37. Terapia

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Pov. Rafaella

Eu tento não olhar muito para o passado, mas quanto mais eu o ignoro, mais ele me persegue. Fazia três meses que eu tinha iniciado a terapia, porém ainda não conseguia lidar com tudo que aconteceu.

Estava há mais de vinte minutos segurando o celular, observando a mesma foto na tela, onde estava a mulher mais linda que já tinha visto e, ao seu lado, a sua esposa e seu filho, pelo menos era assim que tinha na legenda da foto. Na imagem, estava a pessoa que tanto amei, aquela mesma que me fez estar sentada em uma cadeira na recepção, esperando mais uma sessão de terapia começar.

Para entender o caos que virou a minha vida, é necessário voltar para os acontecimentos ocorridos há aproximadamente um ano.

Flashback on

- Rafa, eu sou seu amigo, não estou tentando te destruir. Uma pessoa viu a Gizelly e a Ivy aos beijos na recepção do sexto andar. A pessoa não tem nada a ganhar com essa informação, acho melhor você averiguar. - Antônio repetia a mesma história após eu pedir para que ele me contasse, pela terceira vez, tudo que havia acontecido.

- Eu não consigo acreditar nisso, Antônio. Eu confio na Gizelly. - As palavras saíam da minha boca, mas, junto com elas, escorriam lágrimas que banhavam toda a minha face. Estava doendo, corroendo o meu peito a ponto de me sufocar.

- Preciso ficar só, me deixe sozinha... - Falei sussurrando, não tinha forças para lutar mais contra a vontade de gritar toda a dor que estava sentindo.

- Eu vou te deixar só, mas saiba que você tem um amigo aqui. - Antônio tocou as minhas mãos e, relutante, saiu da sala. Assim que ouvi o som da porta batendo, eu me permiti soltar todas as lágrimas que tentava segurar. Solucei, abri a boca em desespero e tentei soltar gritos, mas eles ficaram presos na garganta, onde uma espécie de nó também me sufocava.

Poucos minutos depois, respirei fundo contando de um até dez, eu precisava pensar. Tudo poderia ser apenas uma mentira e, pensando nisso, enxuguei as lágrimas do meu rosto, retoquei a maquiagem no banheiro que ficava dentro da sala. Depois de perceber que estava com a aparência minimamente aceitável, segui para o sexto andar.

Encontrei com Bianca na recepção, já fazia três meses que ela trabalhava lá, e antes que alguém pergunte porque ela não foi demitida, informo que a secretária tinha um grande poder de convencimento, principalmente por causa do seu filho Cris, que era uma criança muito simpática e conquistou o carinho de todos do prédio, inclusive o meu e o de Gizelly. Ela havia pedido mais alguns dias para encontrar um novo emprego, e dias viraram meses...

Dei boa tarde e segui para a sala da presidência, eu não precisava ser anunciada. Bati duas vezes na porta e Gizelly pediu que eu entrasse.

- Amor, você não acredita no que fiz. Você me perdoa? - Gizelly se levantou da cadeira com um sorriso largo no rosto. Eu permaneci em silêncio esperando que ela explicasse a situação.

- Eu reservei um hotel belíssimo em uma província da Itália. Marquei os voos para amanhã, e voltaremos na quinta que vem. Eu vou dizer que é a trabalho, mas na verdade será nossa lua-de-mel. - Ela falava empolgada, me enchendo de beijos no rosto. Eu tentei sorri, mas não conseguia.

- Rafa, o que aconteceu? Você está se sentindo bem? - Ela finalmente notou que eu estava angustiada.

- Gi, eu preciso te perguntar algo muito importante. Eu confio em você, mas preciso entender o que aconteceu. - Gizelly ficou parada na minha frente, apática, em silêncio.

- Sei que você não gosta de fofocas, mas infelizmente vieram me dizer que você e a Ivy se beijaram aqui, nesse andar. - Apontei para a recepção.

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