Capitulo 34

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Maiara está me olhando tão penetrantemente, que eu consigo sentir todo o ódio através das suas íris. Respiro fundo e me viro, encontrando seu corpo próximo do meu. Ela continua no mesmo lugar, imóvel.

— Qual é a porra do seu problema? - vocifera.

— Nenhum, Carla. - murmuro, apertando os olhos e massageando as têmporas.

— E o que você está fazendo aqui? - Sua sobrancelha está erguida, seus olhos fulminantes e a sua voz impaciente. — Aliás, por que estava conversando com a minha irmã?

— Sou proibida de falar com a família Pereira agora, Carla? Por Deus! - Me afasto um pouco dela e caminho até a mesa, encostando meu corpo.

— Você é estúpida. Essa é a minha festa, eu não lembro de ter te convidado. - grita, e eu agradeço por Maraisa ter nos afastado de todos.

— O seu pai me convidou, não pude fazer desfeita. - minha voz sai baixa.

— Meu Deus, você realmente é uma estúpida! - Maiara se aproxima de mim, exalando seu ódio através da sua respiração descompassada.

— Você pode me chamar do que quiser, Carla. Eu não dou a mínima. - dou de ombros, desviando o olhar do seu.

— Ah, não? Também não deu a mínima quando estava me encarando durante todo o meu discurso?

— Não posso te admirar mais? Os olhos são meus, Carla. Neles, você não possui autoridade. - respondo.

— Nossa… - ela põe os dedos no meio da testa e fecha os olhos. A sua impaciência me diverte. — Não deveria ter vindo.

— Não gostou da minha presença? Eu adorei ver como você se perdeu quando os meus olhos encontraram os seus. Tão… vulnerável, hum? - Arqueio o canto da boca em um sorriso.

Maiara se aproxima de mim, ficando a poucos centímetros. Ela me olha por baixo dos cílios, destilando-me lentamente. A sua respiração está cambaleante e se torna evidente o quão trêmula ela fica ao estar sozinha comigo. Eu me inclino um pouco, quase alcançando sua boca. Enquanto ela me examina, eu aproveito para admirar seus lábios carnudos contornados pelo batom extraforte.

— Tentadores… - murmuro.

— Você não cansa, não é?

— Hum? Não entendi. - Ergo meu olhar para vê-la.

— Você não se cansa. Já basta mexer comigo, fazer tudo que fez… e ainda sim continua. Você ainda continua, Marília! - Quase posso ver a fumaça saindo de suas orelhas enquanto me fuzila com o olhar.

— Carla... - Estalo a língua em deboche. — Você pode achar o que você quiser. - Me levanto e caminho pelo espaço. Paro, viro o meu corpo e a encontro com os olhos fixos em mim. — Aliás, você pode criar várias teorias. Nada, nada do que você disser ou pensar sobre mim, mudará o que eu sinto por você. Então, não, eu não me canso.

Ela parece retrair-se. E eu não dou a mínima. Estou farta da posição em que ela me coloca. Eu não a forcei a ficar comigo. Se há algo errado aqui, há dois.

— Eu estou namorando. - Ela revela, erguendo a mão em que está a sua aliança. — Eu já não sinto mais nada por você, Marília.

                   Maiara.

Marília consegue ser estúpida, em todos os níveis permitidos e impermitidos, ela consegue. Ela consegue me deixar furiosa, assim como também consegue me desnortear somente com um olhar.

E é óbvio que não estou namorando. O anel em que mostro pra ela é o meu anel de formatura. Ganhei dos meus pais. Eu só quero acabar com tudo isso.

Na ponta do Salto - MAILILAOnde histórias criam vida. Descubra agora