21 - Fantasmas.

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Estávamos deitados na neve fria da veneza. O vento congelante soprando a minha pele, os pássaros que não são ouvidos pois estão no aconchegante ninho de suas mães. Olhávamos o tempo nublado que escondia o sol de 3:30 da tarde, nossas mãos entrelaçadas, corpo a corpo, lado a lado.

—Você já amou alguém? —O garoto me perguntou com um brilho nos olhos.

Por um segundo, milhares de lembranças invadiram a minha mente. Lembranças dele, de quando ainda éramos nós, lembranças que martelavam o meu coração. O abraço quente, o beijo encaixado, a boca convidativa, os olhos sombrios e ao mesmo tempo acolhedores. A vontande de ficar sempre que eu deveria partir, a esperança de um dia mudá-lo e finalmente poder tê-lo, longe das trevas, dos pensamentos malignos e planos diabólicos.

—Uma vez. —Eu falei desviando o olhar para o céu.

—Como é a sensação? —Ele perguntou apertando mais a minha mão.

—É algo surreal. O coração acelerado, as borboletas no estômago, a corrente de eletricidade que passa sempre que você é tocado por ele. A vontade imensa de viver eternamente nos braços dele. A dor de todas as inúmeras despedidas e a certeza de que o meu coração sempre será dele. —Eu falei fechando os olhos e uma lágrima desceu pelos meus olhos.

—Acho que estou apaixonado, mas não parece ser tão doloroso dessa forma. —Ele falou me fazendo olhar para ele.

—Não doía, pelo contrário, ele adormecia a minha dor. —Eu falei suspirando.

—E o que mudou? —Ele perguntou olhando bem fundo dos meus olhos.

—Ele parou de adormecer e passou a proporcionar. —Eu respondi.

—Ele não merece você. —Ele falou levando uma mão até o meu rosto e fazendo um carinho ali.

—Ele não é o tipo de cara que consegue amar alguém e ele deixou claro desde o começo que amar ele iria me destruir. Mas mesmo assim eu me joguei de cabeça em um precipício sem fim. —Eu expliquei olhando no fundo dos olhos dele.

—Você é o tipo de garota que qualquer cara morreria e mataria por você. O seu jeito inocente conquista qualquer um. —Ele disse e eu vi o brilho nos olhos dele de novo.

—Você fala como se estivesse apaixonado por mim. —Eu disse e soltei um sorriso.

—Talvez eu esteja. Porque eu com certeza morreria por você. —Ele disse e sorriu de volta.

—Por favor, não faça isso, viva comigo. —Eu disse e ele sorriu levantando e sorrindo.

—Viveria por toda a eternidade comigo? —Ele falou e eu sentei para respondê-lo.

—Sim. —Eu disse e ele beijou a minha mão.

Eu nunca imaginei que um simples "sim" pudesse mudar toda a minha vida. Que me faria tomar decisões inusitadas e medidas desesperadas. Quando as coisas começam a esquentar, você esquece tudo. Esquece o mundo e se prioriza. Não dá pra fugir, não dá pra evitar, você não pode só se defender. Para o seu próprio bem, você tem que atacar.

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—Muito bem alunos, estudem o feitiço novo. A próxima aula será prática. —Professor Flitwick disse saindo de sala.

Eu recolhia meu material rapidamente pois eu estava morrendo de fome. Quando a minha pena caiu e quando eu fui abaixar para pegá-la, alguém se abaixou primeiro.

—Oi, Lua... A gente pode conversar? Por favor. É rápido. Eu prometo que é importante, se não eu não estaria te incomodando. —Peter disse me entregando a pena.

Um Pé No Paraíso - Tom Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora