Capítulo 09

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Eu acho que nunca supliquei tanto para as horas passarem, sério, meu corpo inteiro estava tomado por uma adrenalina que nem com o Henrique outrora senti. Seria possível uma mulher - até então hétero, sentir atração por outra? Eu acho que não é atração… Curiosidade? Sei lá, só sei que cá estou eu escolhendo um dos meus looks caríssimos para usar na aula de hoje, com a intocável e temida Marília Dias. A roupa veste super bem, há detalhes minuciosos por toda a fenda. Observava meu corpo em frente ao espelho, passeando as mãos por todo-o, sentindo cada euforia liberada pelos movimentos repentinos que passava. Prendi meu cabelo em um alto rabo de cavalo, deixando alguns fios soltos em meu rosto. Transparencia elegância, sensualidade e uma pitada de empoderamento. Sempre tive uma ótima consciência corporal, visto que procuro sempre ser a melhor de todas.

Hoje o Henrique queria sair, mas tenho como prioridade o ensaio com Marília. Não poderia, novamente, perdê-lo e deixá-la na mão. Papai adoraria ouvir que estou me esforçando para gostar da sua queridíssima amiga de longa data - que por sinal consegue deixar-me trêmula somente com o seu olhar penetrante e instigante.

Desci as escadas rapidamente, passando por Maraisa que estava distraída em seu notebook. Minha irmã ao me ver, sorriu sarcasticamente como se soubesse todos os meus planos. Retribui. Não posso negar que hoje o meu principal foco é desnortear a loira de 1.70 que consegue me domar. Lancei um beijo no ar para Maraisa, que prontamente me desejou uma excelente aula. Não demorou muito para que estivesse no estacionamento do prédio.

Assim que entrei, fui recepcionada pelo grito fino da pequena Marcela. Fiquei sob meus pés, em sua altura, deixando a pequena tocar meu cabelo.

— Titia, como você pinta o seu cabelo? - Marcela tocava em meus fios, seu toque era sútil.

— Eu pego a laranja, corto ela e passo.

— Sério? Você acha que eu ficaria linda assim também? - perguntou, com as bochechas afloradas por sua timidez visível.

— Você ficaria linda até com a cor do cabelo branco!

— Eu não quero ficar com cabelo branco igual a minha mamãe! - Resmungou, cruzando os braços e deixando exposto o bico mais lindo que já vi.

Ri alto, o que a fez rir também. Só consegui visualizar o pontiagudo salto da sua mãe. Ergui os olhos e notei que Marília estava com seus braços cruzados, a expressão séria e bastante fechada. Fiquei sob meus pés e agarrei a mão da pequena, apertando-a levemente para que Marília não se aborrecesse.

— Eu posso explicar… A Ma me viu entrando e- Marília me interrompeu e permaneceu séria.

— Você não me acha linda, filha?

— Eu acho, mamãe. Você é linda, parece com a titia, mas eu não quero ser velha igual você.

Quis rir, me segurei tanto que acabei soltando um riso tímido.

— Sua mamãe é linda. Ela é a velha mais bonita que conheço. - Saiu tão espontaneamente que, ao perceber a ousadia das minhas palavras, repreendi-me rapidamente. — Quer dizer, ela não é velha, é apenas madura.

— Maiara, você não está colaborando! - ela riu, fazendo-me tremer sob seus olhos tão… instigantes.

Pude sentir a acidez da minha saliva. Meu corpo entrou em estado de choque, deixando-me completamente alucinada e naufragada em seu olhar profundo.

— Encontro você na sala? - assenti e prossegui.

Minhas pernas falharam, miseravelmente, sem explicação alguma. Que droga estava acontecendo? Seria uma fissura? Freud explicaria? Não há razões objetivas que descrevam as sensações que a minha professora me causa. A sala estava vazia. Lentamente, em frente aos diversos espelhos que estavam alojados no ambiente, retirei todas as peças de roupas que não compunham o look. Meus olhos fecham-se automaticamente, fazendo meu corpo flutuar sob meus pés treinados a movimentar-se rapidamente. Hormônios são liberados automaticamente, o que me deixa entusiasmada. Meu corpo se move em frações de segundos, seguindo minuciosamente os passos. A maneira como me envolvo com a batida, acaba deixando o ambiente carregado por luxúria.

Na ponta do Salto - MAILILAOnde histórias criam vida. Descubra agora