it will rain • Chaelisa

• Recaída

Pov Roseanne Manoban Park

5 meses depois...

— Então ele esta gostando?. — Perguntei a Suzy que sorriu animada pra mim.

— Eu confesso que não levei fé no começo, achava que ele podia ficar, não sei, mais agressivo sabe, mas foi o contrário.

— Que bom Suzy, eu sabia que isso iria acontecer, claro que tem um longo caminho ainda para percorrer, mas com certeza ele vai se dar bem.

— Ele esta doido para ver as crianças, mas ainda não sei como fazer isso.

— Finge que vai levar eles no parque alguma coisa assim, acho que vai ajudar muito na recuperação de seu irmão ver eles novamente, e já conseguiu um lugar para ele ficar?.

— Sim, aluguei um quarto pra ele próximo da minha casa, não consegui deixa-lo longe sabe.

— Só te aconselho a se preparar para os baixos dele também, infelizmente podem acontecer recaídas, mas você não pode se deixar abalar.

— É a primeira vez que estou lidando com esse novo irmão sabe, é estranho e bom ao mesmo tempo, difícil acostumar.

— Eu entendo Suzy, acabamos nos acostumando a tanta turbulência e crises, mas se conseguimos nos acostumar com as coisas ruins, também é possível se acostumar com as boas.

— Você tem razão, obrigada pela conversa Rose, eu vou te deixar trabalhar agora, me desculpa ter tomado tanto tempo. — Suzy falou se levantando da cadeira.

— Tudo bem, depois você se entende com a minha chefe. — Falei ouvindo sua risada.

Depois de Suzy sair da sala eu voltei ao trabalho, não tinha muita coisa pra revisar, e eu estava saindo mais cedo depois de ter mudado de horário, fiz esse esforço para poder ajustar um pouco meus horários com o de Lisa, não queria ter só os finais de semana para ter a companhia dela.

Agora eu também tinha que dividir ela com a faculdade, 5 meses que Lisa havia começado e estava mais empolgada a cada dia, era tão bom ver ela assim, meu pequeno solzinho se iluminando a cada dia mais.

Nossas vidas nunca esteve tão em paz, eu aproveitava cada minuto dos nossos dias, ainda sem acreditar que era real.

Sai do trabalho em meu horário de costume, liguei para Lisa algumas vezes mas ela não atendeu, dirigi até em casa e cheguei em poucos minutos, o apartamento estava escuro, o que me fez pensar que ela estava dormindo.

Mas quando ganhei o corredor do quarto ouvi um barulho alto de choro, meu coração apertou no mesmo instante.

— Lisa?. — Perguntei ouvindo barulho de chuveiro, a porta estava aberta e a cena que vi quando eu entrei fez o meu coração se quebrar.

Lisa estava sentada no chão do banheiro, com o rosto enterrado em suas pernas, soluçando de chorar. Entrei no box sem me preocupar que me molharia e agachei na sua frente.

— O que aconteceu meu amor?. — Ela não me respondeu, continuou chorando.

Eu estendi a mão pra ela a puxando contra mim e a envolvi em um abraço, percebi um sangue escorrendo junto com a água e encarei os seus dedos machucados. Eu só ficava mais confusa a cada segundo.

— Lisa por favor fala comigo. — Minha voz estava assustada e desesperada.

Eu desliguei o chuveiro e puxei a toalha do box envolvendo o seu corpo, sai do banheiro junto com ela a deixando na cama, enquanto eu me secava de qualquer jeito e colocava uma camiseta, Lisa estava com o olhar completamente perdido e eu não fazia ideia do que fazer, peguei o celular digitando o número de sua terapeuta.

— Alô, me desculpa a hora. — Falei sentindo minha garganta fechar. — Lisa esta tendo uma crise, ela esta machucada e não fala comigo.

— Rose você tem que manter a calma, ela esta te escutando?.

— Sim, ela só não responde.

— Então de os minutos que ela precisa pra se acalmar, fica com ela não deixa ela sozinha, cheque o pulso dela e vê se sua respiração não está alterada.

Fiz o que ela pediu.

— Não, ela só está respirando um pouco mais rápido.

— Vou marcar uma consulta de urgência para amanhã, traga ela aqui no primeiro horário ok?.

— Ok, obrigada.

Desliguei o telefone andando até Lisa, terminei de secar seu corpo e ofereci uma camiseta observando ela coloca-la, peguei uma faixa e enrolei em seus dedos machucados.

Depois me deitei junto com ela na cama, abraçando o seu corpo e ouvindo seu choro, eu encarava o relógio ao meu lado, vendo os minutos virarem horas, até ela pegar no sono, sem me dizer uma palavra se quer, eu não consegui dormir, ficava checando Lisa de minuto em minuto me certificando que ela estava bem.

Só consegui cochilar um pouco e fui despertada pelo celular, percebi que Lisa não estava mais ao meu lado, e ouvi um barulho alto vindo da sala

Me levantei e andei até ela, encarando Lisa bater tão forte no saco de pancada que o teto soltou alguns pedaços de gesso, ela me encarou quando me percebeu ali, e parou os socos me encarando.

— Meu pai me achou. — Senti sua voz falhar. — Ele teve a coragem de ir falar comigo no meu trabalho.

— Como ele te achou?.

— Minha tia falou tudo pra ele, onde eu moro, onde eu faço faculdade, ele foi me pedir dinheiro. — Lisa voltou a socar o saco enquanto falava. — Eu bati nele.

Respirei fundo tentando digerir toda aquelas palavras, me sentei no sofá com as mãos cruzadas apoiadas em minhas duas pernas.

— Você bateu nele?. — Repeti encarando ela de novo.

— Eu bati. — Ela disse deixando os braços caíram em volta do seu corpo, voltando a chorar. — Ele estava nojento, e doente, disse que não tem dinheiro para comprar remédios, e sabe o pior disso tudo?, eu tive pena dele depois de ter batido, EU TIVE PENA DELE, DAQUELE LIXO, EU TIVE PENA!!. —Lisa estava gritando com uma raiva que eu nunca tinha visto ela gritar. — Ele merece morrer, merece passar o resto da vida miserável dele sofrendo, igual aconteceu com a minha mãe.

Quantos gatilhos aquilo tinha ativado em Lisa?, eu realmente não era capaz de contar, enquanto abraçava ela de novo sentia a mesma raiva, compartilhava daquilo como se estivesse dentro do corpo dela, sentindo o ódio crescer enquanto eu repassava suas palavras na minha cabeça.

— Vamos ver sua terapeuta tudo bem?.

— Não eu não quero. — Lisa falou se livrando dos meus braços. — Me leva pro estúdio, por favor.

— Lisa eu já marquei com ela. — Falei tentando convence-la. — Você quer aparecer lá nessa situação?, por favor vamos para a clínica, faz isso por mim?.

Lisa concordou com a cabeça e eu fui me trocar junto com ela, no caminho da clínica avisei ao meu supervisor que não conseguiria trabalhar aquele dia, fiz o mesmo com o chefe de Lisa.

Quando ela finalmente entrou no consultório eu parei para respirar direito, porque ele tinha que voltar agora?.