Capítulo 27

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Eu vagava pelo salão da reinauguração, minha ansiedade ia crescendo a cada passo que eu dava. A música suave e o brilho das luzes criavam um ambiente encantador, mas meu foco estava em apenas uma pessoa: Marília. Ela havia desaparecido na multidão.

Cada passo que eu dava parecia ser uma batalha contra a pressão social que tentava me prender. Empresários bem-vestidos, com sorrisos forçados e olhares predatórios, insistiam em puxar papo comigo. Eles queriam falar sobre negócios, elogiar minha aparência ou tentar me impressionar com histórias de sucesso. Eu sorria polidamente, enquanto minha mente ansiava pela busca de Marília.

A tensão crescia a cada passo. Cada segundo que passava me afastava dela e me aproximava da tentação de contar o nosso segredo. As palavras ficavam entaladas na minha garganta, enquanto eu lutava para manter minha compostura.

Finalmente, após uma eternidade de esforço e de manter minha postura, avistei Bruno. Ele estava conversando com algumas pessoas, mas quando nossos olhares se encontraram, eu soube que ele tinha percebido minha agonia.

— Oi, Maiara! - ele disse com um sorriso malicioso, aproximando-se de mim. — Estava te procurando.

Engoli em seco, minha mente correndo em busca de uma desculpa. Mas então percebi que havia uma centelha de entendimento em seus olhos. Ele sabia de nós.

Luiza está aqui e.. Merda!

—  Oi, Bruno - respondi, minha voz um pouco trêmula. — Estou procurando a Marília. Você a viu por aí?

Ele manteve o sorriso cúmplice, deixando claro que sabia mais do que estava dizendo. —  Sim, eu a vi, Maiara. Ela está em seu escritório. Acho que você vai gostar de vê-la lá.

Minha tensão se transformou em alívio, e eu percebi que Bruno era um aliado, não um traidor. —  Obrigada, Bruno. Vou até lá agora mesmo.

No momento em que eu estava prestes a entrar no elevador, esbarrei em Luiza. Ela estava sorrindo de maneira maquiavélica, seus olhos brilhando com uma satisfação perversa.

— Amor, seremos somente você e eu agora. - disse, sorrindo cinicamente. E meu coração parou, eu fiquei completamente gelada diante da sua fala.

— Como assim “eu e você”, Luiza?

Ela percebeu o meu tom confuso e apavorado, se aproximou de mim, porém me afastei rapidamente.

Fiquei incrédula, sem palavras, enquanto o mundo parecia desabar ao meu redor. As palavras de Luiza cortaram como lâminas afiadas, e eu senti o desespero se espalhar por mim.

— O que você está falando? - foi tudo o que consegui articular, minha voz saiu trêmula.

Luiza riu maldosamente. —  Oh, você sabe do que estou falando, Maiara. Marília não merece você. Você é minha, ou de mais ninguém, lembra?

A raiva, confusão e desespero se misturaram em meu peito, tornando difícil respirar. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Como Luiza ousava criar essa mentira, especialmente neste momento crucial?

Antes que eu pudesse reunir palavras para me defender, Luiza se afastou, deixando-me paralisada, incapaz de continuar a busca por Marília. Minhas pernas tremiam quando ela desapareceu na multidão, e o mundo ao meu redor parecia turvar-se.

Eu sabia que tinha que encontrar Marília, explicar a situação e desmascarar as mentiras de Luiza. O desespero me impulsionou, e eu saí apressadamente do terraço, ignorando todos os outros convidados enquanto lutava para alcançá-la antes que fosse tarde demais.

Marília.

Eu estava sentada em meu escritório, o copo de uísque meio vazio diante de mim, testemunhando a decadência de meu autocontrole. O telefone em minhas mãos estava conectado com Murilo, meu marido, mas minhas palavras estavam confusas e um tanto turvas devido à bebida. As lágrimas já haviam deslizado pelo meu rosto, deixando traços escuros de mágoa em minha maquiagem.

Na ponta do Salto - MAILILAOnde histórias criam vida. Descubra agora