Capítulo 28

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Precisávamos correr contra o tempo. Marília estava no banheiro, tentando retocar sua maquiagem. Entrei logo em seguida, com meu estojo de maquiagem em mãos. Estava suada, meus olhos um pouco marcados e o meu batom borrado. Ainda tentava me recuperar. Marília se posicionou atrás de mim, encaixando seu corpo e me puxando pela cintura. A loira respirava ofegante em meu ouvido, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. Fechei meus olhos em resposta, sentindo, mais uma vez, meu corpo estremecer diante do seu toque.

— Tem certeza que quer descer? - perguntou, com a boca próxima do meu ouvido. — Quero tanto te foder de novo…

— Marília, temos um evento para acompanhar. Ficamos ausente por uma hora. - minha voz saiu arrastada, praguejante. — Porra! - murmurei, sentindo suas mãos descerem pelo meu corpo. — Se depender de mim, você ainda irá me foder pra caralho.

— Não tenho dúvidas. Você é minha.

A olhei de canto e ri. Realmente, sou completamente dela; e recebi a confirmação quando a senti dentro de mim.

O celular de Marília toca, e eu me assusto. Ela paralisa ao olhar para a tela.

— Seu pai. - Ela me olha e olha o celular. Marília atende. — Desculpe-me, César! Tive que vir em casa, Marcela não parava de chorar. Já estou à caminho! - ela respira, ouvindo meu pai. — Sim, eu sei! Foi urgente. Você me entende. Em 10 minutos chego aí!

Marília desliga o celular, me olha e nós duas rimos.

— Coitada da Mama, sempre sendo usada como desculpa…

— É a minha filha, eu posso usá-la como desculpa. - Ela fala, confiante. — Mas se um dia você quiser falar que está com saudade dela, só para poder me ver, eu vou adorar.

Sorrio diante da sua fala, me aproxima dela e beijo seus lábios. Encontro seus olhos, enquanto aninho minha mão em seu cabelo, tirando a mexa do seu rosto.

— Linda. - sussurro.

— Não - franzo o rosto ao ouvi-la — Sou perfeita.

Reviro os olhos, e a beijo novamente.

— Em tudo. - A olho, com um sorriso explícito em meus lábios.

Nos entreolhamos. Saio do banheiro. Irei na frente, não posso chegar com Marília. Ao chegar no salão, olho para os lados e percebo o quão cheio aquele lugar está. Encontro o meu pai, que parece não ter notado a minha ausência. Fico aliviada.

— A imprensa está aqui. - diz.

— Vai ser entrevistado, papi? - Bato as mãos e sorrio, animada.

— Preferi que Marília fosse. Ela tem docência, saberá lidar com as perguntas. Não curto muito as câmeras, é bom que assim fique um ar de suspense sobre quem é o dono.

Rolo os olhos. Meu pai é gaga.

— Mas pai, todos te conhecem.

— Todos não, alguns. - Ele diz, beijando minha bochecha. — Vou ir falar com a sua mãe.

O olho surpresa. Porém, deixo-o. Estou no salão, conversando com alguns colegas de trabalho. Bebi um pouco. Vez ou outra, olho ao redor em busca de Marília. Meus olhos a encontram. Ela está linda, posicionada em frente às câmeras, conversando com os jornalistas. A maneira como ela gesticula e se posiciona, transmitindo confiança e elegância, me atrai.

— Ela é uma deusa. - Bruno sussurra em meu ouvido. — Ah se eu gostasse da fruta…

— Ah se eu gostasse também… - Ele me olha, cinicamente. E eu tento disfarçar. — Tô brincando. Ela realmente é uma deusa.

Na ponta do Salto - MAILILAOnde histórias criam vida. Descubra agora