Capitulo 4

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🔥♠ A Aposta ♠🔥
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Capitulo 4
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Claire Stacy
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Já não tinha mais lágrimas para chorar, estou sentada no chão, encostada
em uma parede próxima a janela. Fiz de tudo para tentar sair desse quarto,
esmurrei a porta, que parecia ser de aço maciço, tentei abrir as janelas, mas
estavam lacradas. Se pelo menos estivesse com minha bolsa, onde coloquei o
celular, tentaria pedir ajuda, nem que fosse da polícia, mesmo correndo o
risco de ir presa, é melhor ir para a cadeia do que ficar a mercê desse homem,
que não faço a mínima ideia de quem seja.
Meu coração gelou, lembrei-me de algo que meu tio disse, sobre o clube
pertencer a máfia russa, será que esse homem é algum membro? Levei as
mãos à cabeça em desespero, estava doendo, além do local que ele havia me
puxado, como se fosse uma coisa, ainda doía por dentro, parecia que minha
cabeça iria explodir. Provavelmente por causa do estresse de tudo isso.
O fato de não saber o que aconteceu ao meu tio, estava me deixando mais
ansiosa ainda, Deus, espero que ele esteja bem, mas o que fizeram com ele na
sala de pôquer, já dá para ter noção de que essas pessoas não estão para
brincadeira. A minha esperança é que eles só queiram nos dar um susto,
talvez chamem a polícia para nos prender, sinceramente, nesse momento é o
que mais quero.
Olhei em volta do quarto, o luxo ali era impressionante, como tudo naquele
lugar, convenhamos, porém, não tocarei em nada, toda essa suntuosidade me
assusta mais ainda, não sei porque aquele homem me trouxe para cá, eu sei
que ele disse que me teria em sua cama, no entanto, não vejo porque ele
forçaria uma moça a ter alguma coisa com ele, não é um homem de aparência
repulsiva, muito pelo contrário, eu nunca vi um homem mais bonito em toda
a minha vida. Porém, mesmo sendo lindo, jamais permitirei que me toque.
Senti uma vertigem, se ele pensa que vou ter algum tipo de relação com ele,
está muito enganado, lutarei com todas as minhas forças. Deus!
Fechei meus olhos, eu não acredito que estou nessa situação, eu tenho que
encontrar uma maneira de sair daqui. Decidi levantar, explorar em volta para
ver se não tinha alguma coisa que pudesse me ajudar.
Levantei-me, essas sandálias estão me apertando, tirei-as, o vestido também
não está confortável, mas não podia retirá-lo.
Andei até uma porta, empurrei-a, me deparei com um banheiro, não! Não era
um simples banheiro, o esplendor era inexplicável. Adentrei com passos
vacilantes, fui até a pia, havia um espelho que cobria toda a parede de ponta a
ponta, olhei para o meu reflexo, eu estava horrível, cabelos bagunçado, rosto
inchado e vermelho e os lábios, machucados, havia sangue coagulado neles.
Passei as mãos trêmulas na ferida, aquele homem horrível havia me
machucado.
Meus olhos arderam, as lágrimas começaram a escorrer, apertei os olhos,
preciso pensar, não posso deixar as emoções me abalarem. Liguei a torneira
dourada, parecia ouro maciço, tudo ali tinha detalhes em ouro, percebi. Fiz
uma cuia com as mãos e peguei um punhado de água, joguei sobre o rosto
esfregando, fiz isso por várias vezes, até limpá-lo completamente. Pronto,
estava agora sem maquiagem. O lábio inferior estava vermelho e inchado,
mas com a aparência melhor.
Olhei em volta e vi várias toalhas branquíssimas em cima da pia, dobradas e
organizadas. Decidi não usar nenhuma, preferi pegar alguns papéis para
nariz, que estavam em uma caixa acrílica. Enxuguei o rosto com eles. Logo
depois, ajeitei os cabelos, meu couro cabeludo estava dolorido, fiz uma careta
ao passar a mão. Não havia nada para prendê-los, então, apenas os embolei
em um coque, talvez eles fiquem no lugar, já que estão carregados de laquê.
Estava me preparando para sair do banheiro, quando escutei a porta, meu
coração disparou, paralisei. Escutei alguém entrar, resolvi olhar pela fresta,
pé ante pé, cheguei próximo e olhei. Percebi que era uma mulher, não
conseguia vê-la por completo. Fiquei sem saber o que fazer, talvez ela me
ajudasse, se soubesse que estava sendo mantida ali sem a minha vontade.
Sem pensar duas vezes, saí do banheiro, a mulher assustou-se e olhou em
minha direção, falou alguma coisa em russo.
- Eu não entendo, me ajuda, preciso sair daqui.
A mulher, apenas apontou para a cama, onde havia algumas caixas e bolsas,
ela gesticulava e falava em russo. Em desespero, aproximei-me dela e a
segurei pelos braços.
- Ajude-me, por favor.
