➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘯𝘪𝘯𝘦

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[✓] CAPÍTULO REVISADO: 21-12-23.

Carlos estava uma verdadeira pilha de nervos, e o dia mal havia começado. Checava o horário a cada minuto que passava, numa tentativa de aliviar sua ansiedade. O dia da viagem havia chego — muito bom por um lado e péssimo por outro. Estava feliz por ter a oportunidade de passar três dias com Florence mas, ao mesmo tempo, estava nervoso pelo fato de não ter dito uma palavra sequer sobre isso com seus amigos.

Andando de um lado para o outro em seu dormitório, Carlos ensaiava mentalmente, maneiras de dizê-lo sem que Mal explodisse de repulsão. Poderia dizer que isso não passava de um plano, uma tática para arranjar um meio de roubar a varinha da fada madrinha. Fazia sentido, uma vez que outrora dissera que seria amigo de Florence apenas para arrancar informações.

Subitamente, a porta abriu-se, revelando a figura de Jay.

— Carlos? Por que está tão nervoso? — Jay perguntou, fechando a porta atrás de si.

O rapaz virou-se.

—Há algo que preciso contar. — Ele disse. Podia sentir a voz presa na garganta.

— Okay... O que foi?

Carlos respirou fundo.

— Eu não vou estar por aqui durante o recesso. — Disse.

Jay franziu o cenho.

— Se não estará aqui, onde? — Perguntou.

— No reino de Corona.

A expressão facial do filho do Jafar mudou no mesmo instante.

— O reino da princesinha "brilha linda flor"?! — Ele exclamou. — Por quê?!

— Porque... Ela me convidou e... Achei que seria bom para... Tentar descobrir algo sobre a varinha e... Qualquer outra coisa. Porra, você sabe. O que estamos tentando fazer desde o maldito momento que chegamos aqui.

Jay tentou captar algum sinal de mentira nas palavras do outro e, incrivelmente, não encontrou nenhuma. Quando saíram da Ilha dos Perdidos, Jay pensou que Carlos seria o menos capaz de realmente ajudar no plano para roubar a varinha. Entretanto, seus pequenos planos ali e aqui, desde o dia em que estabeleceu uma "amizade" com a princesa somente para tal, o fizeram repensar sobre o potencial do amigo.

— Uau, isso realmente me surpreende. — Jay respondeu, bagunçando os cabelos brancos de Carlos. — Tudo bem, cara. Contarei seu plano para as meninas quando você já tiver ido.

Carlos tentou dar um sorriso desalmado, porém seu coração pesava. Odiava ter que falar coisas tão hediondas sobre Florence, porém se não o fizesse, as consequências seriam inimagináveis. Sequer conseguia pensar no que sua mãe diria caso descobrisse que, na verdade, aquela amizade era verdadeira e que talvez não quisesse mais fazer parte aquele plano de dominação.

[...] Reino de Corona, Estados Unidos de Auradon

Assim que a limusine atravessou a ponte que conectava a floresta com o reino, Florence não pôde deixar de sorrir. Corona parecia mais vívido desde o último verão. As ruas estavam decoradas com bandeirinhas roxas cujo nas quais estava estampado o símbolo do reino: um belíssimo sol dourado. As pessoas, como sempre, sorridentes e bem humoradas.

Virando-se, Florence notou a expressão de Carlos. Ele estava completamente surpreso, como se estivesse vendo uma das maravilhas do mundo. Seu olhar se fixava em cada detalhe que achava interessante, seu rosto quase colado na janela. Suas mãos se agitaram, como se estivessem buscando apoio. A respiração rápida e superficial revelava sua excitação.

— Isso é... Tão... — Ele começou a dizer, porém não completou a frase.

— É encantador, não? — A jovem sorriu. — Bem vindo à Corona.

O veículo fez o trajeto mais rápido para o castelo. Conforme se aproximavam da grande construção, Carlos começou a sentir-se mais nervoso do que nunca. Mesmo Florence tendo-lhe garantido que seus pais eram gente boa, nunca sabia-se ao certo como determinada pessoa reagiria diante de um filho de vilão. E se não gostassem dele? E se o mandassem embora?

Todos os seus pensamentos, os bons e os ruins, se esvaíram quando sentiu o breque suave do carro. Eufórica, Florence abriu a porta de seu lado e saltou do veículo. A jovem correu em direção aos seus pais, que lhe esperavam diante da entrada do palácio. Os mais velhos a envolveram em um abraço apertado. Era nítido o carinho que tinham um pelo o outro.

— Eu senti tanta saudade de vocês! — Florence exclamou.

— Imagino, minha querida. Também sentimos muita saudade. — Rapunzel respondeu. Sua voz era doce e jovial. Em seu olhar era possível ver o quanto de amor tinha pela filha.

— Com toda certeza! — Eugene concordou. O mais velho exibia um sorriso. Seu olhar voltou-se adiante de Florence. Franziu o cenho, porém não de forma expositiva. — Querida? Quem é ele?

Florence virou-se, podendo ver Carlos um tanto sem jeito. Ele não sabia como agir ou o que falar. A garota correu em sua direção, em seguida puxando-o para mais perto. "Está tudo bem". Sussurrou para ele. "Eles não mordem".

— Mãe, pai, este é Carlos de Vil. — A jovem apresentou-o. — Aquele de quem falei por mensagem.

— É... É um prazer conhecê-los... — Carlos deu um sorriso tímido. — Eu...

Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, Rapunzel o envolveu em um abraço apertado, o que deixou-o surpreso e meio sem jeito. Em seguida, Eugene estendeu a mão em forma de cumprimento. Carlos, com toda certeza, não esperava que as coisas tivessem fluído tão bem. Florence estava certa, afinal das contas. Seus pais realmente eram gente boa.

— Então você é o famoso Carlos? O prazer é meu em conhecê-lo. — Rapunzel disse, simpática. — Florence não parava de falar sobre o quanto você é legal e engraçado. Se eu não a conhecesse como a conheço, diria que está apaixonada por você.

— Mãe! — Florence exclamou, sentindo seu rosto arder pela vergonha. — Não seja exagerada, por favor! Eu só disse que ele é legal e que viria comigo, nada mais do que isso!

— Certo, certo! — A mais velha deu de ombros, porém ainda soando divertida. — De qualquer forma, Carlos, nós preparamos tudo para você. Espero que aproveite a estadia aqui! Vamos pedir para que alguém leve suas malas para seu quarto.

— Ah... Bem... Muito obrigado por toda a recepção... — O rapaz coçou a parte de trás da cabeça, ainda tentando ajeitar a postura diante de tanta bondade. — Isso é muito... Bacana.

— Venha, quero lhe mostrar todos os cantos do castelo! — Florence retomou seu tom de voz agitado.

Carlos deixou-se ser puxado por ela, rumo ao interior do castelo. Ao virar sua cabeça para trás, viu Eugene fazer um gesto como quem dizia "estou de olho em você, camarada", porém não pelo fato de ser um vilão.

𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓; carlos de vilOnde histórias criam vida. Descubra agora