Dorian acordou com alguém socando a porta. Ele resmungou quando ergueu a cabeça e sentiu uma pontada de dor no pescoço pela posição horrível em que estava dormindo apoiado na mesa. Os papéis que lia antes de cair no sono estavam amassados, e ele ficou feliz por ninguém tê-lo visto dormindo em cima dos documentos como um adolescente entediado com as tarefas de casa.
Seus pensamentos voltaram a velocidade usual quando as batidas rápidas e pesadas na madeira soaram de novo, lembrando o rei por que tinha acordado. Dorian se esqueceu da dor irritante no pescoço, uma lista imensa do que poderia estar errado já formada em sua mente quando ele chegou a entrada do quarto e encontrou Chaol do lado de fora.
— O que —
— Sua mãe está aqui. — O lorde disse, ofegante.
Dorian piscou. De todas as possibilidades desastrosas, aquela com certeza não tinha passado pela cabeça dele.
— Como assim aqui? Em Forte da Fenda?
— Aqui. No castelo. Agora.
Só podia ser piada.
— Como assim?
— Eu não sei. — Um segundo depois que ele bateu a porta do quarto os dois começaram a descer as escadas. Chaol respirou fundo. Ele devia ter corrido até ali para estar ofegante daquela forma. — Ela simplesmente apareceu. Nossos batedores disseram que viram um número considerável de carruagens chegando na cidade e dois minutos depois os guardas avisaram que ela estava com Hollin nos portões.
O rei massageou as têmporas.
— Deuses...
— Não existem mais deuses. — Chaol pontuou.
— Então invente outra expressão.
Apreensões que haviam ficado esquecidas em meio a tantas outras coisas para se preocupar começaram a aparecer sem parar. Quanto a mãe sabia sobre o que havia acontecido? Que boatos chegaram a Ararat? Ela perguntaria o que aconteceu com seu pai? Esperava restaurar os costumes da corte? E como ela reagiria quando…
Dorian xingou e estacou de repente, fazendo Chaol tropeçar.
— Manon está no Desfiladeiro Ferian.
Ele arregalou os olhos, se juntando a Dorian nos xingamentos.
— Ela não pode voltar?
— Ela iria no mínimo me matar se tiver vindo até aqui e eu mandá-la embora.
— E sua mãe provavelmente vai ter um ataque do coração se esbarrar com uma bruxa nos corredores.
Dorian passou as mãos pelo rosto. Precisava pensar, descobrir o que fazer mas não tinha tempo. Não era possível que a mãe realmente estivesse ali sem ter dado nenhum tipo de aviso.
Chaol apoiou uma das mãos em seu ombro e deu um sorriso preocupado para o rei.
— Se serve de consolo, nós já lidamos com coisas muito piores. — Ele conseguiu abrir um pequeno sorriso. — Agora, imagine se todos aqueles valgs soubessem que nós estamos com medo da sua mãe e de uma criança de doze anos.
— Eles também teriam medo de Hollin. — Dorian murmurou.
Os dois voltaram a caminhar, com um pouco mais de calma dessa vez, apesar de sua mente fervilhar por dentro. Mais cedo que ele gostaria, as portas da sala do trono apareceram.
Georgina perguntaria sobre a cicatriz ou iria ignorá-la? Qual das opções era pior?
Dorian mal percebeu as portas se abrindo, o caminho até o trono. Assim que se sentou, Chaol ao pé dos degraus do estrado, as portas principais se abriram e sua mãe entrou com Hollin.
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𝐌𝐀𝐍𝐎𝐑𝐈𝐀𝐍- 𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒
FanfictionCinco meses após o fim da guerra contra os Valg, uma Rainha feita de ferro tenta reconstruir seu reino no oeste, enquanto o luto e a dor da perda a consomem. Um Rei com gelo nas pontas dos dedos e magia que um dia foi infinita tenta lidar com a culp...