A mulher com o rosto horrorizado tentou puxar o braço, mas eu a segurava
forte, pedindo para me ajudar. Nesse momento, a porta foi aberta novamente,
olhei em desespero naquela direção, o homem que mais temia entrou, seu
rosto perfeito estava sério, os ombros largos, ostentava um terno elegante,
parecia que foi feito sobre medida para ele. Os olhos, azuis, assemelhavam-se
a duas piscinas congeladas.
Eu paralisei, não conseguia mover um músculo, eu não sei por que, mas todas
as vezes que vejo esse homem, não consigo ter reação. Ouvi sua voz grave
ordenando em russo alguma coisa para a mulher.
- Юбка (saia)!
A mulher imediatamente desvencilhou-se do meu aperto e saiu em disparada.
Eu fiquei parada igual uma estátua, meus olhos arregalados apenas observava
aquele homem. Ele saiu do seu lugar com passos leves, como uma pantera,
saí do meu estado entorpecido e dei alguns passos para trás. Ele, no entanto,
não veio em minha direção, seguiu até um aparador, pegou algo como um
controle remoto e apertou um botão, imediatamente as persianas das janelas
abriram-se, subindo lentamente, revelando o céu azul sem sol. A claridade do
dia entrou no recinto, já era dia, observei e eu nem tinha percebido as horas
passar.
O homem, então, sentou-se em uma poltrona de encosto alto, em um
ambiente do quarto que parecia uma saleta, cruzou as pernas, olhou para mim
e falou.
- Nas caixas há roupas e peças íntimas, escolha uma e troque de vestimenta.
Não me movi, não sabia qual as intenções daquele homem, não iria obedecê-
lo. Então, com a coragem que tirei do fundo das minhas entranhas, falei.
- Senhor... Não vou usar outras roupas que não sejam as minhas próprias,
por isso, peço que me deixe ir embora, eu e meu tio já entendemos o recado,
nunca mais trapacearemos. Se quiser, pode nos entregar a polícia, não nos
importamos.
O homem me observava como se eu fosse algo inanimado, irreal, ele me
averiguava de alto a baixo, me senti desconfortável com sua avaliação. Então
proferiu de maneira autoritária.
- Isso não é um pedido, Claire, é uma ordem, faça o que estou mandando,
não quer que eu mesmo a vista, não é pequena?
Engoli em seco, Deus! Preferia morrer a deixar que esse homem me tocasse.
Então sem saída, aproximei-me da cama e abri uma das bolsas, para meu
alívio, havia roupas confortáveis. Peguei um conjunto de moletom e calça,
rosa. Abri uma das caixas e encontrei calcinhas e sutiãs. Peguei um conjunto.
Sem olhar em sua direção, praticamente corri para o banheiro, tranquei a
porta e me encostei-me a ela, coloquei a mão no peito, meu coração batia
loucamente.
Sem demora, tirei o vestido e a calcinha, usei as novas que me serviram
perfeitamente, o sutiã também vestiu bem em meios seios. Coloquei o
conjunto de moletom que ficou perfeito em meu corpo, nem largo, nem muito
ajustado. Senti-me melhor com aquelas roupas. Agora precisava voltar para o
quarto, o meu medo era grande, mas um fio de esperança surgiu em mim. Ele
parecia que não queria me fazer mal, prensei até que iria tentar fazer alguma
coisa comigo na noite passada, mas me deixou sozinha e hoje me fez vestir
roupas comportadas. Respirei com alívio, acho que ele não levará ao pé da
letra aquela aposta, provavelmente irá mandar embora a mim e ao meu tio.
Com a esperança crescente em meu peito, saí para o quarto confiante, ele
parecia assustador, mas talvez só esteja com raiva do que eu e meu tio
fizemos. Respirei fundo e caminhei ainda um pouco vacilante, para onde ele
estava. Como sempre, aqueles olhos me avaliaram como se quisessem me
devorar, porém, estava mais confortável por estar coberta.
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- Sente-se - ele ordenou apontando para uma poltrona de frente para ele,
somente com a mesa de centro nos separando. Obedeci, sentei-me e mantive
a cabeça baixa, mãos juntas no colo. Estava muito nervosa, mas tentava não
demostrar isso. Escutei sua voz de barítono.
- Então pequena trapaceira, o que devo fazer com você e com seu tio, por
ousarem entrar no meu clube para roubar?
Levantei minha cabeça imediatamente e já comecei a suplicar.
- Senhor, eu sinto muitíssimo por tudo isso, eu estou completamente
arrependida e sei que meu tio também, o senhor pode nos entregar a polícia,
se assim o desejar.
- Polícia? Como você é ingênua, aqui, eu sou a lei, eu decido o destino de
quem é estupido o suficiente para entrar em meu caminho.
- Então, o que o senhor quer para deixar meu tio livre? Eu posso ficar e lhe
servir de alguma maneira, talvez trabalhando de graça, na limpeza ou
qualquer outra coisa.
- Eu ganhei você na aposta e não é pra trabalhar para mim.
