Capítulo 15

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O sol nascera há pouco tempo, e tudo ainda estava coberto por uma fina camada de geada. O vento gelado picava o rosto de Manon como agulhas sem a proteção da capa, mas assim como todos os outros ali, ela não colocou seu capuz. Uma grande quantidade de pessoas já estava em volta de Aelin e Rowan, algumas carregando pequenas pedras, a tradição de Terrasen para os mortos.

Aos poucos, o jardim que tinha sido escolhido ficou mais e mais cheio, até por aqueles que trabalhavam no palácio, e enfim, a multidão parou de aumentar. Abraxos estava sentado em um canto a alguns metros, perto das árvores, olhando para ela.

Até os poucos sussurros eram carregados pelo vento, fazendo com que um silêncio pesado continuasse cobrindo o ambiente. Assim como seu povo, Aelin tinha uma das mãos ocupadas por pequenas pedras coloridas. Após uma longa inspiração ela começou a falar.

— Sabemos que apesar das comemorações, a última semana não é uma data feliz ou fácil para a maioria de nós. Todos sofremos perdas irreparáveis, milhares de vidas arrancadas de pessoas que as amavam, e que merecem ser lembradas. Precisam ser lembradas, porque sem o sacrifício de cada uma delas, cada pequena atitude e decisão tomada, não teríamos vencido. Eu nunca saberei quem foram todos, nem honrarei quantas pessoas deveria, mas os que eu puder, serão lembrados aqui. Não deixaremos que seus nomes sejam esquecidos. — Ela respirou fundo, com os olhos brilhantes, e Rowan pegou a mão dela. — Evalin e Rhoe Galathynius. Marion Lochan. Josefin Towers. — Ela fechou os olhos, e quando os abriu estavam focados em um canto a sua direita. — Nehemia Ytger.

Manon se lembrava daquele nome. Uma princesa, correndo pelos pântanos na visão que Elena Galathynius mostrara a elas. A realeza de Eyllwe acenou para Aelin. A rainha de Terrasen continuou.

— Brannon Galathynius. Sam Cortland. Gavriel. Kaltain Rompier. Theodus Brullo. Ress.

Manon não reconheceu os últimos nomes, mas sua atenção por algum motivo foi puxada para a frente das fileiras, onde o rei de Adarlan e a família Westfall estavam. O rosto de Dorian estava drenado de cor. E as bochechas de Chaol estavam brilhantes de lágrimas.

— Lothian Blackbeak e Tristan Crochan.

Os olhos da bruxa dispararam na direção de Aelin, mas ela já estava citando outras pessoas. Seu peito ficou pesado. Ela não fazia ideia de que a rainha sequer sabia o nome de seus pais. Precisava agradecê-la mais tarde, Manon pensou, hoje, quando fosse decidir o monumento. Chega de protelar.

De repente, o ar ficou espesso de tensão, conforme mais de um olhar na sala se voltou para ela. A rainha se preparou, mas não foi o suficiente quando Aelin citou o nome de cada uma delas.

Imogen. A que caiu primeiro
Lin.
Ghislaine.
Thea e Kaya. Juntas, como sempre estiveram
Faline e Fallon. Gargalhando enquanto caiam
Edda e Briar. Ainda atirando, ainda encontrando seus alvos
Vesta. Gritando em desafio para os céus.
Sorrel. Segurando o caminho aberto para...
Asterin. Explodindo em luz

Por mais alguns minutos, a lista continuou, mas Manon não estava ouvindo. A voz de Aelin parecia estar embaixo d'água.

— É por eles que estamos aqui, e prestaremos honra e respeito. Nós sobrevivemos. E é nosso dever lembrá-los. — ela ergueu a mão livre, e por todo o jardim lanternas com chamas azuis foram acesas.

As pessoas começaram a se dissipar, procurando lugares para deixar as pedrinhas que haviam carregado. Manon voltou para o castelo, para uma das muitas salas de jantar espaçosas, onde a corte vinha ficando até tarde da noite naquela semana. Aquela estava vazia, os únicos sons vinham da lareira que parecia ter sido acesa há pouco tempo.

𝐌𝐀𝐍𝐎𝐑𝐈𝐀𝐍- 𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora