Scarius | Sirius Black (Ato I)

6 - Você não tem nada que eu queira, Black

VI

— Você é surdo, Black? Eu já disse que...

Sirius agarrou sua mão. Inicialmente, Scar tentou se soltar. No entanto, parou ao notar que ele fez isso para esconder seu Ouroboros. Scarlett estava tão atônita que não percebeu ter perdido a luva. A palma macia dele estava suada e o toque em cima da marca incomodava.

Ele a puxou consigo. Scar não resistiu. Observou, emudecida, o sol brilhar contra os cabelos escuros de Sirius Black, os fios reluzindo em um castanho, quase âmbar. Scar colocou a outra mão no peito, tentando aliviar a pressão que sentia ali. Evitou pensar em Dimitri todos esses dias e só de mencionar o nome em sua mente, o estômago ardeu. Sua mão subiu para a boca.

Apertou os olhos e comprimiu a garganta, focando em só respirar. Se concentrando na pulsação lancinante da palma de Sirius Black contra a sua mão, no vento suave afagando suas bochechas, no calor que irradiava do chão. Na sombra de Remus, que aparava o sol em suas costas.

Ao chegar nas lareiras, Scar estava ofegante e corada. Suor escorria de suas bochechas. Não sabia como Sirius estava aguentando ficar de calça naquele calor. Ela foi a primeira a viajar, sendo engolida pelas chamas esmeraldas.

Tudo girou e ondulou e, antes que percebesse, estava na entrada de Godric's Hollow. Sirius e Remus surgiram logo atrás dela.

O ar refrescante do pequeno vilarejo era confortável e só naquele instante percebeu respirar apropriadamente. Apoiou as mãos nos joelhos, puxando o ar com força. Sentiu o olhar abrasivo de Sirius sobre si, ao mesmo tempo que era observada por Remus. Cobriu seu Sinete com a mão, caminhando em direção à sua casa.

— O que é isso? — Sirius perguntou para Scarlett, apressando o passo para alcançá-la. — A marca na sua mão.

— Não é nada. — Ela balbuciou, fugindo de seu olhar.

— Por que você esconde ela? — Ele insistiu, segurando em seu ombro. Scarlett se impulsionou para frente, se livrando do toque dele.

— Eu já disse que não é nada! — Respondeu, com grosseria. — Me deixe em paz!

— Se você não me falar, eu não posso te ajudar! — Sirius sibilou, tornando a alcançá-la.

— Não me lembro de ter pedido a sua ajuda! — Sua voz quase quebrou em choro quando uma vontade avassaladora de romper em lágrimas subiu por ela, mas Scarlett a empurrou para longe.

— Achei que fôssemos amigos. — Sirius sussurrou com amargura, diminuindo o passo.

Scarlett parou, olhando por cima do ombro. Sirius a perscrutava tão intensamente que era como se olhasse dentro de sua alma, tentando dissolver as fronteiras que Scarlett havia se limitado. Como se atravessasse toda a ironia e grosseria, alcançando a garota feroz e ousada que um dia ela foi. Tentando resgatá-la. Scar sorriu e não foi de bom humor. Aquela Scarlett não existia mais, Dimitri se certificou disso.

— Não somos. — Foi tudo o que disse, voltando a andar.

Aquelas duas palavrinhas foram o suficiente para acabar com qualquer discussão.

Ainda assim, Sirius e Remus a acompanharam até sua casa. Almofadinhas tinha passos pesados e desordenados. Já Aluado andava com precisão e suavidade.

Ao adentrar na própria casa, Scarlett bateu a porta com força.

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Sirius e Remus ficaram um bom tempo na porta da casa dos Gaunt.

— Não me olha desse jeito. — Sirius suspirou, colocando as mãos nos bolsos.