57 - You can't be everything you want to be before your time

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LVII


A brisa fria da manhã formava redemoinhos com a neve recém-caída no campo de quadribol de Hogwarts. Sirius soltava todo o ar dos pulmões em uma nuvem de vapor ao se concentrar em suas flexões, o movimento rítmico compactando a neve em lama sob a palma de suas luvas.

Ao seu lado, James o seguia fazendo a contagem e Marlene estava em pé, de braços cruzados, observando-os com um risinho satisfeito. Um pouco à frente, Peter estava enfiado debaixo de um casaco grosso, uma prancheta em mãos enquanto ele anotava os planos de treino.

Sirius agradeceu mentalmente quando James fez uma breve pausa no exercício. Ele se levantou, os braços tremendo ligeiramente pelo esforço e pelo frio. Soltou um longo e sonoro bocejo, que fez James cruzar os braços e erguer uma sobrancelha em malícia.

— Que foi, a festa do pijama com a Scarlett te deixou tão cansado assim? — James perguntou, uma risada quase oculta em seu tom de voz.

Sirius bateu a lama das mãos, apoiando-as na cintura. Não houve nem a sugestão de um sorriso em seu rosto, o que deixou James um tanto desconcertado.

— Na verdade, ela teve pesadelos a noite toda. — Sirius explicou, traços de cansaço estavam infiltrados em sua voz. — Ficou gritando 'não' enquanto se debatia. Tive que acalmá-la.

A preocupação substituiu a zombaria no rosto de James, ele tirou a neve dos cabelos bagunçados e passou a manga da capa no nariz.

— Pesadelos? — Ele abaixou o tom de voz, embora Marlene e Peter estivessem perto o suficiente para ouvir a conversa. — Com... o... Dimitri? — Indagou, baixinho.

— Acho que sim. — Sirius supôs, voltando a se abaixar para retornar às flexões.

— Desde quando isso está acontecendo? — Foi Marlene quem perguntou, sentando-se ao lado de Peter.

Sirius grunhiu com o esforço, contraindo o máximo os músculos do abdômen antes de responder.

— Um pouco... depois do Natal. — Ele arfou, soltando o ar pela boca.

James, Marlene e Peter se entreolharam. Quando Sirius terminou, ele voltou a se levantar, girando os braços para não esfriar o corpo.

— Tá tudo bem, ela vai falar com a Pomfrey... para pedir uma poção sem sonhos. — Sirius deu um sorrisinho, embora a inquietação matizasse o cinza de seus olhos. — Ela já teve isso antes.

— Quem é Dimitri? — Marlene fingia olhar a prancheta de Peter, desviando a atenção para James e Sirius.

— Hã, ninguém. — James disfarçou, colocando as mãos atrás do corpo. — Não sei de onde você tirou esse nome.

Marlene semicerrou os olhos, claramente sem acreditar nas palavras do amigo.

— É melhor a gente ir... se não vamos nos atrasar... — Sirius cortou o assunto ao acenar com a cabeça para Peter e James.

— Por que vocês fazem tanto mistério quando o assunto é a sua namorada? — Marlene reclamou, batendo a neve da capa.

— Marl... não enche. — Sirius a cortou, dando meia-volta e seguindo até o vestiário. Não estava só impaciente, mas também irritadiço.

Sirius faria de tudo para que Scarlett não sofresse pelo o que Dimitri fez e, a cada vez que as coisas ficavam bem, era como se ele sempre achasse um jeito de estragar tudo. E Dimitri nem estava ali! Suspirou ao sair de seu banho quente, vestindo-se antes que o frio gelado invadisse seu box.

Scarius | Sirius Black (Ato I)Onde histórias criam vida. Descubra agora