5. Novidade

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POV Rafaella

Eu consegui escolher a faculdade que queria cursar - Arquitetura.  Não consigo explicar a sensação que tive depois que  me matriculei no curso. Comecei a vislumbrar uma vida diferente da que sempre projetei, e nasceu em mim um certo receio se conseguiria dar conta de tudo.

Em menos de dois meses depois da conversa com Fagundes, eu mudei toda a minha rotina. Fazia a faculdade pela manhã, trabalhava à tarde, e à noite eu ficava com meu anjinho de cabelos cacheados (vou insistir em dizer que Sofia é um anjo para ver se o universo a torna mais calmaria. A menina é o próprio furacão!) e, entre uma coisa e outra, eu sempre estava estudando.

04 anos depois...

Eu estava no oitavo semestre da faculdade, faltavam só mais dois. Não poderia estar mais satisfeita com isso.

O momento era de puro entusiasmo, ainda mais porque, desde o início do oitavo período, o Senhor Fagundes conseguiu um estágio de duas horas diárias na Bicalhos.

Eu me desdobrava. Estava chegando em casa perto das dez horas da noite, isso quase todos os dias. Eu estava me sentindo cansada, mas, mesmo assim, com a sensação de poder, de ser dona do meu próprio destino.

Foi essa a rotina até que...

Era uma sexta-feira cinzenta, eu estava olhando pela janela já imaginando o frio estaria lá fora quando eu fosse embora. O dia havia amanhecido nublado e, no fim da tarde, o tempo fechou mais ainda.

Sentei em minha mesa e mais uma vez olhei para a mesa de Gabriela. Ela havia saído tinha mais de uma hora, não sei para onde, fazer não sei o quê.

Dizem, não sei se é verdade, que ela se agarra com a presidente da Bicalhos na sala da presidência.

Por falar em Gizelly Bicalho, das poucas vezes que a vi, ela passou feito um furacão pela minha mesa, dava boa tarde sem sequer me olhar direito e seguia para a sala do seu amigo, o honrado Fagundes.

Até aí normal, quem olharia para uma secretária que quase sempre estava com o cabelo esvoaçante e com pouca maquiagem? Se eu fosse lésbica, eu não me paqueraria!

Sim, mas o que falari de Gizelly? Não poderia dizer muita coisa. As informações que tinham na internet são de que ela era órfã e rica, muito rica mesmo! Fora isso, só tinha falando das premiações, honrarias e essas coisas da empresa.

Ah! Gizelly era uma mulher linda, de olhos caramelos, de cabelos longos e cacheados quase da mesma cor dos seus olhos, mas tem a cara fechada demais. Não dá nem para saber qual a coloração dos seus dentes. Acho que nunca a tinha visto sorrir.

Porém, naquele dia ela estava diferente. Estava realmente com um olhar cansado e um pouco preocupado. Sei disso porque ela passou por mim devagar, quase vinte minutos depois que Gabriela havia chegado finalmente no setor. Naquele momento, eu queria pensar em coincidências, repetia para mim "são apenas fofocas, não lhe dê ouvidos" - fiz o mantra. 

Por que me preocuparia com a atividade sexual dessas duas? - Logo esse pergunta retórica veio à minha mente.

Gizelly me olhou nos olhos e seguiu para a sala de Fagundes. Isso foi realmente uma novidade, ela tinha me visto! Só não sabia se isso era bom. Sintia que não. O dia não me parecia nada bom.

Depois de quase duas horas de conversas entre Gizelly e Fagundes, a mulher saiu da sala com a cara mais fechada que um banco em dia de domingo. Nem ousei direcionar os meus olhos para as suas costas, nem para a sua chamativa bunda, apenas tentei focar na tela do computador  à minha frente. Dei uma leve levantada nos olhos só para confirmar. Ela seguiu em frente, saiu...

Estava começando a sentir alívio, já era 18h30 e iria me arrumar para ir embora, quando Fagundes me chamou e, pelo seu olhar, minha sensação incial não estava errada - Era um dia ruim.

  Continua...

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O que será que aconteceu?




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