36 - Faíscas.

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Quando se vive mais na própria cabeça do que no mundo real, o tempo passa e você não vê, dias se passaram desde o incidente da câmara, misteriosamente ninguém fala mais sobre as mortes ou sobre os desaparecimentos.

Não é irônico como eles simplesmente varrem toda a sujeira para de baixo do tapete? No caso, a sujeira são vidas, pessoas que tem família e que são amadas, que tem sonhos e uma vida inteira pela frente.

Mas eu torço todos os dias para alguém tropeçar no maldito tapete e a "sujeira" sair toda pra fora dele, sufocando os responsáveis.

As aulas continuam suspensas, mas eles já liberaram algumas áreas do castelo, como a biblioteca.

Tudo normal no mundo lá fora, mas dentro da minha cabeça um filme de terror de 24 horas ficava reprisando na minha mente. Eu tentei de tudo, todas as poções e remédios que eu podia tomar pra dormir e esquecer toda essa merda que tá acontecendo.

Tempos desesperados exigem medidas desesperadas.

Eu encarava o vidro de vodca que eu encontrei no quarto de Theo a uns 30 minutos. Pensando se valia a pena mesmo ou não.

—Que se dane. —Virei o litro na boca sentindo o álcool ferver na minha garganta.

Eu quis colocar pra fora mas engoli tudo, depois dei outro gole, e outro e outro e outro, até beber metade do vidro.

Tinha pego também um cantil que estava cheio e bebi tudo, Theo fazia as próprias bebidas porque ele colocava poções e até feitiços que deixavam as bebidas 10x mais fortes do que elas eram.

Eu podia sentir a bebida fazer efeito, o teto rodava e a minha vista estava embaçada, eu não bebia com frequência, na verdade devo ter bebido umas duas vezes na vida. Então meu estômago era mais fraco pra álcool do que o da maioria das pessoas.

Por um segundo eu entendi o porquê das pessoas virarem alcoólatras, você fica dormente, imune a qualquer dor. Por uma fração de tempo o mundo lá fora é irrelevante, seus problemas são irrelevantes, as pessoas são irrelevantes.

Uma batida na porta despertou minha atenção.

—Entre, não consigo levantar. —Eu disse sentando com dificuldade na beira da cama.

Eu não estava vendo direito, mas vi quando Tom entrou e ficou parado me olhando.

—Esta bêbada?! —Ele perguntou me olhando com a cara de idiota de sempre.

—Parece? —Eu perguntei sorrindo.

Ele fechou a porta, veio até a cama e pegou o vidro na mão. Examinou o líquido me olhando e despejou na boca, em pouco tempo estava tão bebado quanto eu, pelo menos eu achava isso.

Ele ficou parado em frente a cama me olhando, eu levantei indo até ele e colocando meus braços sobre seus ombros. Com relutância, ele colocou as mãos na minha cintura.

Suspirei olhando em seus olhos, ele abriu a boca pra falar algo mas eu o beijei o impedindo. Ele começou a aprofundar o beijo, suspirava tão fundo e me segurava com tanta força que era quase como se doesse, eu inverti nossas posições empurrando ele para a cama.

Subi em cima dele e comecei a tirar minha blusa e ele me olhava hipnotizado.

—O que está fazendo...? —Ele falou tão baixo que saiu quase como um sussurro.

—O que acha que estou fazendo? —Me remexi no seu colo já sentindo seu volume e ele gemia.

—Inferno, mulher! Não me torture assim. —Ele me virou bruscamente ficando por cima de mim e arrancando minha saia.

Um Pé No Paraíso - Tom Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora