Capítulo 14

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A cochilada que dei foi suficiente para ter um dos piores "pesadelos". Não irei assumir, não é do meu feitio assumir fraquezas. Então, por não querer demonstrar fragilidade, chamarei o indescritível sonho de pesadelo!

Acordar com a Maraisa ao meu lado, tornou-o pior. Que cena horrenda. Mas, apesar da fatídica cena, gargalhamos juntas. Eu sou zero noção das coisas, e também não levo nada a sério. 

— Vai me dizer que você nunca acordou gemendo? Comigo é rotina já. - Debocho, pondo-me de pé e seguindo até o meu closet. 

— Até então, não que eu saiba. Não foi legal ouvir minha irmã gemer. 

— Se você quiser, posso gemer de novo pra você nunca mais esquecer, irmã. 

A cara que ela faz, é fotográfica. Pudera eu compartilhá-la, tenho certeza que seria um ótimo entretenimento. 

Convenhamos, sempre deixo-a sem graça. É "mal" de Maiara. 

— Maiara, cria jeito! - ela verbaliza, e eu rio da situação novamente. — Estava sonhando com o Henrique? Eu o vi sair chorando. O que aconteceu?

Retrocesso, tomando consciência do que aconteceu. Respiro fundo mais uma vez, mexendo em meu cabelo, na vasta tentativa de não falar sobre. Minha irmã percebe e somente escuto seu lamento. Eles se gostavam, mas ela sempre ressaltava que somente ele me amava e eu gostava. Há uma diferença absurda entre amar e gostar. 

— Não fica assim, irmã. Pelo menos agora você tem chance de ficar com a Marília. 

Franzo o cenho e encaro-a. Gargalho, mas de raiva instantânea. 

— Não entendi. Não era isso que você queria?

— Eu nunca quis ficar com a Marília, Maraisa. - minto. 

— Por Deus, irmã. Por quê você está tentando mentir pra mim?

— Não estou mentindo…

— Maiara Carla! - Maraisa sobressai, ficando frente a frente comigo. — Fala logo!

— Ai, irmã - me sento sobre a cama — É tudo muito complicado. A Marília é complicada. Acredita que ela foi lá na empresa às 22h? 

— Sério? Fazer o quê? O horário de… - interrompo-a.

— Não me recordo agora, mas ela estava alcoolizada. E aquela desgraçada, mesmo alcoolizada, conseguiu me desnortear. Ela me põe contra a parede. Desde do dia em que nos beijamos, Marília tenta reatar, mas não há o que reatar, afinal, não passamos de colegas. 

— Você consegue ser fria quando quer, né? 

— Vai me dizer que você não evitaria o Fernando, caso ele fosse escroto com você?

— Maiara, ela pediu desculpa. Vocês duas se querem, só são cabeça dura! - Maraisa afirma gesticulando. E eu reviro os olhos. 

— Não sei. Eu tô obcecada por ela. Não posso vê-la que fico fraca. Convenhamos… Ela me provoca demais. - Bufo, lembrando de alguns detalhes, mas sem perder o foco da minha irmã. 

— E por que não tenta? O pai não precisa saber de nada. 

— Por quê falou do papai? 

— Porquê com certeza ele não aprovaria a relação de vocês duas.

— Mas eu não quero namorá-la. A Marília tem idade para ser minha tia mais nova, Maraisa. - Maneio com a cabeça e volto a me arrumar. — Agora me dá licença porque preciso ir para a fatídica aula com a queridíssima Marília. 

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