Pov. Rafaella
Gizelly era o meu par ideal. Tinha tudo que eu sequer procurei em alguém por achar impossível existir uma pessoa assim... doce, carinhosa e brava o suficiente para me fazer sentir segura, ela me defenderia de qualquer mal. Além de inteligente e absurdamente linda, Gizelly me encantava com a sua sensibilidade com os meus traumas e, aos poucos, fui me afastando de todos eles...
Eu comecei a trabalhar no terceiro andar da Bicalhos como arquiteta júnior. Passei a ter grandes responsabilidades com o projeto que já conhecia, pois tinha experiência nele como estagiária. Eu comemorei essa nova fase em um restaurante, junto com Gizelly, meus pais e Sofia...
Tive orgulho de mim quando pisei na sala que trabalharia como arquiteta... Eu estava começando a jornada para ser a profissional que tanto queria.
Era tudo inacreditável, estava presenciando a concretização de objetivos, aliás, mais do que isso, eu vivia o meu sonho.
Porém nem tudo são flores. Gizelly não estava nada feliz com a presença constante de Antônio no meu andar, mas o que eu poderia fazer? Ele era participante do projeto.
Eu deixei bem claro para a minha namorada que eu só a queria, que ninguém nunca ficaria entre nós. Sim, Gizelly me pediu em namoro pouco mais de uma semana depois da minha formatura. Ela me convidou para a sua casa e fez tudo romanticamente programado para que se tornasse impossível eu dizer não ao seu pedido, embora eu jamais negaria ser oficialmente namorada de Gizelly Bicalho.
Lembro que depois de chegar na varanda do seu quarto e de esperar o pôr do sol, às 17:17 ela me pediu em namoro. Eu sei a exata hora porque ela, depois de me servir uma taça de vinho, pediu-me para que eu olhasse o meu celular. Ela acabara de me enviar uma mensagem que, por ser um tanto longa, acreditei que ela já tinha programado me enviar. Nela estava escrito:
"Eu não sei o que é ser romântica, não sei se sirvo para isso, mas posso dizer que o que sinto por você não se assemelha a nada que eu já, minimamente, senti. Os seus olhos verdes, essas lindas esmeraldas, passaram a ser o meu espelho preferido, amo quando eles refletem o seu sorriso (eles ficam lindos apertadinhos quando você sorri), eles também me mostram o mar de paz, de amor, de tudo que faltava em minha vida. Você não me completa, você me transborda de tudo de bom. Rafaella Kalimann, eu sou completamente apaixonada por você. E veja só o que você fez comigo, me fez parecer romântica (rsrsrsrs). Eu planejo o meu futuro com você e isso já tem alguns dias, só falta saber se você quer participar dele. Quer começar a nossa caminhada oficialmente juntas? Quer ser a minha namorada?"
Eu não consegui segurar as lágrimas que escorriam pelo rosto enquanto Gizelly tentava limpar as gotas que teimavam em sair. Quando segurei um pouco a emoção, digitei em meu celular: "Será um grande prazer ser a sua namorada nesse caminho que você planejou. E para não restarem dúvidas, saiba que eu digo SIM para a sua pergunta. Eu quero participar do seu futuro. Agora me beije porque estou bem aqui, na sua frente, completamente apaixonada por você".
Depois dos beijos que declararam o nosso amor, fomos comemorar o início do nosso primeiro dia como namoradas... Fizemos amor. Parece brega descrever assim o nosso sexo, mas foi isso que senti com cada toque que Gizelly me proporcionava, eu sentia amor...
Passaram-se alguns dias, fizemos questão de deixar claro na empresa que estávamos namorando, não queria me esconder da situação e nem Gizelly. Quem mais ficou feliz com a notícia do namoro foi a minha filha. Sofia estava feliz namorando com Luana, filha de Marcela e Luíza, e dizia para todos, com orgulho, que Gizelly era a sua madrasta.
Eu evitei ir à sala da presidência por mais de um mês, sequer conhecia a nova secretária de Gizelly. Também eu não queria confundir as coisas, iria me manter profissional na empresa. Além disso, a minha namorada sempre desconversava quando eu dizia que iria em sua sala, parecia que não me queria lá, mas achava que poderia ser só minha imaginação.
Pov. Gizelly
Eu estava vivendo a melhor fase da minha vida. Ter Rafaella como namorada foi o melhor presente que o universo poderia ter me enviado. Com ela, também recebi uma enteada pela qual sentia um carinho inexplicável. Se tivesse uma filha, queria que ela fosse igual à Sofia.