Meu sangue gelou nas veias, ele ainda pensa que o servirei na cama por uma
noite, não farei isso. Então com toda a coragem que pude reunir falei.
- Não vou transar com você.
Com um meio sorriso, ele levantou-se, paralisei na hora, minhas pernas
ficaram pesadas, minhas mãos travaram no braço da poltrona, meu coração
acelerou. Ele aproximou-se de mim, me pegou nos braços e me fez levantar,
me abraçou e em seguida me fez olhar para ele.
- Você vai fazer muito mais do que transar comigo, se casará comigo e será
a mãe do meu filho.
A cada palavra que ele proferia, faziam com que uma dor aguda fosse sentida
em meu coração, eu não acreditava no que estava escutando, não podia ser
verdade. Eu não conseguia falar nada, tamanho era meu choque, apenas o
olhava com os olhos alarmados. Ele prosseguiu em sua fala.
- Diga-me pequena, o quanto estima pelo bem estar do seu tio?
- Muito - não conseguia falar mais que palavras monossilábicas.
- Então, para que ele saia dessa sem muitos danos, a não ser alguns socos na
cara, posso contar com a sua colaboração não é?
- Sim.
- Ótimo! Após o café da manhã. que tomaremos juntos, você irá vestir-se
como uma noiva russa e será apresentada para o clã da Bratva.. Amanhã, nos
casaremos dentro dos nossos costumes. Após a lua de mel, seu tio será
liberado e eu e você iniciaremos a nossa vida, e te garanto pequena, haverá
muito mais que uma transa entre nós dois.
Meu cérebro processava todas aquelas informações sem assimilar muito bem,
mas de tudo o que ele falou, apenas uma palavra me chamou atenção, Bratva,
meu tio havia me falado daquilo na noite anterior. Minhas penas amoleceram,
o que temia estava confirmado, ele é membro da máfia russa. Eu não podia
me casar com aquele homem, de jeito nenhum.
- Não me casarei com o senhor - falei em um fio de voz, quase inaudível.
- Tudo bem pequena, então vamos até o local onde seu tio está, matá-lo e
depois voltamos para esse quarto, onde iremos trepar e em seguida te mando
para um dos meus prostíbulos, para trabalhar lá. A escolha é sua.
Eu não tinha saída, não havia outro meio a não ser aceitar a proposta odiosa
desse homem. Com lágrimas nos olhos falei com a voz embargada.
- Casarei com você.
- Muito bem princesa, sábia decisão. Agora vamos tomar o dejejum, em
seguida oficializaremos o nosso noivado.
Não disse nada, apenas baixei minha cabeça em concordância. Ele por sua
vez, passou a mão no meu rosto e disse.
- Enxugue as lágrimas, ainda não é momento para derramá-las lyubov
(amor).
Ele me liberou e eu quase caí, porém, consegui me recompor, passei as mãos
no rosto enxugando as lágrimas, ainda não havia perdido as esperanças, de
alguma maneira conseguirei sair dessa. Não vou me entregar assim. Com essa
determinação, levantei o rosto e o encarei. Ele estendeu as mãos e disse.
- Vamos?!
- Sim.
Segurei na mão dele, que apertou a minha, o acompanhei até outra sala no
mesmo local do quarto. Havia já posta, muito bem arrumada, uma mesa.
Sentei-me na cadeira que ele me indicou. Reparei na mesa, a louça de
porcelana era pintada com tinta dourada, desconfio que fosse ouro de
verdade, assim como os talheres dourados. Todo aquele esplendor me
deixava preocupada, ele deve ter algum cargo importante dentro dessa máfia.
Não entendo como funcionam essas coisas e nem pretendo entender, apesar
de eu e meu tio trapacearmos em jogos, nunca nos metemos com criminosos.
Um empregado com uniforme entrou no recinto e serviu a refeição, apesar de
estar sem comer por horas, não sentia fome, meu estômago dava voltas de
nervoso. Porém, mesmo não querendo comer, mastiguei um pedaço de pão
adocicado.
- Deveria comer, não a quero desmaiando por aí.
- Não estou com fome.
- Você que sabe, a cerimônia de apresentação é demorada, se quer se fazer
de vítima, o problema é seu.
- Por favor, nos deixa ir embora, tenho certeza que tem dúzias de moças que
queiram casar com o senhor.
- Sinto-me lisongeado pelo elogio, porém, odeio as coisas fácies e adoro um
desafio. Você, doce Claire, se mostrou até agora um delicioso desafio, vou
adorar domá-la.
- Pois saiba que não participarei de nada, serei apenas como um zumbi
diante disso tudo.
- Acha que me importo? A primeira regra que você aprenderá é que a minha
vontade é lei. Não há ninguém acima de mim e você fará exatamente o que eu
quero que faça.
- Quem é você? - perguntei assustada.
- Sou Aleksei Markov, o chefe dos chefes da Bratva, a máfia russa.
Naquele momento, entendi que estava completamente ferrada.

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