47 - É isso que seu papaizinho te ensina quando ele te espanca?

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[Mil perdões pelo atraso no capítulo. Por algum motivo eu achei que hoje fosse quarta e se não fosse uma amiga me lembrando eu só teria postado amanhã. Enfim, boa leitura <3]


XLVII


Sirius acordou com um calor aconchegante envolvendo todo o seu ser. A respiração suave de Scarlett roçava em seu peitoral enquanto ele se embaralhava em um estado de meio-sonho, sentindo o coração dela bater na palma de sua mão, repousada na nuca dela. Ele estava com uma leve ressaca.

Grunhiu ao abrir os olhos, piscando algumas vezes até que a visão focasse em Scarlett aninhada em seu peito. Nos cabelos escuros bagunçados e espalhados, nas sardas que pincelavam a pele de seu rosto, nos longos cílios que sobressaltavam em espasmos suaves com a movimentação ocular.

O coração de Sirius acelerou, atingido por uma onda espumante e cálida que perpassou todo o seu corpo e o fez arrepiar. Era aquela perturbação em seu peito, os sussurros no pé do ouvido, a coisa morna que se diluía em suas veias. Era certeiro como o cair da neve lá fora, como o nascer do sol, como as nuvens no formato de uma garota com flores nos cabelos. Sirius suspirou, aquela coisa latente e paralisante sufocando-o devagarinho. A certeza absoluta, a verdade indiscutível, as palavras atrozes. A destruição de um homem.

Sirius amava Scarlett. Apesar de tudo o que ele fez, tudo o que ela fez, todos os dizeres jogados e gritados, as lágrimas e os sorrisos, as alfinetadas e beliscões. Sirius a amava e, mais uma vez, estava assustado. Não sabia o que fazer.

O amor sempre lhe foi cruel, sempre lhe mostrou as presas e as garras; sempre o feriu. Mas o que ele sentia... era um pouco diferente. Era fervente, intenso, mas também era sublime e hipnotizante. Diluía sua racionalidade e acordava todos os seus instintos mais primitivos, mais vorazes, mais duvidosos. Trazia os sentimentos para a superfície muito fácil, numa vivacidade incontrolável.

Sirius a amava profundamente. E, naquele momento, era tudo o que importava.

Com cuidado, ele percorreu as sobrancelhas de Scarlett com o indicador. Traçou o caminho de suas sardas até o nariz, escorregando para as maçãs do rosto até o queixo, pinçando-o com o dedo. Sirius se inclinou e uniu os lábios, sentindo Scarlett inspirar todo o ar que conseguia ao despertar com o beijo. Suas pestanas se ergueram e ela o encarou quando ele encostou a testa na dela ao separar os lábios.

Perscrutado por aqueles olhos azuis, Sirius sentia todas as suas fragilidades serem atraídas como se as íris dela fossem um imã. Sentia-se exposto, invadido, roubado e acolhido. Scarlett conseguia acordar seus dois extremos com uma facilidade enervante. Fazia-o sentir-se um tolo apaixonado e um irado enciumado. O deixava entorpecido com seu amor e embriagado com sua ignorância.

Ela o deixava maluco. E, por mais que Sirius odiasse o estado vulnerável que ela lhe causava, a amava mais do que gostaria de admitir.

Sirius desceu a mão pelas costas nuas de Scarlett, cujas íris azuis arderam com o toque. O rosto pálido começou a ficar adoravelmente vermelho. Sirius sorriu, apalpando sua bunda. Scarlett arregalou os olhos, olhou para debaixo do cobertor e o fitou em seguida, agarrando os lençóis para se cobrir.

— N-Nós estamos... — Ela gaguejou, encolhendo os braços na frente dos seios.

— Nus? — Sirius ergueu uma sobrancelha, as pupilas dilatadas sorvendo cada pedacinho que ele conseguia captar da tez desnuda de Scarlett. — Nada que eu já não tenha visto. — Ele revirou os olhos com um sorrisinho soberbo.

Ele não previu o tapa que Scarlett lhe deu no ombro.

— Ai! — Sirius a puxou contra seu corpo, o que só a fez entrar em desespero.

Scarius | Sirius Black (Ato I)Onde histórias criam vida. Descubra agora