Houve várias mudanças nas salas do sexto andar da Bicalhos. A Sofia saiu do andar e passou a estagiar no setor de engenharia, no oitavo. Achamos melhor fazer isso para evitar constrangimentos e confusões, não queria que dissessem que ela era privilegiada por ser filha da minha namorada. Então, como fiquei praticamente sozinha no andar, para evitar o desperdício de ambientes, comecei a obra para que parte do local virasse uma sala de estudos, outra biblioteca e local de descanso. Não iria me incomodar que outras pessoas frequentassem o andar, tinha muito espaço ali e eu também pedi para colocar divisória separando a área a ser modificada do restante do andar, que ficaria a antessala e a sala da presidência. Pensei que isso facilitaria a ida da minha namorada à minha sala quando ela desse suas fugidinhas para me ver, evitando, quem sabe, alguns comentários maldosos.
A minha sala também estava sofrendo modificações, o projeto da arquiteta foi todo planejado para que Rafaella não lembrasse de coisas que lhe desagradassem. Comprei um sofá novo e mais confortável. Troquei a mesa e cadeiras. O local estava quase pronto para ser inaugurado em grande estilo, só eu e a minha namorada.
Já tinha avisado à Sra. Moretto que Rafaella tinha passe livre no local. Mostrei uma foto dela para a minha secretária e deixei bem claro que estava muito comprometida com a minha namorada.
A Sra. Moretto era bastante reservada, mas consegui colher algumas informações pessoais e acredito que o fato dela ser casada com homem, ser provavelmente hétero, e ter um filho, vai ajudar a não fazer com que Rafaella tenha ciúme dela, embora a beleza da mulher, suas curvas e seios sejam bastantes evidentes. Esperava que Rafaella se sentisse segura com os meus sentimentos e a minha fidelidade. Tudo que eu mais queria era paz para curtir o meu relacionamento.
Estava planejando chamar Rafaella para ir a minha sala no dia seguinte, para inaugurarmos o novo ambiente. Tinha contratado buffet para o dia e já havia arrumado o local com flores.
- Sra. Moretto, por favor, venha em minha sala. - Falei ao telefone.
A minha secretária chegou rapidamente no local, sentou-se à minha frente, aguardando orientações.
- Hoje eu preciso de uma opinião pessoal, posso?
- Claro que sim, sra. Bicalho. - Falou de forma segura.
- Essas flores que estão nos vasos espalhados pela sala são bonitas ou parece que estamos em um funeral?
- Oh! - A sra. Moretto pôs a mão na boca, segurando o riso e quando não mais conseguiu, soltou uma gargalhada gostosa, do tipo que irradia, ficou difícil não rir junto.
- Isso quer dizer que errei a mão, tem muita flor aqui, não é?
- Posso ser sincera? - Falou um pouco envergonhada.
- Sim, é claro. - Respondi sorrindo.
- Eu acho que só deixaria dois vasos. Esse e aquele. - Disse apontando para o vaso na lateral da minha mesa e para outro no canto da sala.
- Oh, sim! Acredito que vai ser melhor, a sua opinião foi de grande ajuda. - Falei em tom de agradecimento. - Sabe, pedi buffet, você conhece esse restaurante? - Apontei para a tela do celular. A sra. Moretto se levantou para ficar mais perto do telefone e ver a página de internet aberta. Ela se inclinou e ficou impossível não ver o decote que mostrava os seus seios que ficaram exatamente na altura dos meus olhos.
Estava tentando desviar os olhos quando a porta da sala abriu, mostrando uma Rafaella assustada.
- Bianca, o que você faz aqui? - Rafaella olhou diretamente para a minha secretária e depois para mim.
- Por que você não me disse nada? Você acha isso certo, Gizelly? Eu não vou aceitar que aconteça outra vez. - Rafaella fechou a porta e saiu me deixando desesperada, sem entender o que estava acontecendo.
(continua)
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* Quem aí imaginou que a secretária de Gizelly era a Bianca?
* O que será que Bianca está aprontando?
* Talvez no próximo cap. terá pov. da Bianca....
* Não esqueçam de curtir e comentar!
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Mesmo Sem Entender
FanfictionQuando os traumas fazem perder a noção do que é real ou não, o amor prevalece?! Avisos: *O começo da história é um tanto tenso, mas recomendo a continuar lendo. Pode melhorar ;-) * Tem sexo e violência, mas não só isso. * É ficção.