo. Os Bellini's tentaram fazer o mesmo, mas alguma coisa mudou quando eles viram Ana limpar os seus ferimentos enquanto Sophie e Theo se preparavam para ficar a noite inteira acordados protegendo você. —Os olhos estavam cheios de lágrimas novamente.

Um Pé No Paraíso - Tom Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora