43 - Você me ama?

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XLIII


Sirius Black acordou em seu aniversário com uma animação estranha. Estava fazendo dezessete anos, finalmente chegou à sua maioridade e ele sentia-se bastante feliz. Como se seus pais não tivessem esfregado na cara dele sua deserdação, tampouco o teatro de fingir que nunca foi filho deles.

Sirius deu um beijo em Scarlett antes dela sair para seu treino, enrolado nos cobertores e ouvindo música até dar a hora de trocar de roupa e se arrumar para ir ao próprio treino. Ele recebeu uma centena de felicitações antes de chegar ao campo de quadribol, onde um grupo numeroso de garotas de todas as Casas se aglomeravam nas arquibancadas para assisti-lo.

Ele amava a atenção. Cada vez que as bruxas gritavam quando ele acertava um balaço era música para seus ouvidos. James, Remus, Peter, Marl e Mary claramente estavam planejando uma festa surpresa para ele, como faziam todos os anos.

E é claro que Sirius fingia não desconfiar de nada. Ao menos não na frente deles.

Os primeiros presentes chegaram no almoço. Uma máquina polaroid de sua prima Andrômeda e um saco cheio de galeões de seu tio Alphard, não é como se ele precisasse, mas não pedir dinheiro para James ou para os pais dele o deixou mais confortável.

Remus, Peter e James alegaram que só dariam seu presente na sala comunal, na festa, obviamente. Sirius também recebeu inúmeros presentes das alunas de Hogwarts, os quais ele sequer ousava tocar. A maioria teria algum feitiço de amor e ele não ligava para os outros. Receber presentes de seus amigos era o suficiente. Beijou Marl na bochecha ao ganhar um Estojo para Manutenção de Vassouras e abraçou Mary pela fita da banda Heart. Aparentemente Scarlett contou a ela sobre o walkman que ele ganhou.

Entre a aula de Astronomia e Aritmancia, ele topou com Regulus no corredor. Scarlett, James e Peter estavam mais afastados conversando e seu irmão demorou para encará-lo de propósito. Ao lado dele, Bartô abriu um sorriso cheio de desdém.

— O que você quer, traidor de sangue? — Crouch cuspiu, levantando-se do banco. Regulus acenou, fazendo-o ficar estático. Rosier, do outro lado, descruzou os braços.

— A gente pode conversar? Sem os seus cães de guarda? — Sirius olhou para Bartô e Evan, antes de encarar o irmão.

— O que você quer? — Regulus sibilou, os olhos forjando-se no mais puro aço.

Sirius cerrou os punhos. Com um movimento de Regulus, Evan e Bartô os deixaram sozinhos. Os quadros em volta deles pareciam querer ouvir a conversa, aprumando-se em cima de seu irmão.

Com um suspiro, Sirius pegou a polaroid na mochila e tirou uma foto de Regulus. Ele ergueu uma sobrancelha, colocando as mãos na cintura.

— O que você está fazendo, Sirius? — Ele perguntou, impaciente.

Ignorando-o, Sirius pegou a foto que a máquina cuspiu, balançando-a para ser revelada.

— Será que dá para você sorrir? — Sirius resmungou, tirando outra.

— Para! — Regulus rosnou, apertando as mãos. — Fala logo o que você quer!

Guardando as duas fotos no bolso, Sirius fitou o irmão. Havia irritação nas íris dele, mas toda a rigidez rachou; produzindo um arco-íris de cores mais suaves naqueles olhos tão arredios. Falar o que Sirius queria era como fazer um desejo para uma estrela cadente; algo inalcançável. Impossível.

Mas não faria mal tentar, faria!?

— Vou comemorar meu aniversário na sala comunal da Grifinória hoje. — Sirius revelou, os dedos emaranhando-se nas duas fotos do irmão.

Scarius | Sirius Black (Ato I)Onde histórias criam vida. Descubra agora